Vikings está de volta! Ainda se lembram de onde tínhamos ficado? Brevemente, há que relembrar que havia muitas pontas soltas e futuros muito incertos, mas prometedores. Ragnar havia sido vingado pelos seus filhos, que tinham acabado com a vida de Rei Aelle e do Rei Ecbert; tinham vencido as batalhas com distinção, mas tinham também sido ludibriados por Ecbert, pensando ter recebido deste uma imensidão de terras que Ecbert não tinha legitimidade para oferecer, uma vez que as tinha passado momentos antes ao filho Aethelwulf. Em Kattegat, Lagertha e o seu povo tinham sofrido com um ataque da autoria de Finehair. E a vontade e ambição dos filhos de Ragnar eram bem distintas e regadas por um momento de enorme tensão. Bjorn queria desbravar novos caminhos rumo ao Mar Mediterrâneo; Hub e Hvitsark estavam satisfeitos com as “suas” novas terras; Sigurd acabara de perder a sua vida às mãos de Ivar, que perdia assim a confiança dos seus irmãos num momento em que precisava deles do seu lado para o acompanharem no seu desejo de expandir a conquista em terras inglesas.
Esta 5.ª temporada é também a primeira em que não poderemos contar com a presença de Ragnar Lothbrok e as opiniões dividem-se muito quanto ao potencial de continuidade da série. Com este episódio duplo começa o tira-teimas para percebermos quem se erguerá e tomará o “trono” da série e que rumo a mesma poderá ter!
Aquele que poderia ser o seu filho mais bravo e mais forte fisicamente, a comandar exércitos em batalhas épicas, Bjorn, não está muito preocupado em ser rei. Está numa fase de anseio por novas aventuras e novas descobertas, tendo sido um dos personagens que menos vimos neste início. Rumo ao destino no Mediterrâneo, Bjorn leva consigo um forte aliado, cujas motivações e aspirações não são bem claras, Halfdan, irmão de Finehair.
Finehair, por sua vez, tem intenções que já conhecemos bem, quer ser o Rei da Noruega e já tinha começado a mexer os seus peões no tabuleiro na temporada passada quando ordenou um ataque sobre Kattegat, após a partida do exército para Inglaterra. Não será de todo um espanto que ele queira nesta fase regressar a Kattegat, sobre o pretexto de partilhar notícias de vitória com Lagertha. Na verdade, Finehair teria a esperança de encontrar Lagertha destronada quando retornasse, mas aí enganou-se e foi feito prisioneiro. Um Finehair aprisionado oferece a Lagertha uma proposta de aliança e de se tornarem rei e rainha um do outro. Mas Lagertha, ainda que na cena seguinte não pareça, não está para aí virada. O que Lagertha não contava era que Finehair fugisse em menos de nada, ainda raptasse Astrid e se retirasse estrategicamente. Lagertha está uma rainha mais forte que nunca e ocupará também a linha da frente nesta fase pós-Ragnar, mas tem também muitos adversários e gente que lhe deseja mal, desde Finehair até aos filhos de Aslaug. O futuro de Lagertha promete ser um dos arcos mais interessantes da temporada.
Em Inglaterra, temos também bastantes candidatos ao papel principal. Apesar da trágica morte de Sigurd, provocado por Ivar, este, tendo herdado a força mental e poder de manipulação do seu pai, lá consegue convencer os seus irmãos, Ubbe e Hvitserk, a continuar ao ataque. York foi o primeiro alvo para fortificar a sua situação por aquelas terras. Ivar é claramente diminuído em termos físicos, mas penso que até poderá superar Ragnar em estratégia. Além do mais, está mais louco que nunca, talvez até mais que Ragnar nos seus períodos mais loucos, quase a roçar o limiar de psicopata sedento de sangue. Parece não haver limites naquela cabeça para a brutalidade e prova disso é o modo bárbaro como põe fim à vida do bispo de York com ouro em estado líquido a ferver para dentro da boca do bispo (a fazer lembrar Khal Drogo quando matou o irmão da Daenerys). Ivar, juntamente com os seus dois irmãos, lideram um exército temível para qualquer adversário, mas a harmonia entre os irmãos está longe de ser perfeita, com Ivar a querer sobrepor-se aos seus irmãos, e não é menos verdade que os seus potenciais oponentes merecem também respeito: o Rei Aethelwulf e o estreante Heahmund (Jonathan Rhys Meyers), um bispo pouco ortodoxo e um verdadeiro guerreiro movido pela sua cristandade.
Finalmente, resta-nos falar de Floki. Floki, na temporada passada, perdeu tudo o que lhe importava, o seu grande amigo Ragnar e o amor da sua vida, Helga. Não tendo mais nada que lhe interesse na vida, decidiu entregar-se ao mar e aos deuses e “estes” levaram-no até uma ilha que ele considera ser Asgard (“a terra dos deuses”). E se isso deixa Floki feliz, nós ficamos felizes por Floki e pela sua loucura e peculiaridade chegarem a um expoente máximo e hilariante.
Em conclusão, parece que Vikings, apesar de ter perdido o seu grande protagonista, que foi brilhante enquanto esteve em cena, não perdeu nenhum do seu interesse. Muito pelo contrário, temos muito a acontecer, muitas tramas por resolver, vários candidatos a ocupar o espaço deixado vago por Ragnar e ainda há núcleos como o de Bjorn que ainda nem foram explorados. É um episódio que nos deixa expectantes e empolgados com o potencial desta temporada.
André Borrego