The Lord of the Tides é capaz de ser o melhor episódio de House of the Dragon até agora. Se me custou um pouco a habituar aos saltos temporais e à passada lenta dos episódios, admito que ou já me habituei, ou então os episódios têm vindo a melhorar. Realmente, têm sido repletos de eventos.
Neste episódio podemos dar as boas-vindas a mais uma fornada de atores, pois seis anos passaram desde toda a tensão do episódio passado e as nossas crianças cresceram. A única escolha que me incomodou foi mesmo Tom Glynn-Carney enquanto Aegon. Nada contra o ator ou a sua prestação. Simplesmente, Aegon parece ser mais novo do que Aemond. Adicionalmente, como o próprio Aegon já era um adolescente, não achei esta versão adulta parecida à anterior. Já Ewan Mitchell enquanto Aemond parece-me um pouco velho, mas a nível de aparência e de representação julgo que está perfeito. Aliás, a sua prestação acabou por ser mesmo das minhas partes preferidas do episódio. Para finalizar, tanto os filhos de Rhaenyra como as filhas de Daemon são bem carregados pelas novas adições ao elenco. Em concreto, gostei muito de Harry Collett enquanto Jacaerys.
Mudanças comentadas, voltemo-nos para o enredo. Confesso que tal como Viserys, até eu já estou farta de discussões sobre a sucessão. Mas pelos vistos, há muitos gananciosos no reino que ainda não estão satisfeitos. Os últimos anos não foram simpáticos para o nosso rei. Com Viserys acamado e com o seu corpo visivelmente apodrecido, são Alicent e Otto os responsáveis por fazer sentir as decisões do rei. Claro que isto não poderia dar bom resultado.
Com Corlys desaparecido, aumenta a tensão sobre quem será o Lord of the Tides. No episódio anterior, Corlys tinha deixado claro que queria que esse título fosse de Lucerys, mas Vaemond, o irmão de Corlys, não quer que o futuro de Driftmark e dos Velaryon fique nas mãos de um bastardo. E muito menos nas mãos da mulher de Corlys porque… bem, é uma mulher. Rapidamente chegam as novidades a Dragonstone e, assim, marca-se encontro em King’s Landing.
E é aqui que as coisas começam a aquecer naquele que foi, para mim, o episódio mais emotivo de House of the Dragon até agora. Rhaenyra é confrontada com o estado do seu pai, tal como o espectador o é, e é impossível ficar indiferente à relação que estas personagens sempre forjaram no ecrã. Vemos uma Rhaenyra perdida e um Viserys que, mesmo mal, continua a amar incondicionalmente a sua filha (“my only child”, a única que nasceu do seu verdadeiro amor por Aemma). O resto do episódio é uma ode de amor de Viserys à sua filha.
Com a audiência aberta para se discutir a sucessão de Driftmark, Vaemond começa a sua argumentação, que, mais uma vez, implica que os filhos de Rhaenyra são bastardos. Quando chega a vez de Rhaenyra interceder e justificar a sua reivindicação, acontece um dos momentos mais arrepiantes e marcantes do episódio. Rhaenyra é interrompida pela chegada de seu pai, que, com a sua bengala, se desloca lentamente até ao trono para no final ser ajudado pelo irmão Daemon. Este momento foi importante por várias razões, sendo a mais óbvia a evolução da relação de Viserys e Daemon para uma relação de respeito. Mas também achei fenomenal Rhaenyra não ter de se chegar a defender. Ela é a herdeira do trono, era a vontade de Corlys, é só ridículo estar sequer a haver um debate. Viserys deixa isso bem assente e Rhaenys confirma e fecha o assunto, ficando os filhos de Rhaenyra e Laenor prometidos aos filhos de Daemon e Laena. Claro que Vaemond não aceita sem interferir e, logo ali é – e bem – questionado por Viserys sobre o facto de ele não ter poder nenhum para o questionar. Agora, sem querer afirmar a ilegitimidade de Jace e Luke de forma implícita, Daemon desafia-o a proferir a palavra bastardos. E é daqui que vem um outro momento épico. Confesso que já me estou a fartar da quantidade de pessoas que fala abertamente sobre a ilegitimidade dos netos do rei e que escapa totalmente impune! Assim, quando Daemon se apressa a defender a honra de Rhaenyra fiquei: finalmente!
O episódio fecha com um jantar de família em que todo o propósito de Viserys está resumido naquela mesa. Posso ter sido das pessoas que mais falou contra Viserys enquanto um rei mole, mas tudo o que ele sempre quis foi evitar conflitos e manter a família unida. Aliás, nunca traiu Rhaenyra. Dentro dos moldes da época, diria que foi um bom homem. Neste jantar ele verbalizou, mais uma vez, o quanto desejava a paz entre os membros da sua família. E se tudo começou com Rhaenyra a dar o braço a torcer e a fazer um brinde à rainha e Alicent a brindar à brilhante rainha que Rhaenyra será, rapidamente descambou. Luke e Aemond estão frente a frente à mesa quando o porco é colocado perto de Aemond e Luke se ri, remetendo para os tempos da infância, quando Aemond não tinha ainda o seu dragão e gozaram com ele dando-lhe um porco. Aemond não gosta da graça, nem gosta do tom do jantar no geral, e não o esconde. Assim, protagoniza o terceiro momento fantástico do episódio, brindando a Luke e Jace por serem homens tão fortes (Strong). Claro que o caos se estabelece e Rhaenyra decide marchar para Dragonstone para que os filhos fiquem afastados, mas promete regressar para estar com Alicent. Duas coisas: primeiro, não percebo como é que faria sentido ela ficar em Dragonstone se é bastante óbvio que Viserys está por um fim, tal como a sua sucessão. Segundo, não sei o que achar destas tréguas entre Alicent e Rhaenyra. Se já não acreditei no início ou no fim do jantar, depois da confusão das palavras de Viserys no seu leito de morte acredito menos ainda.
Confesso que não achei piada à forma como acabaram o episódio. Ele não disse coisa com coisa e percebo que as pessoas ouvem o que querem ouvir, mas achei um exagero Alicent perceber o que percebeu.
Para terminar, quero deixar menções honrosas a Jace por ser um cavalheiro; a Viserys por se encontrar finalmente com a sua amada; e a Aegon e Viserys, os filhos de Rhaenyra e Daemon. Interessante como Aegon é o mais velho e Viserys o mais novo dos filhos e o Rei Viserys ousou dizer que Viserys, sim, era um nome de rei. Aqui demonstrou mais uma vez que a sua vontade é que Rhaenyra ocupe o trono e não o seu meio-irmão Aegon.
O que achaste do episódio?