[Contém spoilers]
“I’m not alone”
Não atingindo a masterpiece que foi o final da 5.ª temporada, o 6.º season finale de Arrow consegue ser uma conclusão mais que satisfatória, revelando não só originalidade como solidez no pensamento dos produtores e segurança para o que nos espera na aventura da próxima temporada.
Diaz mostrou ser um vilão inortodoxo desde o início, por exemplo só revelando ser o grande obstáculo da temporada após a midseason, “escondendo-se” antes atrás de Cayden James. E desta forma fez todo o sentido também a sua derrota ser bastante fora do comum. E a principal diferença é que temos pela primeira vez um vilão que não só sobreviveu como conseguiu escapar à retaliação final de Green Arrow. Não espero, nem quero, voltar a vê-lo como o principal antagonista no futuro, porém é claramente uma personagem que ainda tem muito a dar e penso ter sido uma excelente decisão a de terminar este arco com ele fora de jogo e a “lamber as feridas” para mais tarde retornar.
Um aspeto bastante fascinante neste final foi o de não só terem mudado o desfecho do vilão, mas terem usado elementos de todos os outros season finales ao longo do episódio. Na promo de “Life Sentence” houve um grande foco na situação do armazém armadilhado com bombas que deixou tanto Rene como Watson em perigo de vida e que me fez logo lembrar o final do ano passado com Prometheus. Pensei que fossem mais uma vez utilizar toda a narrativa de bombas e reféns, mas para grande surpresa o enredo foi bastante rápido, diferente e funcionou perfeitamente. Quanto ao final dado a Slade Wilson, na altura da 2.ª temporada vemos a equipa a considerar e a descartar rapidamente a possibilidade de enviar Diaz para a prisão em Lian Yu. Das lutas contra Meryln e Darkh, temos de um lado o cenário no topo de um edifício e no outro o cravar da seta como golpe final – embora neste caso não tenha sido mortal. Por fim, do confronto com Ra’s Al Ghul fica o paralelismo da queda de Oliver (que acabou por ser salvo por Atom) e a queda de Diaz às mãos de Black Siren.
Quem é que não ficou de boca aberta com a morte de Quentin Lance? Ainda me custa a acreditar que isso aconteceu mesmo e que acabámos de perder Paul Blackthorne no Arrowverse. Queria mesmo continuar a seguir a vida do detetive que chegou a Presidente da Câmara e o qual acompanhei durante tantos problemas, mas a sua perda veio dar toda uma dimensão diferente ao confronto com Diaz e à temporada no geral. A 6.ª temporada de Arrow ficará para sempre marcada como a temporada em que perdemos Quentin. A presença de Sara Lance mostrou-nos o momento em que esta e Black Siren estão finalmente frente a frent, e ainda fez este momento dramático da morte do pai ser mais sentido. Um pormenor interessante foi que tivemos a confirmação de que Quentin realmente tinha um pacemaker, explicando assim um possível plot hole do seu problema no coração que nunca mais tinha sido explorado anteriormente.
Por outro lado, parte de mim até estava à espera de ver Anatoly a ser sacrificado, mas tal não aconteceu, pois a personagem demonstrou ter um excelente instinto de sobrevivência. Não da mesma forma que Paul Blackthorne, já que convivemos com ele há mais tempo, mas David Nykl também é um ator querido pelo público e, como tal, esperamos que a sua personagem regresse no futuro e que a inimizade com Oliver esteja no passado.
O team-up com o FBI foi a mistura ideal, fazendo ressurgir a personagem de Watson e permitindo ainda encerrar o enredo de caça a Oliver Queen por suspeita de ser o Green Arrow – caso este que deu voltas e mais voltas, nunca nos deixando conseguir antever o final. Samandra Watson é basicamente a versão 2.0 da Amanda Waller (até os nomes são parecidos) e apesar de isso indicar que não é uma grande pessoa a nível moral, é no entanto uma excelente notícia para nós por ter o potencial para ser uma excelente personagem. Com certeza que a voltaremos a ver na próxima temporada e esperemos que os produtores invistam mais nela.
Os pedidos de desculpa e as reconciliações de Oliver vieram como um prenúncio de Última Ceia de quem sabe que poderá ser a última oportunidade que tem para aquelas palavras. No entanto, a longo prazo, servirão decerto como bases para o processo de cura e remediação da Team Arrow, mas ficam bastantes dúvidas sobre como será essa equipa no futuro.
Esta 6.ª temporada não começou de todo bem e demorou demasiado tempo a estabelecer-se. Entregou-nos um bom arco com Slade Wilson e um bom episódio no crossover, mas ‘engonhou’ ao máximo no arco de Cayden James. Felizmente, com Diaz a afirmar-se como o grande vilão, a temporada pôde assentar bases e criar a chama necessária até ao season finale, que entregou uma ótima conclusão da história, abrindo ainda as portas para a nova história. Num panorama geral, em que posição poriam esta temporada quando comparada com as outras cinco?
Classificação final da 6.ª temporada: 7.8
Desde 2007 surgiu a ideia para um filme a solo sobre o herói Green Arrow. A ideia original surgiu do escritor Justin Marks (Street Fighter: The Legend of Chun-Li, The Jungle Book), que se juntou a David S. Goyer (trilogia The Dark Knight) e em 2008 apresentaram como título para o guião do filme Green Arrow: Escape from Super Max. A ideia do filme seria seguir a história em que Green Arrow é acusado injustamente de homicídio e, após a sua identidade ser revelada como Oliver Queen, este vai parar a uma super prisão para meta-humanos, com sentença de prisão perpétua. Apesar de o filme nunca ter chegado a ver a luz do dia e de o herói não ter planos para ter a sua entrada no DCEU (onde rumores diziam que Matt Damon poderia interpretar o papel), parece que o guião verá uma adaptação não no grande ecrã, mas no Arrowverse na 7.ª temporada de Arrow. Será que as habilidades de Oliver serão suficientes para sobreviver fechado com tantos criminosos rancorosos? E poderá ele fazer alguma amizade lá? Entusiasmados com a ideia? Não parece má de todo. Arrow regressa em outubro de 2018 e, até lá, não se esqueçam, salvem as vossas cidades!
Emanuel Candeias