[Contém Spoilers]
Passaram 11 anos? Nem damos conta quando começamos a ver o novo episódio de Will & Grace. Os produtores pareceram querer deixar de parte ou “esquecer” como foi a season finale da temporada 8. Um recomeço, como se nunca tivesse acabado, ou seja, voltamos a ver os quatro amigos no apartamento 9C em Manhattan, solteiros e sem filhos, à exceção de Karen, que continua casada com Stan.
Logo no começo do episódio e, muito provavelmente, antes que os fãs começassem a questionar-se, os protagonistas fazem o obséquio de nos informar em que ponto da situação se encontram. Will está de novo desimpedido e à procura de namorado, Grace voltou a mudar-se “temporariamente” para casa do amigo, até que a poeira do divórcio assente, mas todos sabemos que não é assim, o temporário acaba por ser permanente.
A trama deste primeiro episódio gira muito em torno da política e da eleição do novo presidente dos E.U.A. Pois claro que Karen é amicíssima da Melania, a Trump, e consegue um trabalho, como é hábito, para Grace redecorar a Sala Oval. Sim, a da Casa Branca! Mas aqui impõe-se um novo desafio, Grace é altamente crítica em relação à eleição da nova administração e ao novo presidente, mas no entanto acaba por aceder a fazer o trabalho pelo bem que trará à sua carreira. Entretanto, Will, também numa “luta” com um congressista que vota contra todas as leis acerca do ambiente, escreve-lhe diversas cartas de protesto, mas o seu verdadeiro interesse é outro, já que o congressista é gay e giraço.
Will consegue aceder a uma palestra do congressista na Casa Branca no mesmo dia em que Grace vai à Sala Oval para iniciar a sua redecoração, sem que ambos saibam que se encontram no mesmo sítio. Eis que, ao cruzarem-se, ficam zangados um com o outro pela hipocrisia de ambos, já que Grace é uma acérrima crítica de Trump, mas acedeu a ir lá e Will, que escrevia as cartas ao congressista com o verdadeiro interesse de o conhecer pessoalmente. A conversa entre os dois leva-os a uma discussão mais acesa e iniciam uma luta de almofadas em plena Sala Oval, o que os faz ser expulsos da Casa Branca e que Grace perca a oportunidade de trabalho. Ganharam com isto o cómico Jack – que ainda aqui não tinha falado nele e sempre foi a minha personagem favorita -, que consegue um encontro com um rapaz dos serviços secretos, e Karen, que teve a oportunidade de pernoitar na casa mais famosa dos EUA. Mas isto não deixa Grace chateada já que, como ela diz, teve a oportunidade de alterar uma coisa na Sala Oval, deixando assim a sua marca e o seu protesto, ou seja, deixa lá um boné igual ao que Donald Trump normalmente usa, mas com a frase “Make America Gay Again”.
Sempre fui fã da série, mas quando soube que ia recomeçar fiquei um tanto apreensiva. Dico sempre neste tipo de situação, porque espero sinceramente que seja tão boa como antes, mas com muito medo que desiluda. Aqui não foi o caso, o facto de terem ignorado a season finale e voltado às historias dos quatro amigos como antigamente, na minha opinião, foi acertada. Por muito que quiséssemos bem a todos, é muito mais engraçado vê-los nas suas aventuras do que vê-los casados e com filhos, o que poderia tornar a série mais aborrecida. Tudo bem que possa haver quem não ache muita piada ao esquecerem-se factos tão importantes nas vidas das personagens, mas para mim foi uma boa aposta. Voltemos às zangas temporárias do Will e da Grace e o fazer das pazes porque o amor e a amizade entre ambos é enorme; voltemos às tontarias do Jack (para mim basta ele entrar em cena para me fazer rir imediatamente); à indiferença da Karen em relação a tudo, interessando-se apenas pelo álcool, comprimidos, dinheiro e estatuto, mas no fundo sendo uma boa amiga de todos.
É claro que aconselho e irei continuar a ver a série. A nostalgia era muita, fiquei sinceramente agradada com este primeiro episódio, adoro-os! E, mais uma vez, sem desprimor pelos outros atores, Jack (Sean Hayes) enche toda uma tela; a dinâmica dele é gigante, não só pelas falas, a forma de ser e as caras que faz valem por tudo. Venham mais e mais episódios!
Ana Galego Santos