Limetown, do Facebook Watch, originou de um podcast, de Zack Akers e Skip Bronkie, começado em 2015 e que virou um sucesso de imediato. Mais uma vez o Facebook Watch a aumentar a sua lista de ofertas estranhas enquanto continua à procura do seu estilo e do seu nicho de espectadores.
Este drama segue uma repórter de rádio que persegue um mistério antigo e sem solução que a assombra a maior parte da sua vida. A cidade titular foi fundada em 2003, no Tennessee, como uma instalação de pesquisa para os melhores neurocientistas (e as suas famílias) trabalharem em projetos secretos cuja missão final não foi revelada ao público. No entanto, passados apenas oito meses depois de se mudarem todos eles desaparecem sem deixar rasto. Este mistério, que apenas dominou brevemente as manchetes para se perder no meio de todos os outros problemas que afetam o mundo, afeta Lia Haddock (Jessica Biel) a nível pessoal, pois o seu tio Emile (Stanley Tucci) foi um dos que desapareceu.
Neste primeiro episódio, a história acontece em 2003 e no presente, alternando-os através de flashbacks (bem conseguidos) que são inseridos à medida que acontecem as descobertas e entrevistas de Lia. Este piloto, e penso que toda a série, vai ser à volta da personagem de Biel que esteve muito bem neste episódio mostrando-se constantemente stressada e revoltada. Para mim, se ela continuar assim pode vir outra vez a ser indicada para os Emmys, tal como aconteceu depois da sua performance em The Sinner.
Para além de Biel, ter um ator com o alcance de Tucci fornece um valor embutido de tal forma que se sabe que Emile vai ser importante para a história. Em todos os flashbacks que ele aparece é incrivelmente gentil, carinhoso e envolvente com Lia que é impossível não entender a necessidade que ela tem de perceber o que se passou com ele. Mas será que ele é mesmo confiável? Tucci, apenas com expressões, consegue-nos deixar na dúvida.
Um ponto a também realçar deste episódio de Limetown é o facto de ele não ter seguido o tempo de execução tradicional de uma hora por parte dos dramas, ficando reduzido a meia hora. Ora bem, isto tanto pode ser bom como mau. Por um lado, qualquer história A ou B que se desenrole fora do mistério principal nunca vai andar muito longe deste, mantendo o espectador focado no que interessa. Mas, por outro, em tão pouco tempo não vai haver literalmente espaço para expandir o mundo da história.
O seu mistério central é bastante intrigante, e o visual de uma cidade fantasma contemporânea escondendo alguns segredos perturbadores tem muito peso na nossa curiosidade e vontade de continuar. Limetown tem assim potencial para crescer muito e de seguir vários caminhos, através da sua pergunta central – o que aconteceu com eles? – pode, por exemplo, explorar os vários meios de lidar com a perda das pessoas, ou pode levar Lia a um território louco, arrepiante e de ficção científica, ou então poderia encontrar uma maneira de fazer as duas coisas. Veremos o que acontece.
Filipe Tavares