[Contém spoilers]
No trust, no team
Quando as más ideias começam parece que nunca mais acabam. Dá a ideia que os produtores não sabiam bem o que fazer neste episódio, então decidiram inventar uns enredos à pressa, colar tudo e carregar no botão de velocidade de 2x, esperando que tudo corresse pelo melhor. Obviamente que não correu. Este episódio foi uma vergonha, não só para esta temporada, como para toda a série.
Primeiro, era mesmo preciso um casamento? Depois do sentido momento no episódio passado e com Felicity a confessar primeiro o porquê de não se querer casar e depois a pedir Oliver em casamento, esta festa de arromba agora é muito contraditória. Talvez uma pequena festa caseira tivesse feito muito mais sentido.
Claro que também houve bons momentos no casamento, com destaque para Quentin a assumir a figura paterna do lado de Oliver e a dar-lhe o relógio de família. Assim como o comovente discurso de Rene.
Segundo, já que se deram ao trabalho de arranjar um casamento, era mesmo preciso estragá-lo? Pareceu uma ótima oportunidade para dar às personagens um momento de relaxamento, semelhante ao que vimos na primeira parte do crossover na festa de ensaio do casamento de Iris e Barry, mas em vez disso foi realçada a ideia de que a vida de super-herói é completamente terrível. E apesar da importância da notícia que Quentin tinha, não podia mesmo esperar até ao dia a seguir?
Terceiro, a traição na Team Arrow… a sério?! Que situação impossivelmente ridícula! Em todos os aspetos! Começando por Oliver a desconfiar dos mais recentes membros da equipa sem pensar duas vezes. Percebe-se que ele tenha ficado escaldado com o caso de Evelyn, mas não só esta sempre demonstrou uma atitude estranha como na altura realmente era uma novata. Os três membros que restam da adição à Team Arrow já lá andam há bastante tempo e todos juntos já passaram por muito, merecendo um mínimo de confiança. De seguida, não houve nem uma pequena pista de que Rene tivesse feito algo tão grave para repentinamente largarem assim uma bomba de que ele traiu Oliver. Acham que se justifica o motivo para o ter traído?
Curtis e Dinah a ficarem do lado de Rene também me pareceu forçadamente dramático. Tudo bem que foram espiados e os membros originais da Team Arrow invadiram a privacidade deles, mas não foi nada que eles já não tenham feito com outros suspeitos. Sem falar que Dinah realmente andava a esconder os seus encontros com Vigilante.
O pior de tudo, que conseguiu superar todas as outras falhas, foi Thea a dizer a Oliver para ver as coisas da perspetiva de Rene e para o perdoar! Eventualmente poderia aceitar que Oliver o perdoasse, mas não passados cinco minutos de este ter descoberto a traição. E para quê? Para imediatamente a seguir Wild Dog desobedecer a Green Arrow no campo e se queixar que não confiam nele. Mas o que é que os escritores do episódio estavam a pensar…?
Quarta má ideia, a revelação da equipa de super-vilões era suposto ser o grande cliffhanger da midseaon finale; no entanto, nem se percebe de onde surgiu esta aliança. Quem é a personagem ao lado de Cayden? Porque é que Vigilante está de repente a trabalhar ao lado dos vilões? Dragon teve direito apenas a uma aparição apressada e agora já é um dos grandes vilões da temporada? Não foi feito qualquer esforço para esclarecer os objetivos de Cayden James, que seria um dos pontos mais necessários deste último episódio do ano. Como as coisas estão, Cayden é o pior vilão de temporada que Arrow já teve.
E já que estamos numa de apontar os erros: Quentin esqueceu-se que Sara ainda está viva e que, como tal, ainda tem uma das filhas? E bastou uma conversa mais dramática com Black Siren para ela passar de sem sentimentos para compassiva?
Tentaram escalar as coisas de uma maneira que não chegou nem aos calcanhares do que seria preciso nem para a Team Arrow se separar toda assim de repente, nem para a Legion of Doom (ou o que quer que aquele grupo se chame) se formar assim do nada.
Fica já como desejo para 2018 que Arrow consiga achar o caminho de volta na segunda metade da temporada. Até lá, salvem as vossas cidades!
Emanuel Candeias