No passado dia 15 de setembro, chegou à Netflix uma nova série: American Vandal. Este mockumentary (um programa que toma a forma de um documentário, de modo a satirizar a situação) segue o rescaldo de uma partida de secundário que deixa vinte e sete carros de professores completamente vandalizados com símbolos fálicos. Dylan Maxwell (Jimmy Trato), sempre conhecido como o palhaço da turma, é imediatamente acusado do sucedido e expulso da escola. No entanto, nem todos acreditam que Dylan seja o culpado – Peter Maldonado (Tyler Alvarez) começa uma investigação com o objetivo de averiguar se Dylan realmente é quem está por detrás do crime.
Apesar de poder ser considerado bastante bom no seu próprio campo, tudo sobre American Vandal leva a que a sua visualização se torne penosa, se não mesmo física e psicologicamente dolorosa. Desde o início do episódio que nos são apresentadas cenas e peças de diálogo tão vulgares que perdi a conta ao número de vezes que carreguei em “pause”. A certo ponto, a parvoíce tornou-se tanta que cheguei mesmo a parar o episódio para tomar um analgésico – uma medida absolutamente necessária para deixar de sentir a morte dos meus neurónios.
Realmente, é difícil identificar com precisão qual o aspeto de American Vandal que faz com que um episódio de trinta e cinco minutos se torne numa jornada de quase duas horas. Talvez seja o uso excessivo da palavra “pila”, uma das palavras mais infelizes da nossa bela língua portuguesa, que é dita pelo menos umas cem vezes no decorrer do curto (ou excessivamente longo?) episódio.
Apesar de tudo, volto a reforçar: dentro do género em que se insere, American Vandal tem tudo para ser um bom mockumentary. Mas, quando se tem em consideração o grande esquema das coisas, deixa muito a desejar. Como, por exemplo, o seu fim.
Inês Salvado