Chip (Jay R. Ferguson), depois de perder o seu melhor amigo e de descobrir que vai ser pai, decide mudar a sua vida e viver segundo a Bíblia, levando as suas palavras à letra. Esta decisão deixa a sua mulher Leslie (Lindsey Kraft) confusa e preocupada, principalmente quando Chip decide procurar a ajudar do Padre Gene (Ian Gomez), que se diverte com a situação. Contudo, Chip recebe o apoio da sua patroa, Ms. Meadows (Camryn Manheim), que lhe oferece a oportunidade de escrever sobre a sua experiência.
Living Biblically tinha muito a seu favor para ser uma das séries de 2018. A ideia é simplesmente genial, que explora a desvalorização da religião hoje em dia com a pitada de comédia e um elenco repleto de atores experientes e premiados. Contudo, este piloto deixou muito a desejar e não teve aquela magia das grandes sitcoms.
As piadas pareciam forçadas, como se os argumentistas tentassem inserir logo neste primeiro episódio o máximo de piadas (na sua maioria completamente desprovidas de qualquer tipo de comédia) para cativar a atenção dos espectadores. Hoje em dia, a receita para o sucesso das sitcoms é a ironia, o sarcasmo ou até mesmo a poker face do ator, que não deixa transparecer a gargalhada que muito provavelmente tem presa na garganta. Neste piloto, podemos assistir ao sorriso aberto da maioria dos atores, como Ferguson, Kraft e Tony Rock, que pareciam uns bonecos assustadores com um sorriso rasgado.
Apenas a prestação de Manheim conseguiu tornar esta estreia tolerável. Com uma postura incrível, foram os seus pequenos minutos no ecrã que salvaram Living Biblically do desastre completo. Também Gomez conseguiu transformar a sua personagem, que se previa um terrível cliché, em algo adorável e encantador.
A falta de uma banda sonora compatível com os momentos, as cenas rápidas e curtas, como se os produtores não soubessem bem onde cortar, fizeram deste episódio um ligeiro desastre, mas que com o passar dos minutos vai captando ligeiramente a nossa atenção.
Apesar disto, esta série é um diamante em bruto, com diversas arestas por limar, mas que pode vir a tornar-se numa agradável companhia para as segundas-feiras à noite.
Beatriz Pinto