Smallfolk, o sexto episódio da 2.ª temporada de House of the Dragon, que já se encontra disponível na Max, ficou aquém do esperado para um dos últimos da temporada. O fim está próximo e, depois de tão bons episódios no meio, este pareceu um retrocesso, numa altura em que se desejava avanço. Pegou sobretudo na ótima questão levantada no final do anterior e usou isso como motor, umas vezes de forma direta, outras com pequenos apontamentos. Afinal, quem pode montar os dragões que podem fazer a guerra mudar de rumo?
Toda a trama de Daemon (Matt Smith) está a tornar-se seriamente cansativa. Apesar de um arco potencialmente promissor, a narrativa parece estar a arrastar-se. Daemon passa por uma jornada pessoal intensa, é verdade, mas a sua estagnação começa a frustrar. Num episódio está a dizer que vai ser Rei, no outro chora a pedir ajuda. Não se percebe qual o objetivo real: humanizá-lo? Dar-lhe camadas? Muito bem, mas já não o fizeram? Com a guerra a desenrolar-se, as suas alucinações e a falta de ação parecem desconectadas do resto da narrativa. Espera-se que este desenvolvimento traga frutos relevantes para justificar o tempo investido, mas estou a ficar com sérias dúvidas de que seja algo tão superior para justificar todo este tempo investido.
O povo, o Smallfolk que dá nome ao episódio, finalmente demonstra o seu poder em House of the Dragon, especialmente em King’s Landing. A sequência, desde a faísca no bar até à chegada dos navios, sugere que o apoio popular pode ser decisivo na guerra, oferecendo um aviso sério aos Verdes e, como já tinha referido numa crítica anterior, pode residir aqui uma peça central no jogo de Rhaenyra (Emma D’Arcy). A arrogância de Alicent (Olivia Cooke) e Aemond (Ewan Mitchell) é notória. Alicent continua a ser subestimada, enfrenta os mesmos desafios que Rhaenyra por ser mulher, mas continua a agir muito surpreendida por isso, tanto no Conselho como nas ruas, como se ela, uma personagem tão inocente, merecesse tudo aquilo pelo que está a passar… Aemond, por outro lado, torna-se cada vez mais confiante. A sua determinação é evidente, mas também é uma espada de dois gumes. Apesar das dificuldades que enfrentou no passado, nada parece justificar completamente a sua postura. Não se trata apenas de história, mas de caráter. Ao contrário de personagens cinzentos que despertam empatia, Aemond posiciona-se claramente como um vilão e está a pavimentar o caminho para a sua própria ruína, segundo me parece.
Rhaenyra enfrenta desafios significativos. Apesar de ter dragões, a falta de montadores e o afastamento de aliados dificultam o seu sucesso. A sua aposta em Mysaria (Sonoya Mizuno) começa a mostrar resultados, mas as suas chances parecem cada vez mais reduzidas e ela admite em voz alta, pela primeira vez, que não vê modo de conseguir ganhar a guerra. Não estava à espera de que o envolvimento delas tomasse este rumo, no entanto, fiquei surpreendido com este volte face da narrativa.
Este episódio, no entanto, centra-se nas possibilidades em torno dos dragões e dos seus montadores, como referi acima. Vários candidatos surgem, incluindo Rhaena (Phoebe Campbell), que surpreendentemente voltou a estar na equação, quando já não se esperava, ou terá sido aquela cena apenas um despiste? Em King’s Landing, mostraram-nos subtilmente tanto Hugh Hammer (Kieran Bew) como Ulf, the White (Tom Bennett), e, por fim, os dois filhos bastardos de Corlys (Steve Toussaint), que foram outra surpresa, pois nunca tinha olhado para eles nessa perspetiva. Tendo plantado todas estas peças, quem será afinal o montador de dragão que se vê na última cena? Creio que será Addam of Hull (Clinton Liberty), um dos bastardos, que vimos naquela situação delicada com Seasmoke. Estas incertezas são sempre bem-vindas, criam entusiasmo e vontade de ver o que aí vem, que é exatamente o que é suposto suscitar.
Com apenas dois episódios restantes, espera-se um final grandioso que faça jus aos momentos excelentes da temporada. A série precisa agora de equilibrar o desenvolvimento de personagens com eventos decisivos para ter um final satisfatório. Deste episódio de House of the Dragon, Smallfolk, ficam sobretudo as surpresas, dando um bom indicador de que eles ainda têm esse fator neles, perspetivando (ou com esperança, pelo menos) dois episódios finais explosivos.