Daisy Jones & The Six é, provavelmente, das série mais aguardadas deste ano. Baseada no romance homónimo da autora Taylor Jenkins Reid, esta obra de ficção relata a história de uma das bandas mais famosas do mundo nos anos 70 e a razão (ou razões) que levaram à sua separação. Contada em estilo de entrevista e recorrendo a flashbacks, esta é uma história complexa e subjetiva. Até que ponto é que podemos confiar nas palavras daqueles que nos são mais próximos? Será que o que dizem corresponde, de facto, à realidade?
O primeiro trio de episódios de Daisy Jones & the Six, Track 1: Come and Get It, Track 2: I’ll Take You There e Track 3: Someone Saved my Life Tonight, estreou nesta passada sexta-feira na plataforma de streaming Prime Video, e constrói a base de toda a narrativa. Conhecemos as personagens, entendemo-las e torcemos por elas. Em primeiro lugar, dá-nos a conhecer Billy Dunne (Sam Claflin) e o irmão, Graham (Will Harrison), dois adolescentes com o sonho da música. Warren (Sebastian Chacon) e Eddie (Josh Whitehouse), colegas de escola dos dois irmãos, juntam-se também a este sonho e deixam-se levar pela ambição e a sede de adrenalina e do rock.
Por outro lado, uma das personagens mais cruciais de toda a história é Camila (Camila Morrone). Billy e Camila conhecem-se numa lavandaria e rapidamente se apaixonam. O amor supera tudo, mas não consegue impedir a terra de girar.
Num corrupio de concertos em bares de esquina, gravações, músicas e ensaios, os The Dunne Brothers veem-se obrigados a mudar de nome quando uma teclista experiente e fugaz decide juntar-se à banda. Karen (Suki Waterhouse) traz consigo um groove feminino e uma sensualidade clássica. Os The Six, como passaram a ser conhecidos, tinham tudo para resultar. Um produtor excelente, dedicado e atento, Teddy Price (Tom Wright); uma base de fãs sólida e coesa; uma casa e um apoio familiar inquestionável. Mas nada foi suficiente para impedir que certos vícios se apoderassem de Billy.
Em paralelo, é-nos também contada a história de Daisy que, apesar de ter nascido no seio de uma família reconhecida e abastada, acaba por ser posta de parte toda a vida. Os pais nunca estiveram presentes e, nos momentos em que poderiam ter estado, tratavam Daisy com desprezo e com uma espécie de complexo de superioridade desmedido e irracional. Mas há fogos que são difíceis de apagar e Daisy foge, esconde-se, integra-se e refugia-se no mundo para poder brilhar. Escreve letras como ninguém e tem uma paixão pela música que poucos têm. Simone (Nabiyah Be) é a melhor amiga da artista e a primeira pessoa a perceber aquilo de que a jovem é capaz. Apoiam-se incondicionalmente uma à outra, como família.
E o que é que acontece quando o sucesso de uma banda desaparece de um dia para o outro, como se nunca sequer tivesse existido? A resposta é simples: procura-se alguém que traga, de novo, potencial, o fator de novidade e a chama que tanto procuram. Daisy (Riley Keough) é essa chama. E os The Six veem-se obrigados a adotar essa mesma chama e a dar-lhe (ainda) mais fusível.
Contudo, a frustração, as discussões, o ódio aparente e a tensão que se fazem sentir quando Teddy propõe que Daisy se junte aos The Six para gravar um álbum são difíceis de ignorar. Esta junção vai desencadear dezenas de problemas que nenhum deles poderia prever.
Estamos prontos para o drama da década, para o escândalo que, no mundo fictício de Taylor Jenkins Reid, fez o mundo parar no ano de 1979?
How did we get here? How do we get out?
We used to be something to see.
Oh, baby, look at us now.
Enquanto leitora e fã devota do livro, confesso que estava reticente quanto à adaptação. Sei que há coisas que têm inevitavelmente de ser alteradas e há mudanças que têm de acontecer. Ainda assim, o nervoso miudinho está sempre presente. E se ficar horrível? E se os atores não tiverem química? E se a história não for minimamente parecida?
Estas foram algumas das questões que se levantaram na minha cabeça ao longo dos últimos meses, mas todas elas foram esquecidas no momento em que me sentei na cama, apaguei as luzes e me deixei inundar nesta cápsula do tempo que é Daisy Jones & The Six. Existem diferenças? Existem, mas acredito que estão lá porque tornam a história melhor, mais sólida e indescritível.
Uma das partes por que mais ansiava, enquanto leitora, fã e espectadora era a música. O álbum. As letras. E nada desiludiu. As minhas expectativas eram altas e estão todas a ser superadas.
Está série promete trazer de volta a garra do rock & roll, a alma dos anos 70, a paixão, a amizade e a honestidade bruta e fatal do amor e do ódio. Daisy Jones & The Six, com apenas três episódios lançados, já está a conquistar o mundo. Daqui a dez anos vai ser considerada uma série de culto. Um clássico a não perder. E nós vamos poder dizer que a vimos com o coração a arder, na primeira fila.
P.S.: Os próximos três episódios de Daisy Jones & The Six chegam à Prime Video já na próxima sexta-feira, dia 10 de março.