Driftmark, o mais recente episódio de House of the Dragon, pode ter sido fantástico a nível de enredo, mas foi um desastre cinematográfico.
Deixa-me triste ter de escrever desta forma sobre uma das séries que mais tenho gostado de acompanhar na atualidade, mas realmente, para quem iça orgulhosamente a bandeira de que é uma série cara, é uma vergonha lançarem um episódio com o nível de Driftmark. Não me venham dizer que são escolhas artísticas. Se ainda não percebeste ao que me estou a referir, vou simplesmente escrever o seguinte: quando vejo televisão quero ver. É triste que cenas que foram tão esperadas não sejam visíveis de todo. Apaguei as luzes de casa, fechei as janelas e impedi que qualquer luz entrasse na minha sala e mesmo assim, só vi vultos. Faz-me lembrar quando os fãs se queixaram da batalha do episódio The Long Night de Game of Thrones e do quão escura estava toda a ação. A memória pode estar a falhar-me, mas achei que neste caso estava mesmo pior. Está na hora de dissociar que gravar cenas noturnas é igual a gravar cenas impercetíveis. Ando a rever The Vampire Diaries, que acaba por ter imensas cenas que se passam de noite, e com um orçamento minúsculo em comparação, faz um melhor trabalho nesse aspeto.
Agora que já descarreguei a minha frustração, tenho de admitir, e com gosto, que adorei todo o enredo e a passada do episódio. Não houve um único momento aborrecido e todas as cenas entregavam algo e deixavam-me quase a cair do sofá de antecipação. Desde o funeral de Laena, a Aemond montar Vhagar, ao confronto das crianças, ao cumprimento da “visão” de Helaena, ao passeio de Rhaenyra com Daemon, ao confronto final entre princesa e rainha, este episódio foi cheio de emoções e acontecimentos. E nenhum desapontou!
O momento em que Aemond monta Vhagar foi épico, e mesmo quando abandonam Driftmark e vemos Vhagar voar, podemos apreciar a sua beleza e grandeza. É impossível ficar indiferente a este momento tão marcante que, de certeza, terá muito impacto no desenrolar da história. Mal o vi a montar a dragão, estava sempre ansiosa para ver como iria ele perder o seu olho. O facto de terem lançado a visão antes resultou muito bem para criar expectativa. Ainda assim, fico triste pela forma como aconteceu. Não vejo Aemond como um vilão, por enquanto. Ele não roubou nada como o acusam, não é assim que alguém se torna piloto/cavaleiro (?) de um dragão, já sabemos isso! Não há cá heranças, é necessária uma conexão. Assim, acho mais do que justo, mas também percebo que havia muitas emoções à flor da pele e que, claro, Aemond passou das marcas em vários momentos.
Se fico triste pela criança, fico contentíssima pelo que despoletou. Foi como estar a ver GoT novamente, o episódio em que Arya ataca Joffrey e a justiça tem de ser encontrada. Se, nesse caso, Lady teve de morrer, neste já devíamos saber que com Viserys nunca há grandes repercussões (bem-vindo de volta, Otto!). O rei continua totalmente fiel a Rhaenyra – ou pelo menos ao reinado que quer para Westeros – e não vacila. Seria interessante ver pai e filha a falar sobre o assunto em privado, para tentar entender melhor a perspetiva de Viserys. Finalmente, Alicent revela as suas verdadeiras cores e mostra aquilo de que é capaz. Foi uma cena com um nível de tensão elevadíssimo! Daí também surge um diálogo de que gostei bastante entre Alicent e o pai. Adoro quando se referem a todos os conflitos como um jogo, é impossível não me lembrar Cersei!
Para fãs de Rhaenyra e Daemon como eu, fiquei contente de os ver juntos, embora não os tenha visto realmente. Adorei que casassem e adorei ainda mais que não tivessem matado Laenor para levar a deles avante. Neste sentido, demonstram ser pessoas com coração – diria que esta decisão deve ter sido mais de Rhaenyra, talvez, visto que Daemon pouca afeição tinha por Laenor e não teve problema em matar a sua primeira mulher.
Com tanto que aconteceu, há também agora muito pelo que esperar. E, finalmente, senti que House of the Dragon voltou a encher-me as medidas e mal posso esperar pelo próximo episódio!