Avlu – 01×01 – 1.Bölüm
| 18 Out, 2019

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Avlu é uma série turca que teve bastante sucesso no país de origem e que agora nos é trazida pela Netflix com uma divisão de episódios diferente da original. Na Turquia, a série passava em episódios de cerca de duas horas, enquanto na Netflix teremos episódios de cerca de 40 minutos. Serão estes primeiros 40 minutos que irei analisar nesta reviewAvlu passa-se numa prisão diferente de todas as outras, destinada apenas a mulheres, e retrata a vida das reclusas que nela habitam, tendo como personagem principal Deniz, uma mulher que é enviada para lá depois de ter dado um tiro no marido, de quem  era vítima de violência doméstica.

O episódio começa com a imagem da filha do casal, Ecem, a chorar no seu quarto ao ouvir o pai a bater na mãe. Os gritos à distância são assustadores e toda a cena nos consegue puxar para aquele ambiente de medo e violência. Toda a sequência inicial é lenta e violenta, o realizador decidiu demorar o seu tempo a retratar o sucedido. Desde o episódio de violência doméstica, ao tiro, à chegada da Polícia, tudo isso nos é dado sem pressas, permitindo-nos entrar mais profundamente no clima de tensão e ansiedade que as personagens estão a viver. Com a panorâmica sobre a cidade, as sirenes da Polícia começam a ouvir-se à distância e vão aproximando-se cada vez mais, até que começamos a ter um vislumbre dos carros e vamos seguindo a comitiva até ao prédio onde Deniz vive. A fotografia está muito bonita nesta parte, mas, ao mesmo tempo, sentimos a aflição de quem está à espera, pois os carros da Polícia demoram a chegar, exatamente como se o incidente tivesse acontecido na vida real.

O episódio vai bem encaminhado, a cena perturbante de Deniz querer falar com a filha e a tentativa de fuga gravada juntando a câmara lenta e a velocidade normal da câmara dá um dramatismo extra a toda a cena. A dor daquela mulher é real e ela não merece estar ali.

A imagem que nos é dada da prisão é dura, há grupos, há líderes e os mais fracos têm muitas vezes de se rebaixar para sobreviverem. Já se percebeu toda a rivalidade que existe e que os dias de Deniz naquela prisão não serão fáceis. O mais interessante daqui para a frente será ver a evolução da personagem, que terá de ganhar outra força se quiser sobreviver naquele meio.

O realizador demora o seu tempo em todas as cenas, utilizando a imagem e a capacidade de os atores transmitirem emoções falar por si só. Esta é uma mais-valia para a série e não se torna aborrecido, nem o espectador fica impaciente à espera da cena seguinte.

O tema da violência doméstica é hoje em dia muito falado, mas numa sociedade, como a sociedade turca, penso que ainda existe muito machismo e a ideia de que a mulher tem de se submeter às ordens dos homens. Acho que ninguém sabe que Deniz sofria de violência doméstica e a reação da filha, que lutou anteriormente para proteger a mãe das agressões do pai, no quarto de hospital, vendo o pai a lutar pela vida, é ainda mais perturbadora. Ecem está a chorar pelo pai, a pedir que ele sobreviva, como se ele fosse a pessoa mais querida e bondosa do mundo, o mesmo pai que ameaçou matá-la horas antes. As vítimas têm sempre simpatia e gostam do agressor e pensam sempre que ele vai mudar e isso é aqui demonstrado. Estou com curiosidade para ver a sua reação em relação à situação em que a mãe se encontra, parte essa que não foi abordada no episódio.

Em suma, este episódio-piloto pareceu-me ser uma base sólida para uma história que pode ser contada e realizada de forma inteligente e interessante, ao mesmo tempo que nos mostra a dura realidade da vida nas prisões.  Os desempenhos dos atores foram sólidos e só posso esperar que esta qualidade se mantenha no resto da série. Estou curiosa para ver os próximos episódios e a forma como vão conseguir manter a história interessante ao longo de toda a temporada.

Cláudia Bilé

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