The Walking Dead regressa de um intervalo com mais de dois meses para nos presentear com um episódio que confirma as suspeitas: a série está de volta. Com a confirmação da 10ª temporada a estrear este ano, as reações do público foram maioritariamente negativas e, confesso, também eu soltei um pequeno suspiro e pensei “mais uma?”. No entanto, Adaptation prova que a história dos zombies ainda pode ser boa e ter algumas cartas para dar.
O episódio começou exatamente onde o anterior terminou. Jesus está morto e o gang rodeado pelos Whisperers. Esta cena inicial deu um bom ponto de partida para a segunda metade da 9ª temporada e espero que dite igualmente o ambiente que se vai viver. O pormenor do Whisperer a abrir o portão foi muito bom e transmitiu novamente aquela sensação de filme de terror.
Outro pormenor que quero destacar e que, por vezes, nem nos lembramos do quão importante é, é a música/efeitos sonoros. Durante todo o episódio estiveram sempre on point, aumentando a ansiedade ou o sentimento de pena em determinadas cenas.
O único erro que vejo neste episódio é mesmo o facto de Negan não ter fugido durante a noite, logo a seguir a ter-se soltado. Quando o vejo a passear-se por Alexandria ao amanhecer só me passou pela cabeça “mas porque raio não fugiu logo ele?”. Era óbvio que ia ser apanhado por alguém e esse alguém só podia ser Judith. Olho para esta dupla improvável um bocadinho como o anjo e o demónio, com um sempre a tentar dissuadir o outro. Tenho a dizer que gosto bastante da química entre eles e são duas personagens que, ironicamente, funcionam bastante bem juntas. Cailey Fleming, a atriz que dá vida a Judith, tem apenas 11 anos, mas faz o seu papel de uma forma tão convincente que por vezes me esqueço que Judith é suposto ter cerca de 9 anos. O que me leva a outro pequeno plot hole: o que raio andava ela a fazer sozinha no meio da estrada quando disparou sobre Negan?
Algo que quero acrescentar sobre Negan que, calculo terá alguma relevância nos restantes episódios desta temporada, é o facto de ter sido capaz de sentir pena dele nas cenas em que vagueou sozinho e quase foi morto por três cães. É assim que se percebe que o argumento não pode ser assim tão mau no geral. Durante essas cenas parte de mim pensava “Coitado, anda ali sozinho, só com uma pá, nem tem nada para beber”, enquanto outra vozinha surgia do fundo a dizer “Não te esqueças que ele matou o Glenn”. E pronto, acho que ganhou a parte que tem pena (para grande infelicidade do meu lado racional).
A parte em que Daryl dispara as setas para perceber se algum dos supostos walkers não é realmente foi awesome! Estava já a achar que iam matá-los todos sem capturar nenhum, mas conseguiram apanhar a dita Lydia. Contudo, parece-me que Henry a vai ajudar a fugir ou pelo menos contribuir para que os Whisperers entrem em Hilltop.
Toda a cena do funeral de Jesus foi super triste e emotiva. Como disse na review anterior, há muito que a morte de uma personagem não mexia comigo e foi com surpresa que senti uma lagrimita formar-se ao canto do olho. Acho que esta era uma personagem com muito para dar ainda e que, infelizmente, não foi explorada ao máximo.
Como assim Rosita está grávida de Siddiq, namora com Gabriel e tem Eugene como pretendente? Rosita sempre foi uma personagem muito apagada na série, aparecendo apenas em momentos críticos e não tendo muito a acrescentar à história. Talvez seja a forma de a produção lhe dar algum relevo, mas veremos.
Para terminar, quero apenas dizer que os Whisperers assustam-me mais do que um zombie alguma vez me assustou. Creio que a partir daqui vamos sempre desconfiar se serão realmente mortos-vivos ou vivos-a-imitarem-mortos e isso acrescenta muito à série. Era, talvez, o elemento que faltava para despoletar o que de fantástico há em The Walking Dead.
O que acharam? Há hipótese de a série voltar a ser o que era ou é só falsa esperança?
Beatriz Caetano