[Pode conter spoilers]
Após uma breve pausa, Legacies regressa com I Couldn’t Have Done This Without You, o nono episódio desta nova temporada, que lança assim a sua segunda metade.
Este novo episódio marca o regresso do Necromancer à série. Após ser libertado por servir a Malivore, a vida de Necromancer muda por completo quando este se vê humano e sem poderes. Entretanto, Hope tenta reparar a sua relação com Josie ao oferecer-se para a ajudar a descobrir mais sobre a ampulheta. Por fim, Alaric recruta Landon para o ajudar a determinar se Sebastian representa uma ameaça para a escola.
De forma pouco sensata, I Couldn’t Have Done This Without You tem como personagem principal o único e incomparável Necromancer, não no típico formato de “monstro da semana” a que estamos já acostumados, mas sim como um personagem que tem a sua própria história, a qual ocupa uma porção considerável do episódio. Descobrimos várias coisas sobre o que o personagem tem feito desde a sua última aparição na série – muitas das quais, certamente, terão importância em episódios futuros – incluindo a identidade do seu “cúmplice”.
Tendo em conta que este episódio marca o início da segunda metade desta temporada de Legacies, ter um personagem que não os principais a ocupar tanto do tempo de antena não me parece ter sido a melhor das ideias. Parto do princípio que, tal como eu, muitas são as pessoas que veem a série pelas personagens principais e suas narrativas, e não por personagens como o Necromancer. Pessoalmente, foram vários os momentos em que me senti aborrecida, no decorrer deste episódio, e a grande maioria deles em relação a este personagem. Definitivamente não é aquilo com que estava a contar após um mês de espera, mas enfim.
Por sorte, tudo o resto salvou o episódio. A relação entre Hope e Josie voltou a ser destacada, relembrando o porquê de gostar verdadeiramente da série. Não são os monstros nem sequer os poderes das nossas personagens que fazem a série, mas sim a relação que têm umas com as outras e a forma como se entreajudam e crescem em conjunto. Ver os nossos vários protagonistas novamente em bons termos depois de terem passado por fases atribuladas é bastante reconfortante – e, claro, o pequeno vislumbre de Dark Josie deixa qualquer um ansioso por novos episódios.
Agrada-me, também, o facto de este episódio mostrar ser possível continuar a explorar Landon e Hope enquanto personagens para além da sua relação um com o outro. Ainda que mantenha a minha opinião de que os dois saltaram de novo para esta relação depressa demais, aprecio o facto de nem todas as suas cenas serem em conjunto e de serem capazes de se relacionar de forma natural com outras personagens.
Um pequeno apontamento que não me passou ao lado neste episódio foi a menção de Crisis on Infinite Earths por parte de Lizzie e MG. Apesar de os personagens se estarem a referir à banda desenhada, é bastante claro que os escritores da série resolveram referir o evento crossover mais falado da história do canal. As palavras de Lizzie sumarizam de forma quase perfeita a experiência que foi Crisis, e definitivamente foi um dos meus aspetos favoritos do episódio.
Antes de passarmos novamente para aspetos que achei menos positivos, tenho ainda que mencionar a gradual emancipação de MG em relação a Lizzie. Sempre gostei da relação entre ambas as personagens, mas agrada-me que MG continue a afastar-se de Lizzie e a mover-se na direção de Kym. A verdade é que o personagem merece melhor do que aquilo que Lizzie está disposta a dar-lhe de momento, pelo que fico feliz em vê-lo a explorar outras opções. No entanto, aquilo que realmente gostei neste episódio no que diz respeito ao vampiro foi o facto de a série abordar novamente a natureza de MG enquanto ripper, assim como a intervenção de Sebastian para o ajudar.
Por sua vez, Sebastian aparece neste episódio como um personagem polarizante. Se são várias as instâncias em que o vampiro aparece como uma presença deveras agradável, mais frequentes são aquelas em que é completamente detestável. Acredito que os escritores venham a jogar com a possibilidade de o seu mau comportamento ser derivado de pensar que não merece algo de bom, mas, por agora pelo menos, continua a ser alguém por quem não nutro grandes afetos, muito menos no que diz respeito à sua relação com Lizzie.
De volta a aspetos mais negativos, tenho que expressar novamente a minha preocupação com o facto de a série continuar a adicionar novas personagens ao seu repertório sem parecer saber muito bem o que fazer com estas mesmas personagens. Não só isto, mas estas parecem ocupar cada vez mais tempo dos episódios e ter cada vez mais importância quando em comparação com o elenco principal, algo que não me agrada particularmente. A mais recente adição, Alyssa Chang (Olivia Liang) parece ser uma substituta de Penelope Park, o que certamente não cairá bem a muitos fãs – certamente não me caiu bem a mim.
Por fim, a timeline de Legacies continua a aparecer como um problema constante. À semelhança do que aconteceu com The Vampire Diaries, as restantes séries de Plec parecem ter bastantes problemas em seguir uma linha temporal, algo que se torna claro para os fãs mais atentos. Se a temporada anterior teve lugar quase exclusivamente no mês de março (aquando o aniversário das gémeas e aparecimento do Necromancer) e, segundo o episódio anterior, a série encontra-se agora perto do mês de outubro, então é praticamente impossível que o início dos flashbacks de I Couldn’t Have Done This Without You tenham lugar um ano antes da ação que está a decorrer agora. São pequenos detalhes, sim, mas acabam por fazer a diferença.
Inês Salvado