[Não contém spoilers]
Bem-vindos a mais um episódio das aventuras de Lyra e Will! Neste segundo episódio, The Cave, tivemos oportunidade de acompanhar as suas aventuras em Oxford, especificamente na Oxford de Will.
Na review anterior eu disse que o episódio tinha sido mais calmo do que His Dark Materials nos tem habituado. Neste segundo episódio acho que voltou ao seu ritmo normal, apesar da ação ser muito mais política do que física. Pessoalmente gosto imenso das intrigas políticas e momentos de diálogo que constroem e fazem evoluir as personagens, mas percebo as pessoas que preferem mais ação. De certo chegaremos a essa etapa mais adiante na temporada.
Começando mesmo por essa parte política, estou a adorar o confronto entre as bruxas e o Magisterium. Este confronto é claramente uma alusão aos confrontos medievais entre as mulheres que eram consideradas bruxas e as instituições religiosas e os seus apoiantes. O Magisterium não só quer vingança, como pretende assegurar o seu lugar no topo do poder e evitar confrontos com algo que os assusta: a magia (e, claramente, o poder cair nas mãos de mulheres). Mais uma vez, esta série traz-nos um poderoso comentário social que não está desconectado da história principal. Aliás, a série escrita por Philip Pullman foi, em parte, escrita como um exemplo oposto às Crónicas de Nárnia, de C.S. Lewis, que tem vários elementos que vangloriam a religião. His Dark Materials, que partilha semelhanças com a série de C.S. Lewis, tem assim muitas cenas que criticam o uso do poder pelas instituições de religião.
Voltando a Lyra e Will em Oxford, está a ser maravilhoso vê-los a interagir e a continuarem a descobrir as diferenças entre os seus mundos. Por exemplo, neste episódio, Lyra vê pela primeira vez um smartphone e Will vê pela primeira vez um aliteómetro. São pequenos momentos que apesar de não serem centrais para a história me fazem sorrir e aumentam a minha ligação com as personagens.
Ainda em Oxford somos introduzidos a uma nova personagem, uma cientista, Dr.ª Mary Malone (Simone Kirby). Gosto imenso da personagem dela, adoro que seja apaixonada pela sua área e o facto de nunca desvalorizar a opinião de Lyra. Acho que vai ser importante para ajudar Lyra a esclarecer as suas dúvidas, mas pode também tornar-se facilmente um perigo, agora que está por dentro do assunto.
Para o pobre Will, também está tudo cada vez mais perigoso, embora a revelação deste episódio lhe dê uma clara direção para a temporada, algo que antes ainda não estava muito claro. Foi bom também a série ter-lhe dado oportunidade de resolver algumas coisas da sua vida para poder depois partir para este novo caminho.
Claro que não podia acabar a review desta semana sem referir a nossa Mrs. Coulter e a performance de Ruth Wilson, que foi de arrepiar. Tenho expectativas muito elevadas para ela esta temporada, pois acho que o seu lado manipulador tem um papel ainda mais importante agora. Como disse ao Padre, ele é simultaneamente a aranha e o mosquito. E é tal o qual como vejo a personagem Marisa – sempre a aranha e o mosquito, a manipuladora e a vítima.
Foi assim um episódio que avançou a narrativa, apresentando uma série de novos ambientes e personagens e com uma componente visual muito bem trabalhada. Falta mesmo só mais uns daemons e está no ponto! Até para a semana.
Ana Oliveira