[Contém spoilers]
Depois de a produção de Grey’s Anatomy ter entrado em pausa devido à crise pandémica que o mundo enfrenta neste momento, foi entretanto anunciado que a temporada atual foi encurtada de 25 para 21 episódios, o que situa este Love of My Life muito perto da season finale.
Neste episódio deixamos para trás a chuvosa Seattle e rumamos até ao solarengo estado da Califórnia, onde Maggie, Teddy e Hayes vão assistir a uma conferência, na qual Richard fará uma apresentação. É entre estas quatro personagens que as atenções se voltam, sem que tenhamos a oportunidade de ver muito mais do restante núcleo principal da série. Não vou dizer que foi um mau episódio ou que não gostei, mas há muito que apontar a Love of My Life. A maior crítica é que só uma parte deste episódio vem acrescentar alguma coisa ao desenvolvimento da série, enquanto o restante parece ter sido criado, sobretudo, para preencher tempo de ecrã.
Comecemos pelo Dr. Hayes, o novo cirurgião pediátrico do Grey Sloan Memorial Hospital. O personagem é agradável, parece-me também uma opção mais interessante como potencial interesse amoroso de Meredith do que DeLuca, mas ainda há pouco chegou à série e já conquistou muito tempo de ecrã. Já sabíamos que era viúvo, que sofrera muito com a morte da mulher. Qual a necessidade de conhecermos ao pormenor a sua história através de flashbacks? Acho que não acrescentou muito à trama e se a intenção era preparar-nos para a explosão que teria com o representante da farmacêutica, bem, não era necessário. Qualquer pessoa entende que um tipo se zangue quando estão a promover algo que fez com que a mulher morresse. No entanto, não senti que precisávamos de conhecer a jornada da doença da mulher pois Hayes ainda não conquistou esse espaço na trama. E, por falar em termos de espaço na série, quero mencionar Carina, que nem sequer apareceu neste episódio. O seu papel tem sido bastante diminuto nestes últimos tempos e só a temos visto por ocasião dos problemas mentais que o irmão tem vindo a revelar, o que acho ingrato. Ela está no elenco desde a 14.ª temporada e foi basicamente relegada para os papéis de interesse amoroso de Arizona, obstetra de Teddy e agora de irmã, sem ter narrativas próprias.
Outra história da qual não gostei muito prende-se com o passado de Teddy. Quando se deu o 11 de setembro, ela perdeu uma pessoa muito querida, alguém que amava, o que a fez alistar-se no exército. Até aqui tudo bem, mas a quantidade de flashbacks foi outra coisa. Ok, percebemos que estava apaixonada e que a perda desse amor, Allison, lhe trouxe grande dor, mas acho imensamente forçada esta forma de nos fazer estabelecer um paralelismo entre o triângulo amoroso que ela viveu então, com a mulher que amava e uma amiga, e a sua situação atual com Owen e Koracick. Porque, a sério, vamos ser honestos, desde quando é que Teddy ama Koracick? Ele foi um excelente namorado e amava-a, mas à primeira oportunidade de ficar com Owen, Teddy nem hesitou. Todo este… triângulo quadrado, com Amelia metida no meio também, embora de forma diferente, é absurdo. Teddy ficou à toa ao pensar que o bebé de Amelia podia ser de Owen e sentiu-se insegura, portanto recorreu ao homem que a fez sentir-se sempre em segurança: Tom Koracick. Teddy parece não saber o que quer ou, se sabe, disfarça muito mal. Tudo isto está a tornar-se uma embrulhada para a qual não antecipo uma resolução muito brilhante.
A coisa melhora quando passamos para Maggie. Na convenção, tal como à semelhança de Teddy e Hayes, vemos a personagem a lidar com uma parte do seu passado. Só que, neste caso, o passado não está repleto de sofrimento, mas de agradáveis possibilidades de futuro ou, pelo menos, de uns agradáveis momentos presentes. Esse passado aparece então sob a forma de um atraente médico com quem ela trabalhara antes, mas que na altura era apenas um residente e, por isso, nunca tinha tido a coragem de a convidar para um encontro. Mais confiante agora, o convite é feito e os dois entendem-se muito bem, com uns momentos fofos à rom-com, mas aos quais até se gosta de assistir.
A felicidade de Maggie é, no entanto, ensombrada quando se torna claro que algo de muito errado se passa com Richard. Já sabíamos que o experiente médico estava a passar por problemas de saúde, mas as coisas escalaram neste episódio, com graves alucinações e uma grande desorientação. Este foi, sem dúvida, o momento mais relevante e emotivo do episódio e aquele que promete mais desenvolvimentos ao longo do curto caminho que nos falta até ao final da temporada. Só gostava que nos tivessem deixado acreditar durante mais tempo que Richard e Catherine se tinham efetivamente reconciliado e que só quando déssemos um pequeno salto a Seattle, onde vários médicos, entre eles Catherine, se preparavam para assistir à conferência, percebêssemos tudo. Teria tido muito mais impacto, mas talvez a ideia fosse preparar-nos, gradualmente, para a revelação de que a saúde Richard está seriamente afetada. Agora pergunto-me: o que terá o médico? Respostas devem chegar-nos no final da semana.
O que acharam do episódio?
Diana Sampaio