[Contém spoilers]
Mais uma semana se passou e já estreou no AMC o quarto episódio da série antológica Soulmates, Layover, onde acompanhamos Mateo (Bill Skarsgård) e Jonah (Nathan Stewart-Jarret), que, depois de se conhecerem num bar, se veem obrigados a partir numa aventura pelo México para tentarem recuperar o passaporte de Mateo.
Com esta premissa eu não sabia muito bem o que esperar de Layover, para vos ser sincera. As minhas expectativas estavam elevadas dado o terceiro episódio, mas fiquei com um pouco de receio pois não sabia muito bem como é que eles iam conseguir desenvolver a história deste quarto episódio e interligá-la com a premissa base da existência de um teste e com a possibilidade de, através deste, ficar a saber quem é a nossa alma gémea. No entanto, Soulmates conseguiu mostrar mais uma vez que é capaz de surpreender, conseguindo fazer muito bem essa interligação.
Ainda que tenha sentido um pouco falta, neste episódio, da abordagem relativamente aos pontos negativos e positivos da existência do teste e o impacto que isso poderia ter nos relacionamentos, isso acabou por ser compensado pela forma como focaram e abordaram a questão do amor. Mais do que isso, foi a sensação de lufada de ar fresco que senti durante a visualização de Layover. Não sei se é porque tenho sempre aquela ideia de que os episódios vão ser pesados emocionalmente (ou pelo menos estou sempre à espera disso), mas ver um episódio tão leve e divertido, ainda que se foque em questões importantes e interessantes, surpreendeu-me bastante.
De destacar o personagem Mateo, porque ele conseguiu fazer-me rir em algumas situações e acho que é impossível não se conseguir identificar com ele em algum ponto. Seja pela forma como lida com as coisas, seja pela visão que tem relativamente ao que é o amor ou até mesmo pelas situações que passa. A verdade é que gostei bastante dele e acredito que se não fosse ele o episódio não seria tão bom ou eu não teria gostado tanto.
O único ponto menos positivo, a meu ver, foi o facto de a história se ter desenvolvido demasiado rápido. Eu sei que ao ser um episódio único é normal que isso aconteça, ainda para mais eles não se conhecendo, mas foi impossível não sentir que as coisas aconteciam demasiado rápido. Isso mete-me ainda mais “confusão” quando se trata de histórias de amor. Sim, eu sei que existem amores platónicos e amores à primeira vista, mas não sei até que ponto isso é suficiente, pelo menos para mim, para justificar ter deixado de conhecer a alma gémea para ficar com essa pessoa.
Não quero com isto dizer que não tenha gostado da história ou do final (tanto é que eu nem estava à espera que este fosse feliz), mas talvez se o episódio tivesse tido duas partes, ou tivesse uma duração mais longa, fosse possível desenvolver mais a narrativa e talvez, dessa forma, até tivesse ainda mais impacto sobre o espectador. No entanto gostei bastante do episódio à mesma, ainda que o meu preferido se mantenha o terceiro, dado o final e a temática que abordou.
Considero que os episódios de Soulmates, como já referi na review anterior, têm vindo a evoluir progressivamente e que estão cada vez melhores, sendo que Layover é um bom exemplo disso. Ademais, de salientar o facto de os episódios serem bastante diversificados, não só nas histórias que apresentam, mas também entre eles. The Lovers foi quase como um thriller psicológico, Little Adventures abordou a temática da poligamia de forma bastante diferente daquilo que estamos habituados (pelo menos não me vem assim à mente mais nenhuma série/filme que o tenha feito) e Layover, mesmo apresentando uma história que pode considerar-se comum, diferencia-se pela forma como a questão do amor foi abordada e até mesmo pelo final.
Já para não falar das questões que este quarto episódio nos deixa e que definitivamente nos fazem pensar. Até que ponto o facto de sabermos da existência da nossa alma gémea não nos influencia? Será que Mateo teria sentido o mesmo pela sua alma gémea que sentiu por Jonah? Se fossemos nós no lugar de Mateo, desistiríamos de conhecer a nossa alma gémea para ficar com outra pessoa (que à partida já sabemos que não é a nossa alma gémea e que portanto poderá não haver tanta probabilidade de dar certo? E o que é que determina efetivamente a nossa alma gémea?
Cármen Silva