[Contém spoilers]
3 Frosty Cuckoos
Quem é que já andava com saudades da família Strucker, dos elementos do Mutant Underground e até dos Sentinel Services? A má notícia é que o regresso da série também significa que esta está para acabar brevemente, faltando apenas mais dois episódios. As boas notícias são que não só este foi um bom regresso como a Fox (ou Disney? New Fox?) confirmou oficialmente a renovação para uma 2.ª temporada. Xcelente!
Quem já está confirmado que não voltará para a 2ª temporada devido a acusações de assédio sexual é o realizador Bryan Singer. Este exemplo soma-se a tantos outros que nos deixam com um gosto amargo de vermos anteriores ídolos a revelarem-se pessoas desprezíveis.
Saltando para o episódio em si, a verdadeira face de Esme e das suas irmãs gémeas revelou-se como a introdução das melhores super-vilãs mutantes que a série já teve. Estão a demonstrar ser personagens envolventes e carismáticas com um adorável jeito para manipular todos à sua volta. As suas atitudes no episódio antes do Natal tiveram tanto de bombástico como de controverso, pois se por um lado levaram à morte de vários agentes dos Sentinel Services, também é verdade que salvaram bastantes vidas mutantes. O conflito entre os mutantes graças às irmãs Cuckoo foi andando meio aos tropeções, criando ruturas não muito convincentes: as discussões de Marco e Lorna tornaram-se um disco riscado sem que nenhum deles desenvolva o seu ponto de vista; e os pais Strucker têm que ser mais consistentes entre a vertente de “pais galinhas” e o apoio à causa mutante. O ataque de Campbell e Turner também acabou por se demonstrar pouco impressionável e ficámos a perguntar-nos porque não fugiram Reed e companhia enquanto Wes aguentava a ilusão e porque é que os líderes do Mutant Underground só se preocuparam com o salvamento dos Strucker enquanto que os outros mutantes são “carne para canhão”.
Um dos destaques deste episódio foram os interessantes easter eggs e a forma como foram enquadrados na história. Para começar, o regresso do Hellfire Club é muito interessante, grupo este que já tinha anteriormente sido referido na série, nomeadamente que os Fenris (bisavôs de Andy e Lauren) teriam feito parte deste grupo. Pelo que nos foi apresentado dos seus membros e do seu quartel, parece que nesta adaptação o grupo será mais centrado em membros mutantes, mas mantém o estatuto para os ricos e poderosos e com a intenção de adquirir cada vez mais poder, de tal forma que parecem também estar interessados nos poderes dos irmãos Strucker. Aguardamos para saber mais das suas intenções no season finale. O seu aparente e atual líder, que transforma o pedaço de grafite em diamante, apesar de rodeado de mistério, pode corresponder à personagem dos comics de Harry Leland, mas ainda teremos que aguardar pela confirmação. Quanto às irmãs Cuckoo (Esme, Sophie e Phoebe Frost) fazerem parte do grupo é algo que encaixa na perfeição no que sabíamos até agora das personagens e também se adapta com o facto de a sua mãe, que também nos é indicado neste episódio que é Emma Frost, ter sido uma White Queen do grupo. As Stepford Cuckoos que tiveram um papel central neste episódio revelaram também a Lorna (aka Polaris) algo que já desconfiámos, ou seja, que o seu pai é Magneto (embora na série esta ainda não o tenha chegado a conhecer). Para além disso, é-lhe dito que Magneto já foi um “Rei” do Helfire Club, o que está de acordo com os comics, pois este chegou a ser o Grey King do grupo, juntando os poderes da White Queen e do Black King. E se seguirmos a linha dos filmes, nomeadamente de X-Men: First Class, aí Magneto mata Sebastian Shaw, que era na altura o Black King, podendo ter sido após isso que decide tomar controlo do grupo.
As novidades com Lorna não acabam por aqui e depois de a atriz Emma Dumont ter apontado numa entrevista aqui há uns tempos para uma mutação secundária da sua personagem, parece que realmente algo está a acontecer com os poderes de Polaris. Será este power-up definitivo ou apenas temporário com a gravidez? Relativamente à sua versão dos comics, a Polaris da série tem as suas habilidades muito enfraquecidas e esta poderá ser a maneira que a personagem sofre uma evolução no seu arsenal.
Outro realce desta semana foi o paralelismo com o funeral humano e o funeral mutante, evidenciando as semelhanças e diferenças que existem entre ambos, numa história de discriminação e ódio infelizmente tão bem conhecida repetidamente na História real. Com a morte do seu parceiro, o agente Turner atinge o seu ponto de rutura e a moralidade que antes o prendia a tentar resolver as coisas a bem parece ter sido posta de lado, abrindo oficialmente a caça aos mutantes por qualquer meio necessário, parece que finalmente Turner ganha o estatuto de vilão. Um desses meios é a fusão de poderes dos mutantes Hound que Campbell consegue atingir após analise dos resultados obtidos com as experiências feitas nos irmãos Strucker. Se antes estes mutantes controlados já se tinham revelado ser um perigo, agora podem muito bem ser mais do que o Mutant Undergound consegue lidar.
A curto prazo, este foi um bom episódio, mas a longo prazo, e principalmente no que respeita à próxima temporada, existem problemas na série que têm que ser imperativamente corrigidos. A base da série é bastante atrativa, os atores são convincentes e a realização consegue estar ao nível das séries de topo, o problema central ronda os escritores e a forma de ciclo vicioso com que lidam com a história. Tanto o enredo como as personagens aparentam evoluir, mas numa análise mais atenciosa percebe-se que estamos quase sempre a lidar com as mesmas questões e da mesma maneira, a série precisa de tomar apostas mais arriscadas e recompensar o público com desenvolvimentos mais significativos.
“X-Files”:
A história vai ferver na viagem até ao season finale, quando daqui a duas semanas saírem os episódios duplos “eXtraction” e “X-roads”. O Dr. Campbell tenta levar o programa Hound a nível nacional, Polaris descobre mais sobre o seu passado e inevitavelmente o refúgio dos mutantes é atacado. Está na hora de os mutantes escolherem se partem para a ofensiva ou não, será que os X-Men terão deixado algum que os possa ajudar? Não percam a conclusão de uma das melhores estreias de 2017. Até lá, não temam o que não compreendem!
Emanuel Candeias