[Contém spoilers.]
“Your family has declared you dead, Kate Kane. But sit tight. We’ll make them believe in life after death.”
Chegamos agora à mid-season finale de Batwoman com Rule #1, o mais recente episódio da série. Aqui, Batwoman enfrenta o maior adversário da cidade de Gotham, enquanto uma nova informação força aqueles mais próximos a Kate a tomar decisões difíceis. Entretanto, os sentimentos de Ryan por Angelique colocam em risco a sua parceria com Luke e Mary. Por fim, Alice embarca numa viagem ao seu subconsciente.
Após as revelações explosivas de Survived Much Worse, esperava que Batwoman nos trouxesse um episódio um pouco mais calmo, permitindo-nos um breve momento para respirar fundo antes de nos debruçarmos novamente sobre o desaparecimento de Kate Kane. De certa forma, não estava totalmente errada. Apesar de Kate permanecer um assunto incontornável (quer seja através das personagens que, de uma ou outra forma, mantêm viva a sua memória, ou através das suas próprias aparições), as notícias da sua morte parecem representar o encerrar de um capítulo para a maioria das nossas personagens, que se preparam agora para seguir em frente com as suas vidas. No entanto, este novo episódio da série é tudo menos calmo, apresentando à audiência o seu mais recente vilão.
Roman Sionis (Peter Outerbridge) é um homem de negócios durante o dia e rei do crime durante a noite. Sob o pseudónimo Black Mask, Sionis controla a False Face Society – que cresceu em tamanho e força desde o extermínio do Wonderland Gang, de Alice – e todo o tráfico de snakebite de Gotham (algo que temos vindo a acompanhar desde Bat Girl Magic!), mas rapidamente se torna claro que o personagem ambiciona a algo mais, tendo orquestrado o assassinato do comissário do departamento policial da cidade. Para além disso, descobrimos que Sionis não só mantém Kate cativa, como também tem uma vingança pessoal para com a antiga Batwoman, vingança a qual poderá estar por detrás dos seus planos para Kate.
No entanto, Roman não é o único personagem a quem somos apresentados em Rule #1. Este novo episódio de Batwoman dá-nos também a conhecer Jordan Moore (Keeya King), a irmã mais nova de Sophie. Jordan é uma jovem artista e ativista, que utiliza graffiti para espalhar a sua mensagem e que tem o azar de estar no local errado à hora errada e testemunhar o homicídio do comissário, tornando-se de imediato num alvo a abater para a False Face Society.
De modo semelhante ao que tem vindo a fazer ao longo de toda a sua existência, Batwoman utiliza as personagens ao seu dispor e a própria cidade de Gotham para explorar problemas reais, pelo que desde logo gostei que Jordan fosse apresentada enquanto uma personagem que não só aponta o dedo a estas falhas, como também procura soluções e contribui de forma ativa e participativa para o bem comum. A sua história inspira ainda Ryan a mobilizar os recursos da bat team para fazer o mesmo e liderar por exemplo, mostrando que existe mais do que uma forma de lidar com criminosos – e talvez a mais eficaz é ajudar a criar condições que previnam o seu surgimento. É um momento querido que, de certa forma, retoma a ideia começada na primeira temporada com a Gotham Pride Real Estate de devolver à comunidade, criando melhores condições para os mais vulneráveis.
Rule #1 aparece ainda como um episódio importante para a relação de Angelique e Ryan. Numa tentativa de escapar à vida clandestina que tem levado, Angelique concorda em fazer um último favor à False Face Society, acabando por conduzir o carro de fuga na noite do assassinato. Não é propriamente uma boa posição para se estar, mas podia ser bem pior. Exceto que Ryan descobre a verdade sobre o seu envolvimento neste crime e implora à sua ex-namorada que testemunhe contra a False Face Society, mas, como seria de esperar, as coisas não correm conforme planeado – não pela falta de vontade de Angelique, mas porque Roman e os seus lacaios chegam à personagem antes de Batwoman. Apesar de ser salva pela vigilante (que, por sua vez, é salva por Sophie), Angelique confessa ter assassinado o comissário – um crime que não cometeu – para proteger Ryan, após ser ameaçada por Sionis.
Estou surpreendida que Batwoman finalmente tenha conseguido fazer com que sentisse pena de Angelique, mas enquanto espero que a nossa protagonista exonere a sua ex-namorada, deleito-me na possibilidade de uma relação entre a personagem e Sophie. Ainda que, na minha opinião, o comentário de Jordan tenha sido injustificado (pessoalmente, de entre as várias cenas que vimos entre Ryan e Sophie, esta não foi particularmente interessante), vejo imenso potencial numa aliança entre a nossa vigilante e a agente dos Crows – e se essa aliança passa por uma relação amorosa, melhor ainda. No entanto, continuo a dizer que gostaria de ver Sophie afastar-se dos Crows. De forma conveniente, parece que há uma vaga para a posição de comissário do GCPD. Certamente que Sophie estaria interessada, não?
De forma muito breve, tenho de mencionar que Mary e Ryan continuam a ser dos meus duos favoritos da série. Adoro a relação que se tem vindo a desenvolver entre as duas e a honestidade que pinta as suas interações. Mary, em especial, consegue abrir o seu coração a Ryan num momento e ser brutalmente honesta com a personagem no outro, o que torna esta sua amizade muito mais interessante. Nas palavras de Ryan, é importante manter este sentido de responsabilidade entre a bat team, pelo que adoro também a cena em que a personagem anuncia o novo código de conduta da equipa. Conforme tenho vindo a mencionar ao longo da temporada, Wilder realmente pegou neste papel e tornou-o seu. Ryan é Batwoman. O facto de Kate estar viva não vai mudar isso.
Mas enquanto todos estão a seguir em frente, Alice parece andar para trás. Após um episódio perdida na sua própria mente, acompanhada pela versão de Kate que vive na sua imaginação, Alice chega à conclusão de que pode lidar com a perda da sua irmã da mesma forma que lida com tudo o resto – criando a sua própria realidade. Da mesma forma que criou esta fantasia de um País das Maravilhas para processar o seu trauma, pode simplesmente esquecer que Kate alguma vez existiu. É uma ideia terrível e não resolve, de todo, os seus problemas ou a dor que sente, mas é o que Alice pensa que quer. Parte de mim não quer que o desejo da nossa antagonista se concretize, mas estaria a mentir se dissesse que a outra parte não está desejosa em ver o quão tresloucada Alice conseguiria ser sem este último pedaço da sua humanidade.
Por fim, resta-me apenas respirar de alívio ao saber que Batwoman volta a exonerar Julia Pennyworth de qualquer tipo de atividade suspeita. Não o quis admitir na minha review anterior, mas quando a série tomou a decisão de apresentar Julia como a portadora de más notícias quando, na verdade, Kate está viva, fiquei com a pulga atrás da orelha. Estava com algum receio que Batwoman viesse a mostrar que esta personagem de quem tanto gosto não pode ser confiada, mas a introdução de Enigma (interpretada por Laura Mennell; mencionada pela primeira vez em It’s Best You Stop Digging) vem a apaziguar os meus medos. Acredito agora que Julia aproximou-se demasiado da verdade, vendo as suas memórias da sua busca por Kate apagadas pela hipnotista. Estou curiosa em ver tanto o que aconteceu a Julia como o que acontecerá a Kate, e felizmente parece que não teremos de esperar muito para o fazer.
Batwoman entra agora numa pausa atipicamente curta para uma mid-season, estando o seu regresso marcado já para o próximo dia 11 de abril com Time Off for Good Behavior. Até lá, podes rever todos os episódios desta série através da plataforma de streaming HBO Portugal.
Inês Salvado