A Netflix e a BBC, numa coprodução, oferece-nos Wanderlust, uma minissérie de seis episódios criada por Nick Payne. A série explora um casal de meia-idade, Joy (Toni Collette) e Alan (Steven Mackintosh), que se encontra aborrecido com a sua vida sexual e decide ter uma relação aberta.
Quero começar por dizer que, com este tipo de sinopse, estava à espera de ser inundada de imagens explícitas. Sendo uma série britânica, a temática é tratada de forma muito subtil, mostrando apenas o relevante para a história e desenvolvimento das personagens, o que pessoalmente me agrada. No início do episódio são mostrados flashbacks de Joy, envolvida num acidente de bicicleta que a deixou magoada na anca e percebe-se o quanto esta situação lhe afetou a auto-confiança. Acompanhamos a sua tentativa de voltar a sentir-se confiante intimamente com o marido, que não se mostra muito interessado. Alan, no entanto, mostra-se muito mais descontraído com a colega de trabalho Claire, quando esta o convida para entrar no seu apartamento. Devido a esta “bagagem” que é dada às personagens, consegui perceber o que leva à relação aberta, não parecendo de todo uma decisão sem sentido ou precipitada, mas exatamente o que ambos precisam.
Foi também interessante ver o casal perceber que o divórcio não era a solução para eles, já que são íntimos emocionalmente e querem continuar essa conexão, mas a monogamia não está a funcionar na relação. E falam sobre isso! É tão frustrante quando casais em séries não resolvem os problemas por falta de comunicação, mas neste caso ambos admitem, de forma mais ou menos fácil, que querem outras pessoas, apesar de a ideia de uma relação aberta ser um pouco estranha para ambos.
Foi um episódio divertido e mais cativante do que eu estava à espera, principalmente pela química entre o casal e pela forma como está escrito, dando espaço ao desenvolvimento das personagens e às suas várias (diferentes) conexões humanas.
Ana Oliveira