House of the Dragon – 02×03 – The Burning Mill
| 02 Jul, 2024
9.5

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The Burning Mill, o terceiro episódio da 2.ª temporada de House of the Dragon, mostrou-se uma peça fundamental na construção da narrativa, repleto de cenas bem elaboradas, diálogos afiados e sequências de ação intensas. Este episódio destacou-se pela movimentação de várias peças no tabuleiro, girando em torno do tema da desconfiança, particularmente sobre a influência de Aegon e a sua insegurança, contrastando-o com o lendário Aegon, o Conquistador. Aegon II (Tom Glynn-Carney) é mostrado como um personagem altamente influenciável e distante do respeitado conquistador de quem herda o nome. A sua insegurança é palpável, refletida na sua necessidade de humilhar os outros, como fez com o seu irmão Aemond (Ewan Mitchell), numa tentativa de mascarar as suas próprias fragilidades. Esta dinâmica complexa demonstra a luta interna de Aegon para encontrar respeito e autoridade, algo que ele falha em conquistar tanto junto das suas tropas quanto dos seus próprios familiares.

A guerra entre os Blackwood e os Bracken serve como uma metáfora direta para a iminente guerra civil entre os Targaryen. Este conflito menor espelha as tensões maiores e inevitáveis que cercam a família real, proporcionando um vislumbre do caos e destruição que se avizinha. A resolução desta rixa funciona como um aviso sombrio para o destino dos Targaryen. Vimos este tema de tensões repetir-se entre as irmãs Velaryon, reforçando ainda mais a instabilidade e desconfiança que permeia as relações familiares e políticas.

Rhaenys (Eve Best) continua a destacar-se como uma das personagens mais esclarecidas da série. A sua fala no final do conselho, após a saída de Rhaenyra (Emma D’Arcy), exemplifica a sua perspicácia e entendimento profundo da situação política. A capacidade de Rhaenys de ver além das aparências e compreender as verdadeiras motivações e perigos que cercam a família real só acrescenta à narrativa, parece que funciona como os nossos olhos na série. Este episódio ilustra não só a guerra entre os Verdes e os Negros, mas também as rivalidades dentro dos próprios partidos. Entre os Verdes, há uma falta de coesão, com desconfianças mútuas. Da mesma forma, os Negros também não são imunes a essas divisões internas. Nem Aegon nem Rhaenyra estão preparados para governar, ambos demonstrando nervosismo e insegurança, o que se reflete nas suas ações e decisões

Este episódio de The House of the Dragon foi também recheado de apontamentos interessantes como por exemplo os ovos de dragão apresentados que levantam questões intrigantes: seriam os mesmos que aparecerão mais tarde em Game of Thrones? Este seria o início do seu “desaparecimento”, para ressurgirem mais tarde para Daenerys (Emilia Clarke)? Além disso, a importância futura do bastardo Targaryen desperta curiosidade, assim como a cena onírica de Daemon (Matt Smith), que me deixou a questionar se foi um sonho ou delírio, possivelmente causado por envenenamento, depois da ótima cena em que lhe foi assegurado que não o iriam fazer. Ser Criston Cole (Fabien Frankel) mostra a sua presença de espírito ao salvar os seus companheiros de um destino terrível, provando que até as pessoas mais horríveis podem ter momentos de lucidez e bravura. Este ato ressalta as nuances e complexidades que fazem de Criston uma personagem interessante, contrastando com expectativas prévias em relação ao recém-chegado irmão de Alicent, que se esperava desafiar a sua posição e acabou por ser salvo por ele. Um aparte para ressaltar o excelente trabalho visual destas cenas.

No entanto, nem tudo foi desconfiança e tensão. Houve também momentos de estreitamento de laços, como entre Rhaenyra e Mysaria. Este desenvolvimento confirma que Rhaenyra está realmente a tentar usar meios alternativos para ganhar a guerra. Embora a guerra seja travada obviamente com exércitos – um ponto lógico e fundamental, visto que ambos os lados reconhecem a necessidade de ganhar Harrenhal como peça central para a vitória -, também pode ser travada através de murmúrios e ganhando a confiança do povo que se deseja governar.

A cena final é um exemplo de escrita, realização e atuação de alta qualidade. A série consegue ligar o fim do primeiro episódio com este, utilizando as chamas bruxuleantes como pano de fundo para uma revelação crucial. A expressão de surpresa de Rhaenyra ao juntar as peças do quebra-cabeças e o semblante de Alicent (Olivia Cooke) ao perceber que iniciou todo o conflito por um mal-entendido são momentos poderosos. Alicent, na sua teimosia, recusa admitir o seu erro, compreendendo que nada mudará o curso dos eventos já desencadeados e serviria apenas para enfraquecer ainda mais a sua posição.

Em suma, este terceiro episódio de House of the Dragon, The Burning Mill, foi um turbilhão de emoções, intrigas e desenvolvimentos significativos. Depois de um episódio não tão bem conseguindo, voltou à velha forma e que assim se mantenha.

House of the Dragon - 02×03 - The Burning Mill
9.5
9.5
Interpretação
9.5
Argumento
9.5
Realização
9.5
Banda Sonora

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