I’m the Doctor.
Depois de um longo tempo de espera, aqui temos a 11.ª temporada de Doctor Who. Como já é habitual na série, esta season premiere foi muito forte, entusiasmante, emocionante, cómica e reveladora daquilo que serão os próximos episódios. Como fã de DW que sou, tenho de dizer que já houve premieres melhores em temporadas passadas, especialmente em regenerações de Doctors. Contudo, isso não tira o mérito a esta nem à prestação de Jodie Whittaker, que me prendeu ao ecrã do início ao fim para conhecer esta nova versão da Doctor. É muito estranho chamá-la no feminino depois de tantos anos com homens no protagonismo da série (em parte, uma vez que as companheiras têm sempre muita percentagem do protagonismo também)! Vai-me levar algum tempo até não me soar estranho o Doctor ser uma Doctor.
A nível técnico, na minha perspetiva o episódio esteve acima da média de outros passados. Os efeitos especiais estiveram no topo da escala, super reais. Quanto ao genérico, não tenho a certeza se gosto muito, mas com tempo habituar-me-ei a ele. No que aos novos companheiros de aventuras diz respeito, gostei muito dos seus desempenhos no episódio. São personagens com características típicas de Doctor Who: estão limitados a uma pequena realidade e querem libertar-se, estão sozinhos ou perderam alguém querido, precisam de adrenalina para viver. Yaz encaixa-se nas primeiras duas e algo me diz que também gosta de sentir a adrenalina a percorrer-lhe o corpo. Ryan e Graham, infelizmente, passaram a pertencer às duas do meio. Desde o início do episódio que era previsível a morte de Grace. Personagens do género não costumam durar em qualquer que seja a série, muito menos em DW. A sua morte foi a parte emocional do episódio, assim como o discurso do seu marido no velório.
Doctor Who não seria Doctor Who se num momento não fizesse os espectadores rir à gargalhada; noutro, suster a respiração com medo do desfecho de determinada cena; e noutro ainda deitar algumas lágrimas num momento mais emocional. São momentos assim que fazem duma série uma boa série e Doctor Who é isso e muito mais. Quando Jodie pronuncia as palavras “I’m the Doctor” pela primeira vez no episódio foi impossível não me arrepiar, ficar com pele de galinha e sentir um sorriso na minha cara. Sim, é estranho ver uma mulher no papel de Doctor, mas tiro o meu chapéu a Jodie. Ela esteve mais do que à altura do papel que interpreta que, na verdade, não é apenas um papel, é um legado de gerações e de muitas décadas de histórias mirabolantes pelo universo.
Ainda assim, esta série é muito mais do que histórias de ficção científica, com dois ou três alucinados numa caixa voadora a arriscar a vida por planetas desconhecidos. DW tem sempre uma lição para dar em cada episódio, por mais pequena que seja. A deste prendeu-se com o facto de quem já cá não está continuar presente naqueles que lhe eram próximos e nas ações destes para honrar a sua memória.
Foi, sem dúvida, um episódio fantástico, sem qualquer momento aborrecido. Todos os segundos foram espetaculares. Passei por uma montanha-russa de emoções durante a hora que o episódio durou. Se assim não fosse não estaria a falar de Doctor Who! Esta nova era que se iniciou promete grandes coisas para a série e esperemos que signifique mais renovações. De preferência, durante mais algumas décadas!
Caso para dizer: brilliant!
Beatriz Caetano