[Pode conter spoilers]
Regressamos hoje com uma dose dupla de reviews para Grey’s Anatomy, compreendida pelos episódios Save the Last Dance for Me e A Diagnosis – os 13.º e 14.º episódios desta nova temporada, respetivamente.
Nestes episódios, DeLuca pede ajuda à Dr.ª Riley, uma médica especializada em diagnósticos, para tentar descobrir de uma vez por todas o que de errado se passa com a sua paciente, Suzanne. Entretanto, Bailey zela por Joey, um rapaz no sistema de acolhimento que foi trazido para o Grey Sloan por Ben. Por fim, Amelia continua a lidar com a questão da paternidade do seu filho, enquanto Jackson, Owen e Jo tratam um casal com ferimentos de um ataque de um urso.
Falamos destes dois episódios de forma conjunta por partilharem entre si vários aspetos, nomeadamente em termos de pacientes, personagens centrais e, por conseguinte, storylines. Com a exceção de um ou outro pormenor, são episódios que se complementam e trazem consigo a conclusão de algumas narrativas ao mesmo tempo que abrem novas portas para episódios futuros.
Começo então por dizer que estes episódios surgem como consequência imediata da decisão que Catherine toma no final de The Last Supper. Aqui, Fox resolve comprar Pac North de modo a antagonizar Richard, após ser declarado o fim da relação entre os dois médicos – uma decisão mesquinha e uma demonstração clara de poder por parte de Catherine. Como se não bastasse, a médica junta o insulto à injúria ao ordenar que o Grey Sloan absorva alguns dos médicos de Pac North naquilo que é uma desculpa excelente por parte da série para novamente centralizar todos os seus personagens principais num só local. Pessoalmente, estava bastante satisfeita com o facto de termos médicos separados por dois hospitais distintos. Tal como mencionei no episódio em que Richard e Alex aceitaram trabalhar em Pac North, tinha bastante interesse em ver uma certa rivalidade entre hospitais e em explorar novas possibilidades, mas parece que Grey’s tem outros planos. Se há algo que verdadeiramente gostei no que diz respeito a esta narrativa em particular, no entanto, foi o facto de a série se lembrar, por fim, que Jackson, Meredith, Bailey e Richard são membros do conselho do Grey Sloan, sendo os dois primeiros parte da sua direção. Gozam de uma posição que lhes permite fazer jogadas ousadas, uma vez por outra, e este foi definitivamente um bom momento para usufruir desse tipo de privilégio.
Suzanne aparece novamente como paciente de destaque para estes dois episódios, trazendo consigo Andrew e uma nova médica para primeiro plano. Conforme referido acima, DeLuca recruta ajuda externa para tentar descobrir o que de errado se passa com Suzanne e esta ajuda chega na forma da Dr.ª Lauren Riley (Shoshannah Stern), uma especialista em diagnósticos da Universidade da Califórnia, em São Francisco. Riley é a primeira médica surda a aparecer nesta série, pelo que foi bastante interessante e mesmo agradável ver de que forma os restantes médicos se adaptaram à sua situação. Na minha opinião, no entanto, pareceu-me ser tudo um bocado idealizado para a televisão, uma vez que (infelizmente, é claro) imagino que na vida real existam constrangimentos que dificultem a prática desta atividade por pessoas com a condição de Riley. É inegável, no entanto, que a médica é extremamente boa naquilo que faz. Através de abordagens que, sinceramente, deveriam fazer sentido para qualquer um dos outros médicos, Riley consegue chegar a um diagnóstico que, no fim, acaba por salvar a paciente.
É claro que nada disto acontece sem algum drama típico de Grey’s à mistura. DeLuca mais que ninguém sente a urgência de descobrir rapidamente o que se passa com Suzanne e isto leva a algumas escolhas menos sensatas por parte do médico, que começa a mostrar sinais de bipolaridade semelhantes aos do seu pai. Não é a primeira vez que Andrew exibe este tipo de comportamentos, mas é certamente aquela em que se manifestam de forma mais óbvia. Ainda que Meredith e Carina demonstrem alguma preocupação em relação ao médico, não sei até que ponto a série pode afirmar que DeLuca realmente estava a demonstrar comportamentos típicos de um transtorno bipolar – não quando o caso em questão é algo que deixaria qualquer um dos médicos a bater com a cabeça na parede em frustração e desespero. Ainda assim, não descarto por completo a possibilidade e tenho um grande interesse em ver a direção que a série tomará com o personagem.
Acredito que, dadas as circunstâncias, faz todo o sentido que Meredith tenha levado as suas preocupações em relação a Andrew a Bailey, mas era óbvio que a transferência do caso para a nossa Dr.ª Grey não iria cair bem a DeLuca. Não percebo o porquê de a médica recuar na decisão de Riley em relação ao processo a tomar com Suzanne, uma vez que lá por DeLuca estar em burnout, não quer com isto dizer que aquilo que estava a ser feito não fosse o correto. Mas tenho que concordar com Meredith quando esta diz que DeLuca poderia pelo menos ter explicado o que ia fazer em vez de o fazer simplesmente. Afinal de contas, Meredith continua a ser sua superior, ainda que não tenha muita moral para criticar qualquer outra pessoa que fuja ao protocolo. Este atrito entre os personagens, na sua maioria criado pela insatisfação de Andrew, leva a que a relação dos dois chegue a um fim, deixando espaço para que Cormac se manifeste de forma mais séria como interesse amoroso de Meredith. Começo a ficar um pouco saturada com o facto de a série não se conformar com a ideia de Meredith funcionar bem a solo, mas continuemos.
Numa nota mais positiva, a história entre Amelia e Link parece-me estar a ser bem tratada, ainda que, em termos emocionais pelo menos, me cause transtorno. Acredito que ambos os personagens têm razão naquilo que sentem e agrada-me que Grey’s perca tempo a mostrar que quer o argumento de um quer o de outro tem a sua validade. A realidade é que, mais tarde ou mais cedo, a verdade terá de vir ao de cima, mas é compreensível que, dadas as circunstâncias, Amelia não queira lidar com isso, de momento. Desta storyline, resta-me apenas esperar que o bebé não seja de Owen, uma vez que estou completamente saturada no que diz respeito ao drama entre Amelia e o médico. Em termos de cenas, no entanto, devo dizer que as que foram partilhadas entre Maggie e Amelia foram das minhas favoritas de ambos os episódios e que foi agradável ver ambas as médicas terem algum tempo para fortalecer os seus laços.
De igual forma, tenho gostado imenso de ver o desenrolar da narrativa de Joey, o jovem órfão que está no hospital a recuperar de uma lesão. Não me agrada muito que Grey’s tenha tantos elementos que fazem crossover com Station 19, uma vez que não vejo a outra série e, por vezes, sinto que isso faz com que algumas peças do puzzle se percam pelo caminho, mas tem sido positivo ver a interação de Joey com outras personagens, nomeadamente Cormac, e, de forma mais importante ainda, Bailey. Acredito que a série está a preparar terreno para que Bailey e Ben venham a adotar este miúdo. Seria algo interessante de se ver, dado os acontecimentos recentes na vida dos dois, mas veremos.
Por fim, não posso dar esta review por terminada sem antes falar sobre o elefante na sala. Cada vez mais, a ausência de Alex é sentida pelos vários personagens e torna-se claro que Grey’s se encontra ainda em modo de contenção de estragos com a saída de Chambers, com poucas respostas para tantas perguntas. Sabemos que o personagem deixou Seattle para tratar de assuntos familiares no Iowa, mas com Alex a responder de forma estranha aos seus colegas e a não responder de todo a Jo, começamos a perceber que algo de preocupante se passa. Enquanto fã não só do médico, mas também da sua esposa, tem sido agonizante ver Jo debater-se sobre o que se poderá estar a passar com Alex. Estou sedenta de respostas e, em simultâneo, temo-as. Não sei, a este ponto, se a série será capaz de dar um final satisfatório a este personagem que nos tem vindo a acompanhar ao longo dos anos e, tendo em conta o que tem sido dado a entender em entrevistas, parece que não o iremos saber tão cedo quanto isso.
Inês Salvado