[Contém spoilers]
Já estreou no AMC o terceiro episódio da série antológica Soulmates, que decorre depois de 2023, num futuro onde é possível a realização de um simples teste que nos permite saber quem é a nossa alma gémea. Neste terceiro episódio de Soulmates, Little Adventures, conhecemos Adam (Shamier Anderson) e Libby (Laia Costa), um casal feliz que vê a sua estabilidade abalada quando Libby recebe o resultado do teste, que tinha sido feito numa altura em que eles não estavam bem.
Tanto na review do primeiro episódio como na do segundo, eu mencionei que esperava principalmente duas coisas de Soulmates: que a série se focasse nos pontos positivos e negativos da existência do teste e o impacto que isso poderia ter nos relacionamentos; e que os episódios deixassem a minha cabeça feita em água enquanto debatia mentalmente as questões apresentadas. Ainda que não de forma totalmente perfeita, Little Adventures conseguiu corresponder ligeiramente àquilo que eu esperava que seria Soulmates. Primeiro, abordou o impacto, na relação de Adam e Libby, de se saber quem era a alma gémea, e essa não corresponder à pessoa com quem se estava. Ainda que estes fossem muito felizes um com o outro e abertos a que cada um se envolvesse com outras pessoas (desde que seguissem regras estabelecidas por eles mesmos), viram a sua relação abalada.
Segundo, e como consequência do ponto anterior, já não houve aquele sentimento de que a questão do teste era meramente secundária, servindo quase como um adereço. Contrariamente às histórias apresentadas em Watershed e The Lovers, que a meu ver podiam muito bem ter sido desenvolvidas sem recorrer à questão do teste, a apresentada em Little Adventures não poderia ser desenvolvida sem recorrer à questão do teste – ou pelo menos eu não estou a conseguir ver outra maneira de a história se desenvolver, da forma como se desenvolveu, sem essa questão.
Terceiro, o episódio conseguiu deixar-me a pensar um pouco, em especial por causa do final. Não estava mesmo nada à espera que o episódio acabasse da forma como acabou e especialmente que apresentasse as ideias que apresentou. Isso fez-me ponderar sobre as questões abordadas, ainda para mais porque me coloquei na pele de cada um dos personagens, particularmente sobre o tópico da monogamia/poligamia aliado à ideologia das almas gémeas. Isto porque Adam e Libby eram felizes, mas, para além de ele não ser a sua alma gémea, Libby também não queria ter filhos, o que causava tristeza em Adam. Depois quando apareceu a alma gémea de Libby, esta começou-se a apaixonar por ela e mesmo esta conseguindo fazer algo que Adam não conseguia, como por exemplo, fazer com que Libby perdesse o medo que tinha relativamente a crianças e consequentemente a ideia de ter filhos, não lhe conseguia dar, mesmo sendo a sua alma gémea, o que Adam lhe dava. No entanto, aos estarem os três juntos, todos conseguiam retirar o melhor de cada relação e serem, assim, todos felizes. Agora se será sempre assim não sabemos, mas que faz pensar, faz.
Posto isto, resta-me só dizer que a minha esperança em Soulmates foi restaurada e que estou bastante mais ansiosa para ver o que os restantes três episódios ainda têm para nos oferecer. É certo que ainda há coisas a melhorar, mas sinto que os episódios têm vindo a evoluir progressivamente e que são cada vez melhores. Little Adventures não teve a mesma intensidade narrativa que The Lovers, é verdade, mas abordou a temática do teste e das almas gémeas da forma como eu esperava que Soulmates fizesse e ainda me conseguiu surpreender com aquele final.
Cármen Silva