[Contém spoilers.]
“I get it. Mommy died, and now you’re a woman on fire. Which means I’m responsible for spawning not one Batwoman, but two!”
Batwoman regressa esta semana após o seu mais recente hiato com um novo episódio em It’s Best You Stop Digging. À medida que a condição de Ryan piora, a nossa protagonista começa a questionar o código de conduta de Batwoman quando percebe que a sua oportunidade para vingar a morte da sua mãe está a escapar. Entretanto, Tatiana preenche os espaços em branco da memória de Alice relativamente ao seu tempo em Coryana e à sua história com Ocean.
Ainda que esteja a gostar desta nova temporada de Batwoman, ao longo das últimas semanas tenho sentido o meu interesse pela série a esmorecer, sem perceber bem porquê. Entendo agora que isto deve-se não ao conteúdo de cada episódio, mas sim às pequenas pausas que a série tem experienciado – uma semana de intervalo a cada três episódios – que, na minha opinião, acabam por influenciar de forma negativa o ritmo a que a história tem vindo a ser contada. Assim, senti que It’s Best You Stop Digging fez um excelente trabalho ao conseguir ancorar novamente o meu interesse por Batwoman, focando a narrativa em Ryan e Alice e produzindo um episódio emocionante para a série e suas personagens.
Como vimos em Do Not Resuscitate, a radiação que infeta Ryan alcança agora níveis mortíferos, colocando a nossa protagonista numa luta contra o tempo. Neste novo episódio, com a infeção a chegar ao seu cérebro, Ryan começa a sofrer alucinações alusivas à morte da sua mãe às mãos dos lacaios de Alice. A iminência do seu próprio fim e a sede de vingança urgem a nossa protagonista a encontrar a vilã antes que seja demasiado tarde e, quando Ryan por fim alcança Alice, temos a segunda grande luta entre as personagens. Apesar do seu estado fragilizado, Ryan consegue imobilizar a vilã e está no processo de a asfixiar quando é visitada por uma nova alucinação de Cora, que olha para a sua filha adotiva com desaprovação. A protagonista percebe a mensagem e deixa Alice partir – mas não sem antes lhe colocar um tracker nas botas, de modo a poder seguir a personagem a Coryana.
No que diz respeito a personagens fictícias, especialmente neste tipo de séries, tenho tendência a não ser uma pessoa muito moralista. Percebo o porquê de personagens como Batman ou Batwoman terem um código de conduta, que existe uma linha ténue que os separa daqueles que combatem, mas não faço grande alarido quando estas regras são quebradas (de tal forma que acredito que Cartwright merecia um final bastante mais violento que aquele que realmente teve às mãos de Kate Kane em Off With Her Head). No entanto, sou uma fã com motivos bastante egoístas e não quero, de todo, ter de me despedir de Alice tão cedo quanto isso. Assim, agrada-me que Ryan tenha tomado a decisão que eventualmente tomou, não necessariamente por ser a decisão mais louvável, mas sim porque significa que a nossa vilã de estimação não irá a lado nenhum nos próximos tempos.
Falando agora sobre Alice, a nossa antagonista atrai Tatiana a Gotham e faz dela refém, interrogando a personagem sobre o seu passado com Ocean em Coryana. Ficamos a saber mais sobre como Alice foi encontrada, quais as expectativas que Safiyah tinha para com ela, como começou a sua relação com Ocean e como ambos traíram a rainha da ilha e acabaram por pagar o preço. Para além disso, o episódio serve também para explicar um pouco mais sobre as origens de Coryana, algo de que não estava particularmente à espera, mas que aprecio.
Talvez a revelação mais importante, no entanto, é que Safiyah basicamente criou a Alice. Com a ajuda de Enigma (a filha de Riddler no universo da banda desenhada), não só apagou as memórias da irmã de Kate como também intensificou esta persona criada por ela como forma de escapismo às coisas a que foi sujeita por Cartwright. Descobrimos ainda que, caso Safiyah não tivesse tomado esta decisão, Alice poderia ter vivido uma vida normal ao invés de se tornar na criminosa que conhecemos hoje. Tenho sentimentos mistos em relação a tudo isto uma vez que não estava nada a contar com esta revelação, mas agrada-me que Alice tem agora um bom motivo para enfrentar Safiyah. Sinto ainda que a revelação abre um caminho a uma possível redenção por parte da personagem no futuro, apesar de gostar de Alice tal como é.
Por fim, adorei a prestação de Luke e Mary neste episódio, o que não é uma novidade. A cena na qual discutem quem deve conduzir o batmobile é hilariante, ainda que a sua duração se estenda demasiado quando tendo em consideração a pressão sobre a qual se encontravam. Já Sophie parece estar um pouco perdida neste episódio, e a minha falta de interesse por Jacob faz com que gostasse de ver a ex-namorada de Kate tomar a sua posição enquanto líder dos Crows.
Em suma, este é um excelente episódio para aqueles capazes de apreciar tanto a protagonista como a antagonista da série de igual modo. Apesar de não ser o capítulo mais animador para qualquer uma das personagens, proporcionou a Ryan momentos intensos que a levaram à conclusão que matar Alice não vingaria a morte da sua mãe, mas sim mancharia o seu legado ao transformá-la em quem mais odeia. Por outro lado, conferiu a Alice uma razão mais legítima para regressar a Coryana e um novo alvo sobre o qual exercer a sua vingança.
Podem acompanhar Batwoman todas as semanas através da HBO Portugal, com um novo episódio disponível na plataforma às terças-feiras.
Inês Salvado