Star Trek: Discovery. Wow.
Posso começar por confessar uma coisa? Sempre achei imensa graça ao universo Star Trek. Vi as primeiras temporadas com William Shatner (não vi tudo, não fiquem a pensar que sim!) e, apesar da distância enorme de produção entre a estreia de Star Trek e os dias de hoje, adorava aquilo!
Vi os filmes. Amei.
Agora, vi os dois primeiros episódios de Star Trek: Discovery e estou rendida.
Estou rendida desde o minuto um – começando logo pela rendição Klingon com que o primeiro episódio começa até à desconstrução do estereótipo de ‘homens em posição de poder’ quando tanto o capitão como o primeiro comandante desta nave são mulheres. A comandante Michael Burnham parece ser a personagem principal desta tramóia: uma humana que foi adotada pelos Vulcanos, especialmente sendo acompanhada pela liderança de Sarek (pai de Spock). Quando cresce, Burnham tem a oportunidade de fazer parte da Starfleet, viajando na companhia da Capitã Georgiou a bordo da nave Shenzhou.
Passa-se quase uma década e, na companhia do resto da equipa, a Capitã e a Comandante tornam-se amigas. Ou tão amigas quanto uma educação Vulcana pode permitir, digamos.
A primeira abordagem a Burnham define muito cedo que a comandante vive na divisão clara de lógica vulcana versus as suas emoções humanas e as relações interpessoais do ponto de vista humano. Enquanto que Michael quer deixar Sarek orgulhoso, também se vê assombrada pela sua humanidade.
Após uma missão da Shenzhou, esta equipa vê-se na presença de um objeto não identificado no espaço que decidem investigar. Quando Burnham se aproxima, apercebe-se que é uma torre enorme, desenhada, linda. Assim como assim, nada como dar de caras com um Klingon enquanto explora, não é? E nada como matar o Klingon e dar início a uma guerra declarada com os Klingons! Viva a comandante Michael Burnham!
O passado de Burnham faz com que, quando ela se apercebe que o objeto não identificado é Klingon e que é uma clara declaração de guerra da parte deles, se deixe consumir pela emoção e pelo trauma de ter perdido toda a sua família às mãos daquela espécie e começa a ter uma atitude errática a bordo da nave. Comunica com o seu mentor Sarek, que lhe diz que a única forma de manter os Klingons na linha é ser o primeiro a atacar e decide implementar a lógica Vulcana numa nave cheia de humanos. É óbvio que não funciona bem e Burnham é forçada a afastar-se da missão diplomática que a sua amiga e capitã quer levar a cabo.
São Klingons. Desde quando é que a diplomacia funciona com os Klingons?! Ai..
Bom, troca puxa baldroca e na tentativa de resolver o problema, a Capitã Georgiou decide invadir o espaço Klingon para capturar o líder da rebelião Klingon de forma a mostrar subversão e poder pela parte da Starfleet. Corre-lhe mal. Georgiou morre (ou assim fica a ideia) e assim morre também o líder da rebelião Klingon, que se torna num mártir. Em vez de travar a horde Klingon, este ato apenas a potenciou.
Assim Burnham quando regressa a Starfleet depois de ter perdido a sua amiga e o combate contra os Klingon, é posta na prisão.
Está ditada a sentença da série: os Klingons estão a reunir o seu império e não vão ficar calados em relação ao domínio que a Starfleet tem no espaço; Michael Burnham vai estar na linha da frente nesta batalha – porque obviamente que a vão libertar, certo? A Starfleet tem aí um bico de obra com que lidar!
Confesso que fiquei apaixonada. Só me apetecia que tivessem saído mais episódios. Desde os incríveis efeitos especiais, à rendição de cada personagem, ao próprio argumento… Parecia uma criança a ver aquilo! Meu Deus!
De qualquer forma, esta é uma série para nicho. Quem não conhece minimamente Star Trek e decidir ver esta série vai ficar muito perdido. Não há introduções das funções das personagens, de quem é quem, é esperado que quem esteja a ver já o saiba. Esta série pretende ser uma continuação, um spin-off (digamos assim), de tudo o resto que já aconteceu no universo Star Trek.
Eu adorei, fãs de Star Trek vão adorar. Talvez quem não goste de Star Trek acabe por encaixar esta série em ‘mais uma’ mas eu cá adorei. Nota dez!
Joana Henriques Pereira