Já chegou mais uma série inspirada no universo DC Comics! A mais recente série da FOX acompanha Lucifer, o anjo caído, que decide abandonar a monotonia do inferno e recomeçar uma nova vida em Los Angeles.
Foi em agosto que saiu o piloto de Lucifer, mas ainda não se sabia se era o episódio oficial, daí termos esperado pela data de estreia para a saída desta review. Curiosamente, das dezenas de séries que estavam/estão programadas para esta fall season, Lucifer manteve-se tímida entre as restantes, algo incompreensível já que se trata de uma série da FOX.
Milhares de anos no inferno a comandar demónios e almas atormentadas afinal é um trabalho monótono. Lucifer Morningstar (Tom Ellis) que o diga! Numa versão completamente diferente daquilo a que estamos habituados, Lucifer não se apresenta como um ser malvado e lança as sementes de que o seu posto de senhor do inferno pode ter sido algo arquitetado por Deus. Parece que temos aqui mais uma teoria da conspiração em bruto… Deus necessitava de alguém a comandar o inferno e escolheu um dos seus anjos preferidos.
Dono de um humor negro inteligente, muito ao estilo britânico, Lucifer segue um estilo de vida muito americano: tem um negócio, um carro clássico com uma matrícula original e apresenta uma pitada de egocentrismo. Logo na cena inicial podemos assistir ao poder que Deus lhe deu: Lucifer consegue que todos lhe confessem os seus desejos mais íntimos, fazendo destes momentos as cenas mais cómicas de todo o episódio. Lucifer vai em excesso de velocidade quando é parado por um polícia da brigada de trânsito. Além de o fazer aceitar um suborno, fê-lo confessar que gosta de ligar a sirene só para conduzir a alta velocidade.
Assim que chega ao seu bar-discoteca, percebemos que se trata de um local muito requisitado. Ficamos ainda a saber que Lucifer não saiu sozinho do inferno… trouxe consigo Maze, uma demónia de uma casta superior descendente de Lilith. Tudo correria bem, não fosse a chegada de Amenadiel, um dos anjos de Deus, que traz um ultimato: Lucifer tem de regressar ao inferno para comandar as hordas de demónios e de almas atormentadas, caso contrário, algo de muito mau pode acontecer. Além de se ter tratado de uma das poucas cenas mais sérias do piloto, temos aqui um elevado potencial sobrenatural que poderá ditar o sucesso da série, embora me pareça que não é este o caminho escolhido pelos guionistas.
Quando Lucifer está a sair, eis que surge Delilah, uma superestrela que singrou no mundo da música graças à influência de Lucifer. A conversa entre estes dois demonstra-nos um anjo bondoso, cuja principal preocupação é o bem-estar da sua amiga. Mas o pior acontece e eis que Delilah é alvejada e acaba morta. Esta morte é o mote para a temática da série: Lucifer torna-se assistente da polícia para ajudar a caçar criminosos.
É durante a investigação criminal que ficamos a conhecer Chloe, uma mulher polícia imune aos poderes de Lucifer, e o seu ex-marido Dan, também detetive. Chloe fica desconcertada com Lucifer, mas vai aceitando a sua ajuda. Quando Chloe leva Lucifer à escola para ir buscar a sua filha, temos uma das cenas mais cómicas da série… alguém que explique à Trixie o que é uma prostituta! O que me fartei de rir com este humor altamente impróprio!
Como seria de esperar, e seguindo as linhas das séries tipicamente policiais, tivemos um caso por episódio. Esta situação, a meu ver, é o ponto fraco da série… as séries de um caso por episódio, na sua generalidade, não têm tido grande expressão. Ainda neste tema, Lucifer segue de perto as linhas orientadoras de Forever, onde tínhamos uma pessoa imortal a auxiliar a polícia a desvendar casos complexos. Não nos esqueçamos que Forever não passou da primeira temporada e como Lucifer nada traz de inovador, arrisca-se a ir pelo mesmo caminho.
Em suma, temos um excelente elenco e uma banda sonora espetacular. Quanto ao enredo, como já mencionei, parece-me que, tendo um caso por episódio, as audiências vão descer drasticamente. Por outro lado, da parte da exploração da temática sobrenatural, sobre a ausência de Lucifer do inferno, poderemos ter uma agradável surpresa.
Rui André Pereira