[Contém spoilers]
E assim chegamos à tão aguardada mid-season finale de Vikings. Depois de nove atribulados episódios, a penderem mais para o lado do negativo do que do positivo, tendo em conta que é a última temporada, havia muita expectativa para o episódio que marca a longa pausa habitual da série. Devo dizer que apenas em parte foi aquilo que esperava, porque no que toca ao resto não me surpreendeu minimamente.
Era sabido que haveria uma batalha em The Best Laid Plans e, por norma, Vikings supera-se em larga escala neste tipo de momentos. Em termos coreográficos, de cenários e caracterizações, as batalhas dos nórdicos são autênticos shows televisivos. Ainda assim, e comparando com outras que já tivemos o prazer de ver na série, diria que a deste episódio ficou um pouco aquém daquilo que poderia ter sido. No que toca a estratégia de ataque o argumento merece dez pontos, mas nos planos de câmara focados nas lutas corpo a corpo achei que não teve o impacto que gostaria que tivesse tido.
Posto isto, vamos à parte da estratégia. Tanto Ivar como Björn herdaram de Ragnar o seu lado estratega e o visionário que havia em si. Quem não se lembrou imediatamente da cena dos barcos a serem puxados montanha acima quando viu Ivar e os restantes Rus a fazerem algo que em tudo se assemelha? O plano de Ivar de subir o rio e ficar encurralado parece algo saído da mente de Ragnar. Sem dúvida que os avanços bélicos dos Rus contra os vikings foram a melhor parte do episódio. Ah e afinal de contas Hvitserk sempre está do lado do irmão mais novo? Que desilusão.
Os momentos iniciais que nos mostraram as escassas forças do reino de Finehair não agouravam nada de bom. Parece que o novo rei da Noruega não conseguiu que os seus vassalos lhe jurassem lealdade e por muito que a natureza estivesse a seu favor e que tivessem um ou outro truque na manga (gostei imenso daquelas bolas gigantes que rolaram encosta abaixo. Como já referi anteriormente, uma das coisas que gosto mais em Vikings é o lado histórico da série e em como conseguem introduzir pequenas coisas que fazem toda a diferença), os soldados Rus foram simplesmente demasiados. Finehair está presumivelmente morto (o que nunca se pode dizer com muita certeza, porque ele já regressou dos mortos uma vez), as baixas do lado viking são incontáveis, os Rus conseguiram conquistar a capital (ou assim achamos) e o pior de tudo: aparentemente Björn morreu.
Devo dizer que o lado místico e simbólico da série sempre me confundiu. Nunca consigo perceber o que é realidade e o que não é, o que é suposto ser metafórico e o que tem um significado literal. Por isso, estou bastante dividida em relação à cena da suposta morte de Björn. Durante parte do episódio tivemos aquelas cenas em que este fala com Ivar na praia. Acredito que a conversa não tenha realmente decorrido, uma vez que Ivar estava demasiado ocupado a conjurar um plano para derrotar o irmão. A meu ver, parte daquela conversa ocorreu antes da batalha e outra, quando os corpos estão espalhados pelo areal, aconteceu nos momentos em que Björn é trespassado pela espada, mas sempre na sua mente. Nada daquilo foi literal com exceção da derrota do primogénito de Ragnar.
Não acredito, não posso nem quero acreditar que Björn tenha morrido. Depois de Ragnar, de Floki e de Lagertha Björn era o único que restava dos originais. Era o único que mantinha presente na série aquele espírito das temporadas iniciais e que me levou a acreditar no sucesso da série sem a presença do seu protagonista. É certo que muito mudou nele e nem sempre fez as melhores escolhas, no que toca a romance então, nem vamos começar, mas continuava a ser uma personagem muito querida dos espectadores e não sei o que será dos últimos dez episódios da série se a sua morte se verificar.
Tivemos ainda direito, nestes 45 minutos recheados de desgraça, ao nascimento do filho de Gunnhild que, infelizmente, não sobreviveu. Desde o início que achei que esta criança não ia ter bom fim e assim foi. E não me posso esquecer do que o detestável Finehair (como pude alguma vez achar que ele era boa pessoa? Olhando para trás é clara a sua falsidade) fez a Ingrid. Por muito que não goste dela não merecia o que ele lhe fez. Já me tinha perguntado se Ingrid não teria algum tipo de poder, visto que desde que chegou à vida de Björn só lhe têm acontecido coisas más. Será que é ela a culpada do desfecho do marido e da derrota dos vikings? Teremos de esperar até novembro para saber.
A primeira metade da 6.ª e última temporada de Vikings não foi aquilo que os fãs esperavam. Faltou sempre qualquer coisa em todos os episódios, com exceção do que se focou no funeral de Lagertha. A falta de diálogos e desenvolvimentos interessantes faz do conjunto destes dez episódios talvez o mais desinteressante da série, algo que não se queria de todo uma vez que esta é a reta final de uma grande série. Aguardam-nos mais dez capítulos e neles reside a esperança de um fim digno para Vikings.
Beatriz Caetano