“Então é Natal (…) e um ano novo também” e que melhor altura, em que passamos do velho para o novo, para contemplar o futuro que nos espera, o futuro para o qual, como sociedade, nos vamos encaminhando. A quarta parte do futuro sombrio espelhado pela Netflix chega-nos, como já estamos habituados, sob a forma de seis histórias independentes focadas num aspeto da cultura contemporânea e desenvolvido de forma distópica e futurista.
Pela sinopse dos episódios podemos esperar que, nesta temporada de Black Mirror, o criador e escritor Charlie Brooker continue a utilizar diferentes tons e formatos de forma a dar ênfase e a explorar os perigos do abuso da tecnologia, panoramas pós-apocalípticos e histórias desenvolvidas dentro da realidade distorcida da série. Apps para encontros, online gaming, tecnologia de vigilância e o desenvolver de ideias já anteriormente apresentadas, como a digitalização da consciência, são alguns exemplos do que podem esperar na temporada.
Toby Haynes é o privilegiado realizador a dar início a esta nova temporada e é alguém que não é estranho à temática de fantasia e sci-fi, tendo trabalhado em episódios de Jonathan Strange & Mr Norrell e de Doctor Who. O elenco conta com várias caras conhecidas como: Jesse Plemons (Fargo, Breaking Bad), Cristin Milioti (Fargo, The Mindy Project) e Jimmi Simpson (Westworld, House of Cards), todos eles com prestações incríveis que tornaram deste episódio uma experiência realmente memorável.
Quantos de nós não se imaginaram já dentro da nossa série, filme ou jogo favorito? Que aventura seria podermos experienciar o que as personagens fictícias vivem. Mas o que seriamos nós na realidade: heróis ou vilões? Quem somos na verdade quando os outros não estão a ver? Se fôssemos Deus de um universo, seríamos piedosos ou tiranos?
Atualmente, os jogos VR são uma impressionante demonstração do avanço da Humanidade em termos de imersão em gaming, havendo mesmo diversos relatos de pessoas a sofrer enjoo com alguns jogos. Hoje temos os óculos VR, amanhã o que será? Talvez… Infinity? “USS Callister” retrata a temática bem conhecida da realidade virtual e da evolução do mundo dos jogos para nos fornecerem experiências cada vez mais autênticas. No entanto, o episódio distingue-se de outras abordagens por nos mostrar o lado negro dessa tecnologia emergente. Dentro da mesma categoria, mas certamente com um tom mais leve, teremos em breve o filme Ready Player One de Steven Spielberg, a estrear em 2018.
Preparados para uma aventura no espaço sideral? As novas séries Star Trek: Discovery e TheOrville trouxeram em 2017 uma nova vida ao universo de Star Trek, agradando aos fãs de diversas maneiras. Black Mirror também presta homenagem a esse universo neste episódio, focando-se no formato das séries mais antigas e tomando atenção a todos os elementos, desde os cenários, vestuários, efeitos especiais manhosos (pelo menos em comparação com os de hoje) e até mesmo os diálogos. A cena inicial do confronto com Valdack e mesmo a maneira como lhe destruíram a nave foi um excelente testemunho da essência Star Trekiana.
O budget do episódio não há-de ter sido baixo e isso nota-se pelo calibre dos atores, mas também pela alta qualidade dos cenários, adereços e efeitos especiais. A Arachnajax está surpreendentemente bem feita e não só se enquadra no universo de Star Trek, mas de alguma forma também parece uma homenagem a Starship Troopers. Quanto ao enredo, consegue conjugar bem o tempo passado dentro da simulação e os acontecimentos da vida real. Inicialmente leva-nos a crer que a história vai avançar numa direção para depois sermos surpreendidos com vários twists ao longo do episódio e as performances de Jesse Plemons e Cristin Milioti trazem uma vida às suas personagens que é de aplaudir.
“USS Callister” capta na perfeição o espírito sombrio e macabro do futuro de Black Mirror, levando-nos numa viagem tensa e imersiva, mas acabando numa nota luminosa e positiva. Constitui por isso um excelente ponto de arranque da nova temporada e individualmente é daqueles episódios da série que poderia com sucesso ter estreado numa sala de cinema.
Dentro do seu género, Black Mirror é uma série que surgiu sorrateiramente, foi criando a sua legião de fãs e tornou-se um fenómeno com um peso e uma mensagem essencial e que permite a cada pessoa que vê refletir mais profundamente num ou outro ponto que é apresentado. Com tantas histórias diferentes, é um must see para todos, se não de uma forma integral, pelo menos em episódios individuais que despertem maior curiosidade. Sem dúvida que esta 4.ª temporada era uma das mais esperadas do ano e já está disponível em Portugal na Netflix. Quem é que já viu o primeiro episódio? E quem é já ‘maratonou’ a temporada inteira? Opiniões? A qualidade mantém-se em comparação com as temporadas anteriores?
Espelho meu, espelho meu Haverá alguém mais disforme do que eu?
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