[Contém spoilers]
A um episódio da mid-season finale, Vikings desilude uma vez mais. A minha previsão de que os dois episódios anteriores ao que marca o final da primeira parte da 6.ª temporada seriam mais impactantes, mais mexidos e, no geral, melhores do que os primeiros não se verificou. Resta-nos aguardar pelo 10.º episódio e ter esperança de que será o que temos esperado da série, sendo esta a sua última temporada.
Não posso dizer que Resurrection tenha sido um episódio desinteressante, porque não o foi. Pelo menos durante a maior parte do tempo. Contudo, também não teve o impacto desejado nem cativou como deveria. Os momentos mais fortes vão para as cenas decorridas em Kiev e na Islândia, que salvaram aquilo que, caso estas cenas não tivessem decorrido, teria sido um desastre de pré-mid-season finale.
Começando pelo local mais frio, continuamos sem saber muito bem o que é esta “terra dourada” e o que acham Ubbe e Torvi que vão lá encontrar. Será a América? Se tudo correr pelo melhor nesta temporada havemos de descobrir. Só espero que Ubbe viva para descobrir o novo território que tanto anseia. Ao longo da 5.ª temporada e agora desta Ubbe tornou-se num dos meus preferidos, se não mesmo o preferido. Tudo nele me relembra Ragnar.
Tenho a dizer que as mulheres antes de existir uma coisa chamada epidural eram seres imensamente corajosos ao terem filhos sem qualquer tipo de atenuante da dor ou sem saberem se o bebé está bem e na posição certa para nascer. Por momento pensei que Torvi fosse perecer durante o parto, mas parece que as preces deste desconhecido de quem Kjetill falara ao casal, Othere, surtiram efeito e tudo acabou por correr pelo melhor. E já que falo neste desconhecido, confesso que os olhos me iam saltando das órbitas e o queixo ia batendo no chão quando ele disse que se chamava Athelstan. “Não brinquem com os meus sentimentos”, disse eu em voz alta. Durante estes segundos quase que foi possível ver as roldanas do meu cérebro a funcionar enquanto pensava numa possibilidade ínfima de Athelstan estar vivo e ser aquela pessoa ali. Mas depressa percebi que este impostor mentia. Também Ubbe o percebeu e faço minhas as palavras dele: “You have no idea what that name means to me”.
Não consigo de todo prever o que vai ser desta storyline. Estará Floki vivo afinal de contas? Poderá ele ter sobrevivido à derrocada naquela gruta e Kjetill fez-lhe alguma coisa? Qual será o papel deste Othere no meio de tudo isto? Espero somente que não aconteça nada a Ubbe e que se Floki estiver vivo façam com ele alguma coisa de interessante.
Passando a outra terra igualmente gelada e igualmente pouco amigável: Kiev. Não esperava de todo que Hvitserk encontrasse já Ivar e muito menos da forma que aconteceu. A minha reação inicial foi choque, mas à medida que os minutos iam avançando percebi que Hvitserk planeia algo, provavelmente vingar-se do irmão mais novo. De acordo com as minhas rápidas contas temporais, entre Björn expulsar Hvitserk de Kattegat e este encontrar Ivar passou-se mais ou menos um mês. Pelos vistos foi tempo suficiente para que curasse a sua adição e as consequentes alucinações. Parece que teve também tempo para planear uma vingança. Espero, pelo menos, que seja esta a ideia dos argumentistas. Se não for e se Hvitserk escolheu o lado de Ivar cegamente uma vez mais, depois de todos aqueles episódios aborrecidos focados nos seus problemas psicológicos e com álcool e drogas então esta é definitivamente a pior temporada da série.
Ainda sobre Kiev, o ponto de interrogação sobre a verdadeira identidade da mulher de Oleg continua a pairar. Hvitserk pareceu não a reconhecer, nem achá-la parecida a Freydis o que me leva a pensar que talvez seja apenas uma sósia. Mas que as suas atitudes são estranhas, lá isso são. De certeza que ela faz parte de um plano de Oleg para subjugar Ivar ou, em última instância, matá-lo. A ver vamos. Esperemos que não seja mais um provável desperdício de personagem e de tempo de antena. Já Oleg e o seu exército naquela cena final deram-me verdadeiras vibes de Game of Thrones. A preparação do exército e a sua dimensão deixam antever uma grande batalha. Será no próximo episódio que veremos as forças de Dir?
Por fim, a storyline ridícula de Björn e dos seus dois amores. Confesso que nunca achei que Gunnhild e o Rei de Kattegat tivessem grande química, mas é óbvio que ela gosta muito dele. Björn está simplesmente a ser ignorante perante o que tem à sua frente. Também gostava de perceber qual é o plano desta Ingrid. Já percebemos que tudo menos sorte trouxe ela a Björn, mas agora que estão casados o azar vai aumentar ainda mais ou as coisas boas vão começar a aparecer? Com a ameaça iminente dos Rus, esta parte romântica com certeza ficará para segundo plano, mas gostava que eventualmente explicassem melhor qual é a ideia.
Ah e quase me esquecia. Harald e o seu lacaio Olaf. Outra história que continua sem cativar minimamente. Ainda assim, a batalha que se aproxima vai dar hipótese de deixar em stand-by todas estas futilidades sem nexo o que até certo ponto me deixa triste. Antes de episódios épicos recheados de batalhas, sangue e morte, Vikings tinha uma história profunda, na qual não era preciso que houvesse ação. Os diálogos e a estratégia política eram mais do que interessantes. Agora, nem isso. Mas ainda há esperança.
Beatriz Caetano