[Pode conter spoilers]
“Are there any lions or tigers about here?” Na passada semana, Batwoman trouxe-nos An Un-Birthday Present, o 11.º episódio desta sua 1.ª temporada.
Tendo lugar imediatamente após o desfecho de How Queer Everything is Today!, este episódio continua a seguir o dia de aniversário de Kate e Beth. Neste dia, as irmãs gémeas lutam contra demónios do passado, enquanto Mouse coloca em marcha um plano para tentar salvar Alice.
Depois de um forte regresso de temporada, Batwoman presenteia-nos com mais um excelente episódio, focado de forma quase exclusiva na relação entre a nossa heroína e a sua irmã gémea. Dando seguimento à revelação de que outra Beth existe agora na Terra-Prime, este episódio brilha não pelas suas cenas de ação ou temáticas polémicas, mas sim pelo seu storytelling, sempre cativante e bem executado.
Novamente, Batwoman utiliza o seu tempo para revisitar, através de múltiplos flashbacks, o passado de Beth e os eventos que a levaram a tornar-se Alice – algo que, de forma sensata, ocupa uma quantidade considerável do tempo de execução de An Un-Birthday Present. Este episódio parece vir a completar o puzzle que há muito se vem a construir, mostrando, de uma vez por todas, o momento exato em que a irmã de Kate adota esta nova personalidade como forma de lidar com tudo o que lhe está a acontecer.
Ava Sleeth volta a interpretar a pequena Beth numa performance capaz de comover qualquer um, levando a audiência numa jornada através dos horrores a que a personagem foi submetida. Esta dicotomia entre o passado de Beth e o presente de Alice, entre a inocência de uma criança e o produto de anos de abuso e, ultimamente, entre a irmã de Kate e a vilã de Gotham está presente em toda a sua força no decorrer deste episódio, sendo impossível não sentir qualquer tipo de empatia em relação à pessoa em quem a irmã de Kate se tornou.
A par e passo com estes flashbacks, as cenas entre Kate e Beth de uma terra alternativa em tudo vêm a ajudar a causa de Alice perante a audiência e, mais importante até, perante a sua irmã. De forma agradavelmente previsível, o propósito de Beth neste episódio está intimamente relacionado com a grande questão que se tem vindo a colocar ao longo desta temporada: será que Alice está para além de redenção?
Se Kate acreditava ter uma resposta sólida para essa questão, as suas crenças são completamente abaladas pelo conhecimento que poderia ter salvo a sua irmã no dia do acidente que viria para sempre a mudar as suas vidas. De imediato, a personagem sente-se novamente culpada pelas reviravoltas que a vida de Alice sofreu, algo que certamente virá a influenciar o futuro de ambas na série, até porque todos sabemos que dificilmente Alice e Beth poderão continuar a coexistir enquanto duas versões da mesma pessoa.
Este episódio veio ainda a colocar novas dinâmicas entre personagens na mesa, nomeadamente entre Beth, Luke e Mary, assim como entre Alice e Sophie. Se os primeiros três nos deram um vislumbre bastante positivo daquilo que poderá um dia vir a ser a bat team, as segundas tiveram a sua primeira verdadeira interação desde que Alice raptou Sophie no primeiro episódio da temporada. De forma brilhante, a irmã de Kate aponta várias semelhanças entre a sua situação e a de Sophie de forma a espicaçar e, em simultâneo, a criar solo comum com a personagem. A cena final entre ambas é particularmente poderosa e o facto de Alice deixar Sophie ir sem lhe fazer qualquer mal (pelo menos físico) é bastante revelador.
No que diz respeito a Alice e a Mouse – que, sejamos honestos, é o produto da mesma casa de horrores a que a nossa principal antagonista sobreviveu –, existe ainda uma grande questão por resolver. Afinal, o que é feito do pai de Jonathan? Pela forma como a história dos três se tem estado a desenvolver, não seria de surpreender que August viesse a tornar-se a primeira vítima mortal da dupla. Igualmente interessante, no entanto, seria ver o personagem regressar e observar qual a reação que Alice e Mouse teriam perante o sucedido.
Por fim, Batwoman volta a fazer uma pequena menção a Crisis através de Mary que, após devorar a tese de Beth, sugere a existência de vários universos e aponta a possibilidade de a irmã poder estar nesta terra devido a algum tipo de anomalia cósmica, basicamente explicando toda a crise em menos de um minuto. Honestamente, parece ser mais do que a altura certa para a personagem ser puxada para dentro do círculo que é a bat team e, ainda que não tenha sido desta vez, suspeitamos que não demorará muito até que o estatuto de Mary passe a ser oficializado.
No geral, este foi mais um bom episódio para a série, extremamente bem conseguido de um ponto de vista narrativo e, como já é típico em Batwoman, com um plot twist final que nos deixa desejosos por mais.
Batwoman terá o seu regresso no próximo dia 16 de fevereiro com um novo episódio.
Inês Salvado e Margarida Rodrigues