[Pode conter spoilers]
Chegou o dia do juízo final. Os adultos desapareceram e os poucos que sobraram transformaram-se numa espécie de zombies e agora cabe aos miúdos aprenderem a sobreviver sozinhos. Josh Wheeler (Colin Ford) sempre foi um outcast, mas o fim do mundo foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Para que tudo seja perfeito só lhe falta uma coisa: cumprir a sua promessa e reencontrar a rapariga dos seus sonhos.
Imaginem uma versão de Mean Girls adaptada à chamada Gen Z. Agora acrescentem-lhe um apocalipse nuclear que elimina da Terra todos os adultos. O resultado é Daybreak. Hilariante e completamente louca, Daybreak é a série ideal para quem gosta de humor auto-referencial, cenas de luta assumidamente desastrosas (e vagamente inspiradas na loucura cinematográfica de Quentin Tarantino), e do diálogo direto com o público.
Numa narrativa ao estilo de Zombieland, Josh Wheeler apresenta-nos a um mundo pós-apocalíptico em que as regras e os grupinhos da escola secundária se adaptaram à nova e violenta realidade de uma maneira tão orgânica que parece que nada mudou. Na verdade, há muitos momentos em que Daybreak pouco diverge de uma série adolescente normal e nos relembra, da melhor forma possível, da selvajaria que é a vida de liceu.
Na pele de Josh, Colin Ford (que os mais seriólicos reconhecerão como o jovem Sam de Supernatural) mostra-nos a sua nova vida. Apesar de continuar isolado, Josh está a dominar o apocalipse. As suas survival skills permitem-lhe manter-se seguro e evitar os gangs rivais que se foram formando, e aproveitar todas as vantagens do apocalipse: Ferraris, relógios de luxo, espadas samurai, jarros gigantes de Nutella! Josh tem tudo o que quer, com excepção de uma coisa: a miúda dos seus sonhos. A sua missão principal e a única coisa que realmente lhe interessa, é reencontrar Sam Dean (os mais seriólicos poderão apreciar a ironia), a rapariga que ele deixou escapar durante a queda das bombas e que prometeu encontrar. Para conseguir cumprir o prometido, Josh acaba por se aliar a Angelica (Alyvia Alyn Lind), uma genial e perigosa miúda de 10 anos, e Wesley Fists (Austin Crute), um dos seus antigos bullies que o apocalipse transformou num samurai pacifista.
Muito à semelhança do próprio Josh, a série acaba por funcionar melhor com três protagonistas. Apesar do talento de Ford, o início do episódio, em que ele ainda se encontra sozinho, é sem dúvida o momento menos interessante. Daí para a frente, o desenrolar da acção e o aparecimento de Angelica e Fists cria um crescendo de intensidade que culmina no final do episódio e nos deixa mortinhos por saber o que vem a seguir.
Com um estilo completamente alucinado, Daybreak é das séries mais divertidas que vi surgir nos últimos tempos e é a escolha perfeita para um fim de semana de binge-watching. Quanto ao cliffhanger do fim do piloto, eu cá já fui espreitar o resto. E vocês?