[Contém spoilers]
Depois de um final de temporada que ficou aquém das expectativas, Legacies regressa agora com um novo episódio, We’re Not Worthy, que deixa muito a desejar.
Este episódio, o primeiro da 3.ª temporada da série, faz ainda parte dos episódios pensados para o final da 2.ª segunda temporada, que foi encurtada devido à pandemia. Neste novo episódio, Alaric permite aos alunos da Salvatore School um dia de atividades fora do perímetro escolar, de modo a poder lidar com assuntos urgentes. No entanto, os alunos são surpreendidos por um monstro medieval que lhes chega com um desafio, levando os nossos personagens a debaterem-se sobre quem será um oponente merecedor.
Em termos gerais, foi um episódio no qual pouco se passou (e o pouco que realmente aconteceu não teve qualquer tipo de destaque). Desde o monstro da semana, pouco interessante e, até mesmo, algo infantil; ao facto de Hope, a protagonista da série, mal aparecer neste primeiro episódio, são muitas as falhas a apontar a We’re Not Worthy, colocando-o entre os piores episódios de Legacies até à data, aos meus olhos.
Começo, no entanto, pelos aspetos que achei positivos. Antes de mais, aprecio a mudança de dinâmica entre Lizzie e Josie, com a primeira das gémeas a assumir uma posição mais protetora em relação à sua irmã, contrariando assim a tendência das temporadas anteriores. Não é segredo que Lizzie se preocupa com Josie, mas acredito que é sempre um ponto a favor da série quando esta o demonstra com maior intensidade – e não, não sou a favor de bullying, mas os comentários menos amigáveis de Lizzie são, em grande parte, a razão pela qual adoro a personagem. Processem-me!
A própria relação entre Lizzie e MG aparece como outro aspeto favorável a Legacies. O final da temporada anterior da série trouxe-nos algum desenvolvimento neste departamento, o qual parece ter continuação nestes novos episódios. Acredito verdadeiramente que MG (que assume, neste episódio, um merecido papel de liderança, adquirindo assim a alcunha de The Unifier) é uma boa influência sobre Lizzie e aguardo ansiosamente que a série explore a sua relação, preferencialmente num tom mais romântico.
Também Josie se insere nesta lista mais positiva, ainda que, na minha opinião, o episódio não tenha proporcionado à personagem o tempo de antena necessário para abordar de forma satisfatória tudo aquilo com que esta está a lidar. Após os eventos da mais recente season finale, Josie perde a confiança que tinha em si própria e nas suas habilidades enquanto bruxa, tomando a decisão de se desapegar – ainda que temporariamente – dos seus poderes. Vista como uma autêntica pária pelos seus colegas, Josie é incapaz de fugir ao sentimento de culpa que a assombra, pelo que decide afastar-se da escola enquanto lida com tudo o que aconteceu. Espero que Legacies continue a explorar este lado vulnerável de Josie no futuro e que a bruxa aprenda a viver com as consequências das ações do seu lado negro.
Menos interessante, no entanto, é o facto de Rafael ser o personagem que salva o dia por se tratar de um descendente do Rei Artur, sendo o único capaz de brandir a infame Excalibur, derrotando o monstro da semana. O interesse perde-se um pouco pelo facto de Legacies continuar a negar ao personagem uma narrativa que se apresente e que seja desconectada de Landon, sendo que esta nova peça de informação sobre o lobisomem aparece quase como por magia, não sendo capaz de arrancar de forma eficaz qualquer tipo de investimento da minha parte.
Passando agora para os pontos mais negativos (e correndo o perigo de soar a um disco riscado), tenho a dizer que, mais uma vez, a relação entre Hope e Landon surge como um entrave ao desenvolvimento da série e respetivas personagens. Na minha sincera opinião, se é verdade que, em tempos, Landon ajudou ao crescimento de Hope enquanto personagem, também é verdade que agora este a limita, impedindo o seu crescimento. De forma semelhante ao que aconteceu com as restantes séries do universo de The Vampire Diaries, também Legacies necessita de explorar e desenvolver as relações entre as várias personagens que compreendem o seu elenco, ao invés de se focar apenas no principal par amoroso. Acredito que a série dificilmente sobreviverá a outra temporada na qual a narrativa de Hope – que, relembro, é a personagem principal – gira quase de modo exclusivo à volta de Landon, pelo que espero que o bom senso prevaleça e que algo seja feito sobre o assunto.
Por fim, acredito ainda que a série precisa desesperadamente de ultrapassar o seu formato de monstro da semana. Ainda que, no passado, defendesse a decisão dos escritores em criar uma série estilo Legends of Tomorrow, rapidamente se tornou claro que Legacies é incapaz de balançar uma narrativa de temporada com estas pequenas histórias que compreendem, na sua grande maioria e salvo raras exceções, apenas um episódio. Assim, seria preferível e até mesmo benéfico concentrarem-se em criar uma história coesa e satisfatória ao longo de toda a temporada, ao invés de mudar o panorama a cada novo episódio.
We’re Not Worthy encontra-se já disponível para visualização através da HBO Portugal, que lançará um novo episódio de Legacies todas as sextas-feiras.
Inês Salvado