Batwoman – 02×13 – I’ll Give You a Clue
| 15 Mai, 2021

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[Contém spoilers]

“I know it’s just my first day but a little advice. Don’t advertise the crime you’re about to commit if you don’t want to get caught.”

Regressamos esta semana com o mais recente episódio desta 2.ª temporada de Batwoman. Intitulado I’ll Give You a Clue, este novo capítulo da série leva Sophie a enfrentar um inimigo dos seus dias enquanto novata nos Crows. Este personagem do seu passado força a agente a pedir auxílio à bat team, sendo que Mary, Ryan e Luke acabam envolvidos na confusão. Entretanto, Alice vê-se numa situação delicada, enquanto Jacob continua a revisitar o seu passado. 

I’ll Give You a Clue tem o seu início cinco anos antes da linha temporal que estamos habituados a seguir em Batwoman, remetendo ao começo da carreira de Sophie enquanto agente da Crows Security. Este flashback apresenta-nos a Arthur Brown (Rick Miller), conhecido pelos fãs da DC como o vilão Cluemaster e, por Sophie, como o primeiro criminoso que alguma vez levou à justiça. Antes de se dedicar a uma vida de crime, Brown trabalhava como apresentador do Quiz Bowl, um programa televisivo no qual vários concorrentes respondiam a um conjunto de perguntas de forma a poder ganhar um prémio. Acontece que o personagem acreditava que as adivinhas apresentadas neste seu programa eram demasiado fáceis, como se o jogo estivesse feito de modo a favorecer os seus jogadores e, após ser despedido, resolveu começar o seu próprio jogo, dando início a uma onda de assassinatos nos quais deixava para trás pequenas pistas dos seus crimes futuros às autoridades, merecendo o seu pseudónimo.

No entanto, este não é o único personagem a quem este novo episódio nos dá a conhecer – e, atrevemo-nos a dizer, certamente não é o mais interessante. Na verdade, o nome que mais nos chamou à atenção antes sequer de assistirmos a I’ll Give You a Clue foi o de Stephanie Brown (Morgan Kohan), filha de Arthur e conhecida no mundo da banda-desenhada por muitas outras identidades, combatendo o crime enquanto Spoiler, Robin e (talvez a mais popular) Batgirl. A revelação da chegada desta personagem à série elevou de imediato as nossas expectativas, sendo que não ficámos de todo desiludidas com o que nos foi apresentado. Ainda assim, temos a dizer que, apesar de fazer uma pequena alusão a Spoiler, praticamente impercetível a quem não se encontra familiarizado com a personagem, Batwoman decide deixar o futuro de Stephanie em aberto, referindo-se à filha de Arthur apenas pelo seu nome (pelo menos por agora). Mas não nos precipitemos; afinal de contas, ainda temos muito sobre que falar.

Ryan continua agora a sua luta contra Black Mask e a False Face Society, incapacitando alguns dos capangas de Sionis numa fantástica fight sequence gravada num único take. Com Luke ao seu ouvido, acompanhando a missão do conforto da bat cave, a nossa Batwoman tenta colocar um rastreador num dos membros deste gangue com o intuito de o seguir até ao esconderijo de Roman e Circe. Os seus planos vão por água abaixo quando Tavaroff e os seus agentes intercetam a missão, arrasando com esta oportunidade de encontrar Sionis e levando Ryan a declamar todo um discurso sobre o quão maus os Crows são, não só em termos gerais, mas também no que diz respeito a fazer o seu trabalho. Apesar das intenções do agente em deter Batwoman, a nossa protagonista acaba por fugir da cena em estilo, ainda que aborrecida com o sucedido. 

Entretanto, Mary e Sophie juntam-se para celebrar o quinto aniversário da personagem com a agência de segurança. Ryan, que se depara com a situação ao chegar a casa, acaba por se juntar relutantemente à pequena festa. As três têm uma inesperada girl’s night, que inclui uma garrafa de tequila e um pequeno mas hilariante jogo de Never Have I Ever. É muito bom ver que a série continua a explorar as dinâmicas entre as suas várias personagens e as diversas team-ups que podem daí surgir. Igualmente, foi vantajoso ver estas personagens a interagir em ambientes mais descontraídos, fora do contexto de uma missão, como é mais comum na série. O foco de I’ll Give You a Clue em Ryan e Sophie trouxe consigo um desenvolvimento na descoberta da agente dos Crows em relação à identidade da nossa Batwoman, no passado episódio Arrive Alive. Durante este seu drinking game, Sophie aproveita para aludir ao facto de conhecer a identidade secreta de Ryan, mas a nossa heroína continua a ignorar a situação. Esta foi a primeira de muitas alusões ao longo do episódio, que a certo ponto nos deram vontade (e, certamente, a Mary também) de abanar os ombros de Ryan e de gritar que já não vale a pena esconder a verdade; Sophie sabe!

A festa acaba quando o nosso trio descobre uma lagarta venenosa no fundo da garrafa de tequila. O inseto não representa qualquer tipo de perigo para as personagens, mas, ao lerem o cartão que acompanha o presente de Sophie, chegam à conclusão que algo de muito estranho se passa. Estes elementos surgem assim como pistas deixadas à agente dos Crows por Cluemaster, que escapou recentemente da penitenciária de Blackgate. Sophie revela que o vilão pretende vingança, uma vez que foi ela quem – alegadamente – resolveu o seu puzzle e o colocou na prisão, cinco anos antes. Começa, assim, todo um trabalho de equipa para tentar resolver o seu primeiro enigma. É Ryan quem desvenda esta pista, descobrindo um símbolo escondido na garrafa, que as levará a uma nova localização.

Já no local, um campo de tiro conhecido por Sophie, o trio depara-se com uma mulher presa dentro de uma enorme caixa de vidro. Esta é nada mais, nada menos que Stephanie Brown, a filha do próprio Cluemaster. A partir deste momento, as personagens começam o processo de resolver uma série de desafios destinados a salvar Stephanie e, mais tarde, as próprias vidas de Ryan, Sophie e Mary. Gostámos muito do formato deste episódio, que nunca reduziu o seu nível de tensão, aumentando cada vez mais a dificuldade dos enigmas à medida que progredia. Além disso, estes puzzles foram ótimos pretextos para juntar este trio e, principalmente, colocar Ryan e Sophie a trabalhar em conjunto para um bem comum, sem a burocracia dos Crows à mistura. Parece-nos que existem cada vez mais pistas a indicar que Sophie se aproxima de uma mudança de posição, do lado da agência para a qual trabalha para o lado da justiça dos vigilantes, e estamos ansiosas para que isso finalmente se concretize – em especial agora que se encontra tudo em pratos limposÉ verdade: Sophie sabe que Ryan é Batwoman e, agora, a nossa heroína não consegue mais esconder este seu segredo da agente. A mais perigosa armadilha de Cluemaster deixa-a sem outra alternativa, vendo-se forçada a confiar a Sophie a localização da bat cave (e, assim, a sua identidade) de modo a que a personagem lhe possa trazer o único gadget capaz de as tirar desta confusão. O momento surge como um salto de fé para a nossa protagonista, e representa uma mudança definitiva na dinâmica entre Ryan e Sophie.

De regresso a Stephanie, a personagem é levada de volta ao apartamento partilhado por Mary e Ryan depois de ser salva pelo nosso trio, que tenta agora desvendar o código desenhado por Cluemaster por todo o seu corpo. Aqui, descobrimos que Steph esteve por detrás do encarceramento do seu pai anos antes, tendo feito uma denuncia a Sophie com a resposta à sua adivinha. A personagem é um autêntico génio, ultrapassando em muito o intelecto do seu pai, mas precisa de ajuda para decifrar o mais rapidamente possível os símbolos na sua pele. Eis que Luke entra em cena, convocado por Ryan para facilitar este processo. Após vários episódios sem grande destaque, ficámos felizes em ver o personagem no seu elemento, brilhando enquanto génio da nossa bat team. O seu intelecto aparece como um elo de ligação a Stephanie, que se impressiona em conhecer alguém ao seu nível. As reações de Mary e Ryan a este par são quase idênticas às nossas, ainda que estivéssemos um pouco mais controladas, partindo desde logo do princípio que Stephanie não viria a ser uma presença permanente na série. Ficámos surpresas com o quão destacada a personagem foi, neste episódio, chegando mesmo a partilhar um breve beijo com Luke. Assim, resta-nos dizer que gostaríamos de voltar a ver Steph no futuro – se não no contexto da série, talvez num spin-off seu (talvez algo como Birds of Prey?).

Enquanto tudo isto se desenrola, Alice encontra-se a questionar as suas decisões de vida após a traição de Ryan em Initiate Self-Destruct levar ao seu cativeiro, a mandato da família Sionis. O vilão sociopático e a sua filha malévola começam por aprisionar a irmã de Kate com o intuito de descobrir a identidade secreta de Batwoman, mas Alice tem outros planos. Afinal de contas, após os eventos do episódio anterior, a nossa anti-heroína favorita tem todo um conjunto de razões para se vingar pessoalmente da vigilante. Assim, Alice tenta escapar ao seu cativeiro, mas, sem ninguém para a ajudar, volta de imediato à estaca zero. Felizmente para a nossa personagem, os seus muitos talentos impedem-na de ser completamente inútil a Sionis e, ultimamente, salvam a sua vida. Conforme pensávamos que iria eventualmente acontecer, é Alice quem está por detrás da makeover de Kate, sendo a responsável por elaborar a sua nova face. Aquilo de que não estávamos à espera, no entanto, é o facto de Alice descobrir quase de imediato que a personagem é, na realidade, a sua irmã, que todos julgam estar morta.

Antes de partirmos do drama da família Kane, temos que falar por um breve momento sobre aquele que é discutivelmente o seu membro mais disfuncional, pelo menos em episódios recentes. Falamos de Jacob, que passa este novo episódio tão focado em reescrever as memórias do seu passado com recurso a snakebite, que perde uma ótima chance de remendar as suas relações presentes e construir bases para um futuro com as suas filhas. Foi desolador assistir a Alice enquanto esta implorava ao seu pai para a salvar, sem que Jacob tivesse sequer ciente daquilo que se passava. A overdose do comandante dos Crows no final deste episódio não surge como uma surpresa, ainda que estejamos curiosas em ver o que acontecerá ao personagem e de que forma o acontecimento influenciará as suas relações.

Assim, são várias as revelações de identidade contidas neste episódio que nos leva a pensar: será que Batwoman se antecipou demasiado, ou estaremos apenas tristemente habituados a que séries de super-heróis demorem um tempo excessivo a constatar o óbvio? Pessoalmente, apreciamos o facto de a série não insultar a inteligência das suas personagens, ao contrário daquilo a que assistimos em várias outras instalações da DC. 

Como nota final, resta-nos apenas dizer que gostámos, também, das diversas referências a personagens deste universo de banda-desenhada, nomeadamente a vilões como Riddler e Joker, já mencionados em episódios anteriores, mas também a Poison Ivy, Mr. Freeze, Penguin, entre outros. Ainda que estas menções não sejam necessárias para o entendimento da história a ser contada, surgem como um agradável bónus para os fãs do material de origem.

Podes acompanhar Batwoman todas as semanas através da HBO Portugal, com um novo episódio disponível na plataforma de streaming às terças-feiras.

Ana Oliveira e Inês Salvado

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