[Contém spoilers]
O primeiro a espreitar pelo Portal
Gostam de Indiana Jones e são fãs de Stargate? Então, mesmo assim não sei se esta série é para vocês. Stargate Origins tenta lembrar-nos que a saga Stargate ainda está viva, mas se a qualidade desta série é indicadora de alguma coisa é que está viva, mas ligada às máquinas.
Stargate conta com um rico legado que, desde a sua criação em 1994, já nos trouxe 17 séries de televisão, diversas adaptações para bandas desenhadas e ainda dois filmes originais, The Ark of Truth e Continuum. Desta forma, Origins carregava um peso elevado nos ombros de trazer algo novo à saga e mostrar como realmente tudo começou.
A série foi criada por Mark Ilvedson e Justin Michael Terry e baseada, claro, no universo criado por Roland Emmerich e Dean Devlin; e a realização ficou ao encargo de Mercedes Bryce Morgan. Nas estrelas (um pouco apagadas) temos: Ellie Gall como Catherine Langford, Connor Trinneer no papel de Professor Paul Langford, Philip Alexander como Captain James Beal e Aylam Orian no papel do vilão Dr. Wilhelm Brücke.
Em 1929 é feita uma estranha descoberta no Egito. Dez anos depois, e após muita investigação por parte de Catherine e do seu pai, apesar de a especulação da relíquia descoberta ser de origem extraterrestre, pouco mais conseguiram descobrir sobre ela ou sobre a sua função. No entanto, quando o projeto parecia condenado ao esquecimento, aparece o ocultista Wilhelm Brücke com a missão de recuperar a relíquia para o império nazi e que parece ter informações de como ativar o portal.
Em muitos aspetos, a produção parece quase fan-made e não propriamente profissional. O local de filmagem dá a noção de ter sido escolhido um armazém abandonado que se aproveitou para a série. Muitas vezes apercebemo-nos da posição das câmaras e dá uma sensação de um trabalho amador de filmagem em que sabemos tratar-se de nada menos do que ficção, não nos deixando envolver na história. A interpretação dos atores é pobre e pouco impressionante. Para os mais atentos, conseguem encontrar erros no carro usado, já que o Volkswagen Kübelwagen que aparece no piloto apenas foi produzido em 1940 e o episódio acontece em 1938, sem falar que o modelo das armas MP40s que os nazis carregam não estão corretamente retratados – pequenos pormenores que quando se acerta neles o publico nem dá conta, mas que dão profissionalismo à produção e ajudam ao realismo. Por fim, o cliché de usar os nazis como vilões transmite uma extrema preguiça na escrita.
Algumas características interessantes nesta série é que cada episódio é de apenas 10 minutos, o que numa temporada de 10 episódios equivale mais ao menos ao tempo de um filme. Algo que restringe bastante o acesso ao público é o facto de a série ter estreado exclusivamente para stream no website Stargate Command.
Stargate Origins poderia ter sido o catalisador que levaria a um reavivar desta saga, mas tudo indica que tal não será o caso. Talvez ainda espreite o 2.º episódio, pois só se perdem 10 minutos, mas a esperança de que a qualidade melhore drasticamente é pouca.
Emanuel Candeias