[Contém spoilers]
E chegamos, com muita pena minha, ao último episódio desta 1.ª temporada de Soulmates, sendo que em The (Power) Ballad of Caitlin Jones acompanhamos Caitlin (Betsy Brandt), uma mulher bondosa que, após esperar anos pelo resultado do teste, finalmente o recebe e fica a conhecer a sua alma gémea, um belo doutor de nome Nathan (JJ Feild), que, apesar de parecer perfeito, esconde um terrível segredo.
Vou-vos desde já confessar que estava bastante ansiosa, mas ao mesmo tempo também receosa, de ver este episódio, não só porque era o último da temporada e esse facto só por si parece que já carrega um peso importante, mas também porque, depois do quinto episódio, as minhas expectativas ficaram demasiado elevadas, mesmo eu dizendo para mim mesma que seria muito difícil conseguir superar Break on Through. Dessa forma, antes mesmo de começar a ver o episódio já estava a sentir um mix de sentimentos, pois tanto estava com as expectativas elevadas, como ia dizendo a mim mesma que provavelmente me iria desiludir, pois possivelmente o episódio não iria ser tão bom como o anterior.
No entanto, Soulmates conseguiu mostrar mais uma vez que para além de conseguir ser imprevisível, consegue muito bem fazer episódios e criar histórias de qualidade e, neste caso, apesar de, a meu ver, The (Power) Ballad of Caitlin Jones não conseguir superar a história apresentada em Break on Through, não deixou a desejar nem um pouco.
Gostei imenso do episódio, do início ao fim. E apesar dos minutos iniciais já parecerem ter dado as respostas todas relativamente ao desenrolar da história, ainda assim esta conseguiu surpreender-me em alguns pontos e até mesmo deixar-me ansiosa com o que estava a ver. Considero que a forma como The (Power) Ballad of Caitlin Jones foi realizado também ajudou muito a esse sentimento. Não parecia somente que eu estava a ver a história como simples espectadora, mas que estava também a sentir e a viver tudo juntamente com a personagem. De destacar ainda a interpretação outstanding de Betsy Brandt, que conseguiu ajudar ainda mais a essa sensação. JJ Feild, apesar de não ter tido tanto “destaque” como Betsy, conseguiu transmitir com as suas poucas interações que algo de errado se passava com ele. Até a própria Caitlin desconfiou de toda aquela perfeição. Eu também desconfiei e até já parecia desde o início que conseguia sentir nele uma vibe de psicopata e de serial killer (e afinal não estava enganada).
Apesar de algumas coisas no episódio terem sido previsíveis, tais como o facto de Nathan ser um serial killer, ou o facto de Caitlin matar Doug (Tom Goodman-Hill), o seu namorado, nada me fazia crer que ela iria acabar por matar Nathan também. Pensava que eles se iriam tornar um daqueles casais de serial killers, mas analisando bem, Caitlin, de certa forma, já nos tinha dado a resposta a isso logo no início. Ela não gostava da forma como ele tratava as mulheres, logo não iria deixar que ele continuasse a matá-las. E isso só não iria continuar caso ele estivesse morto. Sinceramente, gostei mais desse desfecho do que se eles se tivessem tornado efetivamente um casal de serial killers. No meu entender isso mostrou que mesmo que ela amasse Nathan, ela preferia ficar sem ele, ou seja, ficar sem a alma gémea que ela tanto desejou encontrar durante bastante tempo, do que deixá-lo fazer mal às mulheres. No entanto, ela própria se tornou uma serial killer (ou pelo menos foi isso o que deu a entender), a única diferença é que ela mata homens, o que para mim é um pouco hipócrita e até mesmo ilógico; independentemente do género, todos somos seres humanos. No entanto, na mente dela talvez exista essa distinção, quer-me parecer que por causa das antigas relações tóxicas/abusivas que teve e, portanto, para ela é horrível matar mulheres, mas se forem homens já não há problema nenhum.
Definitivamente o primeiro episódio de Soulmates não fazia prever a qualidade da restante série. Talvez fosse necessário um episódio assim para dar um pouco de contexto, mas a verdade é que a história do episódio não me tinha convencido muito e comparando com os restantes cinco, de facto é o mais fraco deles todos. Contudo, após esse episódio, Soulmates foi surpreendendo cada vez mais e mostrou que é, sem dúvida, uma série que vale muito a pena ver. É bastante diversificada, não só nas histórias que conta, mas também nos episódios que apresenta, e bastante imprevisível. Por mais que uma pessoa pense em possíveis histórias que possam vir a abordar, conseguem criar algo totalmente impensável, e o mais engraçado é que por mais impensável que possa parecer, acaba por fazer sentido e até ficamos a pensar em como é que não tínhamos sequer pensado nisso.
Mesmo neste episódio isso aconteceu-me. Nunca me tinha passado pela cabeça a possibilidade da alma gémea poder ser um serial killer, mas a verdade é que qualquer pessoa pode fazer o teste e, portanto, até mesmo um psicopata pode encontrar a sua alma gémea. Isso, para além de permitir explorar coisas bastante engraçadas (por assim dizer) levanta uma questão interessante: o que determina efetivamente as almas gémeas? É que Caitlin parecia uma “boa pessoa” (como ela própria chegou a referir) e nunca lhe tinha passado pela cabeça tirar a vida alguém, mas assim que ficou a conhecer o lado serial killer da sua alma gémea, começou a pensar nisso também. Será que o teste analisou algo da personalidade dela que nem a própria conhecia? De facto, Soulmates deixou ao longo dos episódios bastantes questões no ar e estas deixam-nos a pensar bastante (outro ponto da série de que gostei muito).
Posto isto, resta-me só dizer, em forma de conclusão, que já estou ansiosa para que saia a 2.ª temporada e que vou sentir saudades de ver religiosamente todas as semanas um novo episódio da série. E agora que já vi todos os episódios da temporada, posso dizer com toda a convicção que o meu favorito foi sem dúvida o quinto e acho que vai ficar na lista de episódios de que mais gostei de todo o sempre, seguido do terceiro, pela questão que abordou, a poligamia. Mas num todo, todos eles valeram bastante a pena, e Soulmates tornou-se uma série que eu vou recomendar a toda a gente, sem sombra de dúvidas!
Não percas a estreia no AMC Portugal, esta noite, às 22h10.
Cármen Silva