[Contém Spoilers!]

Para quem acompanhou oito temporadas de Castle, é fácil pensar que Stana Katic mudou de série, mas manteve a mesma personagem. Contudo, não podíamos estar mais enganados. É certo que, em Absentia, Emily Byrne (a personagem de Stana) está ligada à polícia, mas as semelhanças com Castle terminam aqui. Absentia não é nada uma série descontraída e tem um registo bem sombrio, tal como Emily. E Stana consegue transmitir na perfeição a angústia e desespero que a sua personagem sente no desenrolar da história.

Emily Byrne é uma agente do FBI que, durante uma perseguição ao assassino em série mais procurado de Boston, Conrad Harlow (Richard Brake), desaparece sem deixar rasto e é declarada morta. Seis anos depois, é encontrada numa cabana, dentro de um tanque cheio de água e praticamente a afogar-se. Quando acorda no hospital, não tem memória do tempo em que esteve desaparecida e depara-se com o marido, Nick Durand (Patrick Heusinger), também agente do FBI, casado com Alice (Cara Theobold) e com o filho Flynn (Patrick McAuley), de 9 anos, que não a reconhece como sua mãe.

Vamos conhecendo um pouco as personagens da vida de Emily e é penoso ver Nick a lidar com tudo o que lhe está a acontecer, dividido entre as duas mulheres que ama, sem saber qual das duas amparar e tentar não ferir os sentimentos de nenhuma delas. Alice aparenta ser forte e estável quando está na presença de terceiros, mas no fundo está destroçada. Já o pai de Emily é um conforto para ela, juntamente com o irmão Jack (Neil Jackson), que perdeu a licença de médico depois de se tornar alcoólico com tudo o que aconteceu à irmã, mas que agora está sóbrio.

Paralelamente, Tommy Gibbs (Angel Bonanni), o detetive do departamento da polícia de Boston, começa a investigar o aparecimento de um cadáver com as pálpebras cortadas, tal como a assinatura do assassino em série de há seis anos atrás. O cadáver acaba por ser Robert Semerov, responsável por tráfico de pessoas e exploração sexual e o foco do último caso que Emily investigou antes de desaparecer. Quando o ADN de vestígios nas unhas do cadáver apontam para Emily, conhecemos um novo significado para ‘um mal nunca vem só’ e parece que Emily não vai ter descanso tão cedo. Tommy e Nick acabam por formar uma espécie de parceria para desvendar o misterioso caso, depois de Nick descobrir que alguém do FBI é corrupto e possivelmente o causador dos recentes assassinatos, tal como o culpado por raptar e incriminar Emily. Será que é alguma personagem que já foi apresentada?

Conrad Harlow, o suposto assassino em série, foi acusado de ter morto Emily e sentenciado a prisão perpétua. Contudo, quando Emily aparece viva, Harlow sai em liberdade para ir a julgamento por rapto em vez de assassinato, pois não pode estar preso por um crime que não existe. De destacar que Harlow é um herdeiro de milionários, mas não se justifica não ter ninguém a vigiá-lo até ao julgamento, certo? Pelo menos depois de Emily ter entrado na casa dele para o confrontar… Bem, o que é certo é que Harlow aparece morto no final do segundo episódio e aposto que vai haver indícios que incriminam Emily.

Depois de dois episódios só me pergunto: porque é que toda a gente espera que Emily se comporte como a Emily que conheciam, quando deviam compreender a posição dela e perceber que nitidamente sofre de stress pós-traumático? Principalmente depois de vermos as visões que Emily vai tendo sobre pormenores de que se vai lembrando. E nem quero imaginar as atrocidades que passou, torturas e sabe-se mais o quê!

Por fim, achei a história bem construída, tal como a forma como foi sendo revelada. Gostei bastante da cinematografia e das paisagens da Bulgária, apesar de supostamente ser Boston. E penso que para uma série que ainda não encontrou ‘casa’ nos Estados Unidos da América, consegue superar todas as expectativas. Absentia presenteou-nos com um bom ponto de partida para mais oito episódios, que prometem ser tão empolgantes como os primeiros. Mal posso esperar pelo próximo! Não percas segunda-feira, dia 2 de outubro, às 22:15h, em exclusivo no AXN Portugal.

Ana Velosa