[Contém spoilers]
Russian Doll é a mais recente aposta da Netflix, criada por duas estrelas já bem conhecidas do público, Natasha Lyonne e Amy Poehler, e também por Leslye Headland. É uma série que difere bastante daquilo que estamos habituados a ver, pelo menos em termos de história: uma rapariga que parece viver repetidamente o dia do seu 36.º aniversário, que é também o dia da sua morte, e acontecem sempre coisas ligeiramente diferentes de cada vez que o revive, o que a deixa muitíssimo confusa quanto ao que se está a passar consigo.
É uma história movida, sem dúvida, pelo fator originalidade, o que lhe concede bastantes pontos positivos e prende o espectador ao ecrã, pois de cada vez que a nossa protagonista começa a reviver aquele dia, há sempre aquela esperança de que desta vez acabe por não morrer. No final do episódio somos deixados pendurados, porque é a terceira vez que ela revive aquele fatídico e aparentemente interminável dia e não chegamos a ver se desta vez morre ou se chega a casa sã e salva. É, portanto, escusado dizer que isso apimenta a nossa curiosidade quanto ao próximo episódio, pois queremos descobrir o que se passou e, sobretudo, queremos saber o que está a originar este ciclo sem fim.
Natasha Lyonne assume o papel da protagonista, Nadia, uma mulher que tem 36 anos e a atitude de bad girl que mais facilmente encontramos numa rapariga adolescente, e é muito convincente nesse papel, parece que nasceu para interpretar alguém com aquela atitude rebelde, o que é mais um dos pontos fortes de Russian Doll. Mas, curiosamente, aquilo que torna a série tão interessante e distinta é também aquilo que me impede de lhe dar uma nota superior: a repetitividade que caracteriza a história torna-a certamente única e transforma o primeiro episódio em algo bastante cativante, mas será que a série se vai conseguir manter sempre interessante ao repetir o mesmo dia e a morte da personagem ao longo de vários episódios? Pode ser que sim, já que de cada vez que Nadia revive o fatídico dia há várias coisas que mudam em relação à última vez e até pode ser que o ciclo eventualmente acabe por se quebrar e passemos da “repetição” para a explicação do que está a acontecer. Vamos então esperar para ver o que vai acontecer.
Em suma, foi um piloto muito interessante e que certamente nos deixou com sede de ver mais e de descobrir o que se passa, o que está na origem deste dia infinito. Será que vamos descobrir nos próximos episódios?
Beatriz Reis