Les Misérables é a mais recente adaptação da obra-prima literária com o mesmo nome da autoria de Victor Hugo, publicada pela primeira vez em 1862. Ao longo dos anos várias têm sido as adaptações feitas desta história intemporal, sendo que a mais recente remonta a 2012, com o musical também intitulado Les Miserábles e que teve como protagonistas Hugh Jackman, Anne Hathaway e Russell Crowe.
Les Misérables conta com Dominic West, Lily Colins e David Oyelowo nos papéis de Jean Valjean, Fantine e Javert. Tenho de admitir que uma das razões que me levou a espreitar a série foi o facto de Lily Colins estar no elenco. Já acompanho o seu trabalho há algum tempo e não podia estar mais feliz pela sua excelente prestação neste projeto.
Embora esperasse que, a qualquer momento, as personagens começassem a cantar, esta versão televisiva não conta com momentos musicais, o que faz com que a história tenha uma aparência mais sóbria e talvez mais real do que a versão que a antecedeu. Foi impossível não ficar vidrada no episódio logo nos primeiros minutos. A cinematografia e a atenção ao detalhe histórico estão muito bem conseguidos.
Daquilo que conheço da história original (uma vez que ainda não li o livro) posso afirmar que esta nova adaptação é-lhe bastante fiel. Na verdade, acho que o enredo escrito por Victor Hugo é tão interessante e cheio de conteúdo que não há necessidade de invenções e mudanças para o tornar mais apelativo. Mesmo que a grande maioria dos espectadores já conheça (nem que seja por alto) a história miserável de Jean Valjean, Fantine e Cosette, Les Misérables mantém o ambiente pensado pelo escritor na segunda metade do século XIX, alcançando uma série interessante, pautada pelo ritmo certo.
Por falar em história miserável de Jean Valjean, é impossível não sentir pena deste pobre homem que ainda só encontrou tristeza na vida. Dominic West faz um trabalho fantástico ao dar vida a este homem desgraçado e sem sorte, sendo visível a dor e sofrimento nos seus olhos. Já Fantine não teve tanto destaque neste primeiro episódio, mas pode-se adivinhar a maré de azar que se segue nos próximos capítulos.
Les Misérables podia ser só mais uma adaptação do famoso livro. No entanto, este primeiro episódio marca um nível elevado para a série, demonstrando ser uma poderosa rival, ainda que numa plataforma diferente, do conhecido musical. Não podia estar mais satisfeita com o que vi. A representação é excelente, a cinematografia é de deixar de boca aberta e a escrita de prender ao ecrã desde o primeiro minuto. Para quem aprecia séries históricas bem conseguidas só posso recomendar, até porque tem apenas seis episódios, embora não saiba se isso é bom ou mau!
Beatriz Caetano