[Contém spoilers]
Myfanwy Alice Thomas (Emma Greenwell) acorda rodeada de cadáveres e sem memória de quem é ou de como ficou nesta situação. No bolso encontra duas cartas que parecem ter escritas por si própria e que contêm informações-chave sobre a sua situação. Myfanwy descobre que está a ser perseguida por uma entidade misteriosa e que tem uma escolha importante a fazer: fugir ou tentar desvendar o mistério do seu passado.
Uma coisa que The Rook faz muito bem desde o início é estabelecer visualmente a história. Não só temos a cidade de Londres como pano de fundo, como temos um ambiente sombrio e misterioso que nos prende a atenção desde o primeiro segundo e combina perfeitamente com o tom da série. Aliás, em casos como este, em que tudo é uma incógnita, são estas pistas visuais, em conjunto com a banda sonora, que definem o tom da série e The Rook é definitivamente enigmática e aliciante. A tensão que emana de Myfanwy e o mistério que a rodeia são suportados pelo suspense da banda sonora e pela iluminação escura que parece envolver Myfanwy numa constante bruma. Este efeito é entretanto quebrado, quando Myfanwy é forçada a confrontar-se com a sua antiga vida e os tons claros e transparentes nos inundam o campo de visão, ofuscando-nos e criando a sensação claustrofóbica de que não temos onde nos esconder.
Apesar da conspiração que envolve toda o plot ser, desde o início, um absoluto enigma, The Rook mantém-nos colados ao ecrã precisamente porque nos coloca na posição da personagem. Querer desvendar este mistério torna-se uma questão quase pessoal. Temos a sensação que, como Myfanwy, temos de saber o que se passou, fugir não é uma opção. Para mim, é esta intensidade que faz a série interessante. Especialmente porque está muito bem sustentada por um leque de personagens que promete ser muito interessante.
No contexto do aspeto mais sobrenatural da série, ou seja, em tudo o que envolve a Checquy, a agência de serviços secretos para que Myfanwy trabalha e que lida com eventos fora do vulgar, temos uma analogia muito clara ao jogo de xadrez. Myfanwy, cujos poderes (ainda por definir de forma clara) podem ser utilizados como arma, é uma “torre”, o que levanta uma questão interessante sobre as capacidades dos outros membros da equipa como 0 “rei”, a sua chefe e mentora Lady Farrier (Joely Richardson).
No geral, é uma série ambiciosa que nos desperta a curiosidade e nos faz exigir mais informação. Infelizmente o primeiro episódio ainda não explora nenhum aspeto particular em detalhe, mas assim como Myfanwy terá de redescobrir toda esta realidade, também nós começaremos a perceber mais. Fico à espera do próximo episódio. E vocês?
Raquel David