(Spoilers ahead!)
Pose é o último grito de eloquência de Ryan Murphy, que contou com o apoio de Nina Jacobson, Brad Simpson e o aprendiz Steven Canals e, mais tarde, com os argumentistas Janet Mock e Our Lady J. É um drama musical do canal FX que contará com oito episódios e se passa em 1986. Mostra como a cultura nova-iorquina se começou a desenvolver nesta altura: ascensão da era Trump (muito luxo e ostentação), a “cena” social vivida na época e a cultura dos balls.
Um excelente elenco e com vários atores transgénero (o maior da história até agora) apresenta-nos um episódio com uma hora e vinte minutos muito bom para quem se relaciona com o género.
Nos anos 80 foi quando começaram a surgir os primeiros laivos da criação da comunidade LGBT. A cultura da dança, moda, música, estavam intrinsecamente ligadas a esta comunidade e esta série partilha a ball culture, que, para quem não sabe (ou nunca tenha ouvido falar), é baseado num sistema de “casas”, em que cada casa desfila num salão de baile e competem para ganhar troféus, prémios e, mais que isso, notoriedade. Uns dançam, outros competem em categorias de melhor drag queen, tornando o ball muito importante para os participantes.
Pose conta a história de Blanca (MJ Rodriguez), que descobre que sofre de HIV (doença da década sem cura, mas com melhores tratamentos nos dias de hoje) e quer realizar o sonho antes de morrer: ter uma ‘casa’ e poder vencer um ball.
Blanca faz parte da casa Abundance, liderada por Elektra (Dominique Jackson), mas farta de ter ideias roubadas por Elektra, cria a própria ‘casa’: Evangelista. Na rua descobre Damon (Ryan Jamaal Swain), que tinha sido expulso de casa dos pais por ser gay e por querer ser bailarino; assim recruta o primeiro membro para a sua ‘casa’. Depois há Angel (Indya Moore), prostituta que faz parte da casa Abundance, mas que por se dar bem com Blanca passa a fazer parte da casa Evangelista. Angel conhece Stan (Evan Peters) e apaixona-se por este, que é um homem casado com Patty (Kate Mara), e com filhos, que tem a pretensão de ser rico; então vai trabalhar na empresa de Donald Trump.
No geral foi um ótimo episódio. Um pouco confuso no início por não conhecer a ball culture, mas mesmo assim a única coisa que se pode apontar é o tempo de episódio. Foi demasiado longo, acaba por dispersar a atenção dada a todas as personagens.
Para quem conhece Ryan Murphy, Pose acompanha tudo aquilo que o produtor tem vindo a defender e que tem mostrado ao longo de séries como Glee, American Horror Story e até mesmo American Crime Story: o apelo aos underdogs e o elogio à comunidade LGBT assim como a chapada de luva branca que dá na sociedade quando aborda temas como este.
Aconselho vivamente a assistir.
Margarida Rodrigues Pinhal