Bless the Harts é uma série de animação que segue um grupo de habitantes do sul que estão sempre falidos e a lutar pelo sonho americano de terem estatuto e riqueza. Não se apercebem é que já são ricos – em amigos, família e risos.
Começo já por dizer que foi difícil concentrar-me, tive de parar e voltar atrás várias vezes, o que num episódio de 20 minutos não é bom sinal. Não consigo perceber bem o porquê, mas não me prendeu a atenção, talvez por ser mais uma série de animação com as mesmas fórmulas de sempre e não trazer nada de novo como, por exemplo, Rick and Morty ou Big Mouth (ambas séries de animação que adoro e recomendo).
Como não gosto de ser aquela pessoa que quando não gosta apenas fala dos pontos negativos, vou focar-me nas coisas de que realmente gostei para ver se alguém se interessa o suficiente. Embora algumas das piadas sejam um pouco passadas de moda (exemplo: quando se discute a pronúncia da palavra meme), a série não caiu no erro de fazer piadas fáceis e “estúpidas” (no sentido em que acabam por insultar um grupo de pessoas). Em vez de ir por esse caminho, a maioria das piadas são inteligentes e progressistas com uma pitadinha de sarcasmo – que não vou negar adorar. Ainda assim falta a carga de humor normal de uma série deste estilo.
Quanto às personagens, foram bem introduzidas, se bem que de forma subtil. O espectador chega in media res. Não parece algo forçado, parece que as personagens já existiam antes deste episódio e tudo o que se retira das suas relações e personalidade é quase sempre de forma indireta. Pareceu-me que serão bastante básicas, mas nem por isso cairão em estereótipos tradicionais. Jenny Hart é sem dúvida a personagem de quem mais gostei, pois mostra que existe um lugar no mundo do empreendedorismo e da economia reservado para a mulher. A presença de Jesus parece que será algo recorrente que, sinceramente, ainda não deu para perceber a necessidade – só espero que tal não seja mal interpretado. Não sendo de todo uma área na qual tenha muitos conhecimentos, gostava ainda de dar um ponto positivo à animação por estar bem feita e ser cativante.
Não vou negar que a premissa é fofinha e que talvez me apaixone pelas personagens se continuar a ver a série, mas o piloto não serviu para isso – e sinceramente, não sei para que serviu, visto que não fiquei com muita vontade de ver o próximo episódio. Como piloto, não exerceu a sua função. Talvez esteja a tirar a oportunidade a Bless the Harts para mostrar o que realmente vale, mas não recomendo.
Ana Leandro