[Contém spoilers]
Legacies regressa esta semana após um breve hiato com o seu mais recente episódio, Someplace Far Away From All This Violence. Neste novo capítulo da série, o Super Squad continua a tentar salvar Hope, para seu desagrado. MG faz uma última tentativa desesperada para ajudar, mas as coisas não correm conforme planeado. Por fim, Lizzie procura por respostas enquanto Josie toma medidas extremas.
Mais uma vez, este nosso spin-off de The Vampire Diaries parece mostrar ser capaz de se manter nos eixos durante esta 4.ª temporada. De facto (e apesar de continuar a recear um retrocesso futuro), sinto-me cada vez mais embrenhada na narrativa que se tem vindo a desenvolver, em especial no que diz respeito a Hope. Não só me refiro à sua busca pelos membros da Triad, mas principalmente à sua relação com as restantes personagens da série e, assim, à forma como estas resolvem lidar com a nossa protagonista. Acredito que – neste departamento, pelo menos – Legacies consegue por fim alcançar um balanço há muito perdido, colocando novamente o foco sobre a sua personagem principal, que, por sua vez, ancora em si as várias histórias a serem contadas, centralizando o enredo.
Depois dos acontecimentos de You’re A Long Way From Home e do fracasso das suas várias simulações na therapy box, o Super Squad vê-se forçado a procurar mais fundo em busca de inspiração para recuperar a humanidade de Hope – que, conforme previsto no episódio anterior, se encontra de regresso à escola por breves momentos. Sem grandes surpresas, é Josie quem, através da sua extensa pesquisa, chega à conclusão de que o melhor modo de fazer com que Hope volte ao que era passa por apelar às suas emoções, ao invés de tentar travar fisicamente a nossa protagonista.
Enquanto a jovem Saltzman elabora o seu próprio plano para alcançar Hope, os restantes membros do Super Squad tentam distrair a tríbrida através de uma pequena performance estilo talent show, na qual recordam as suas melhores memórias partilhadas com a personagem. Apesar de não ter sido o meu momento favorito deste episódio, trazendo à lembrança tempos menos felizes para a série e colocando um holofote sobre personagens cuja relação com Hope nunca teve grande (ou, na verdade, qualquer) destaque, não fiquei de todo incomodada por este momento tipicamente de Legacies. De facto, gostei imenso de ver as reações da nossa protagonista, brutais e desprovidas de qualquer tipo de filtro. De igual modo, fiquei satisfeita em ver um pingo de humanidade em Hope, em primeiro lugar devido à aparição inesperada de Landon – não o verdadeiro, é claro, mas sim uma farsa criada por Cleo – e, em segundo lugar, graças ao sucesso da ideia de Josie.
A esta altura do campeonato e dados os episódios que antecederam Someplace Far Away From All This Violence, acho indiscutível o facto de Josie ser, de entre as várias personagens desta série, aquela que se encontra mais próxima da nossa protagonista. Certamente, é das poucas que se preocupa com o seu bem-estar, o que se tem vindo a tornar cada vez mais evidente. Neste episódio, a nossa Gemini procura provar a si própria que ainda há algo em Hope que merece ser salvo, o que a leva a colocar-se em perigo nesta sua busca por respostas. O risco acaba por ser recompensado quando consegue não só extrair algum tipo de emoção de Hope (medo, por sinal), mas também demonstrar que a nossa Mikaelson nunca a magoaria. É uma vitória cuja celebração terá de ser adiada, uma vez que, apesar de não causar qualquer dano a Josie, Hope coloca a gémea dentro da therapy box, demonstrando que a personagem tem o que é preciso para trazer de volta a sua humanidade. Estou curiosa em ver que tipo de revelações irão surgir do tempo de Josie neste cenário alternativo, mas estou igualmente confiante em assumir que não serão o suficiente para mudar a opinião da personagem sobre Hope.
No entanto, é certo e sabido que as gémeas Saltzman não estão de acordo no que diz respeito à tríbrida. Lizzie tem uma abordagem completamente diferente da escolhida por Josie, algo que se torna bem explícito graças ao seu próprio episódio na therapy box. Presa num western, Lizzie persegue Hope na esperança de recuperar a sua irmã e vingar o seu pai – dois problemas por ela sentidos, na vida real. De modo resumido, Lizzie acaba por matar Josie, que havia sido transformada por Hope e, com recurso a balas feitas de white oak, extingue, também, a nossa tríbrida. Parece, assim, chegar à conclusão que o método pacifista adotado pelo seu pai não foi o mais correto e que a única forma de parar Hope de uma vez por todas passa por colocar um fim à sua vida a qualquer custo. Será interessante ver as gémeas em caminhos completamente distintos, ao longo desta temporada, pelo que espero que esta sua tensão prevaleça ao longo dos próximos episódios.
Somando a esta minha ansiedade, junta-se o facto de Cleo saber que existe uma arma capaz de matar Hope – informação que poderá, ou não, ser já conhecida por Lizzie e Finch, duas pessoas que definitivamente não têm os interesses de Hope em mente. Ao longo deste capítulo, a musa utiliza uma manifestação de Kaleb para tentar decidir o que fazer com esta informação, concluindo que a tríbrida não estaria segura se o resto do Super Squad soubesse da existência de white oak. Manter este segredo é algo que Cleo não encara de forma leve, em especial tendo em conta o seu passado da Salvatore School, mas, nas palavras de Kaleb, estes nossos personagens estão constantemente a fazer coisas estúpidas e matar Hope de forma permanente devido ao calor do momento facilmente poderia passar a integrar essa longa lista de arrependimentos.
Por fim, resta-me apenas falar um pouco sobre Kaleb. Depois do final do episódio anterior, o vampiro parte em busca de um monstro com o intuito de provar o seu valor e lealdade à equipa que errou. O personagem é seguido por Jed e, ainda que não tenha prestado muita atenção às suas cenas (quem diz a verdade não merece castigo), tenho a dizer que fiquei com a sensação de que Legacies procura reanimar a storyline de Kaleb na 1.ª temporada no que concerne à sua relação com o seu lado enquanto “monstro”. Relembro que Kaleb temia esta possibilidade e a adição do título “dragão” ao seu repertório não deve ser fácil. Gostava que a série aprofundasse um pouco mais este personagem de que tanto gosto, apesar de não ter grande fé em que tal venha a acontecer.
Em suma, acredito que este foi mais um episódio bastante razoável para Legacies. Apesar de ter tido os seus momentos de menor interesse, surge como um novo passo em direção a uma narrativa que, pessoalmente, acho satisfatória. Com Hope no encalço da Triad e os nossos personagens divididos sobre como lidar com a sua falta de humanidade e com o que esta fez a Alaric, sinto que temos um bom set-up para uma sólida temporada, como há muito não era vista nesta nossa série. Continuo cautelosamente otimista, mas anseio pelo que o futuro poderá trazer a Hope Mikaelson e ao seu bando.
A 4.ª temporada de Legacies regressa já esta semana com um novo episódio, You Will Remember Me. Entretanto, podes rever todos os capítulos da série através da plataforma de streaming HBO Portugal.
Inês Salvado