Estou danada. E triste, muito, muito, muito triste! E maravilhada. E muito danada! Foi assim que fiquei a sentir-me depois de ver o penúltimo episódio daquela que é também a penúltima temporada de Game of Thrones. Todo um misto de emoções contraditórias. Porque tivemos um dos momentos mais aguardados da história da série, mas também tivemos decisões parvas, uma morte de partir o coração… Em suma, tivemos um episódio que ficou um pouco aquém de outros penúltimos episódios e de outros desta temporada. Contudo, é capaz de ser dos episódios mais importantes até à data.
Já disse que estou imensamente triste? Das mil e uma mortes que ocorreram até, só derramei umas lágrimas por Hodor e Shireen. A de Viserion deixou-me igualmente destroçada.
Se quando David Benioff e D.B. Weiss disseram que as últimas duas temporadas iriam ter menos episódios me deixou entusiasmada, agora não sei se foi assim tão boa ideia. Se bem se recordam, Sam demorou uma temporada inteira a ir da Muralha para a Cidadela, agora as pessoas movimentam-se em distâncias quase tão longas em um ou dois episódios. A temporada parece ser apressada, também em termos de conteúdo. Se num minuto o foco principal era Daenerys vs. Cersei, agora num piscar de olhos já é a verdadeira guerra, a guerra contra os mortos. Depois dos eventos em Beyond the Wall, Game of Thrones nunca mais vai ser o mesmo. As guerras de poder chegaram ao fim. O que se encontra do outro lado da Muralha é que é o verdadeiro problema.
Winterfell
Arya e Sansa são tão parecidas como o gelo e o fogo. As duas nunca se deram bem e ninguém estava à espera que as duas tivessem uma relação calma e pacífica agora que estão reunidas em Winterfell. O primeiro fator é que não há ali ninguém a servir de conciliador, de ponte de entendimento entre elas. Bran é uma sombra da sua antiga pessoa e Jon anda nas suas próprias aventuras. Com Mindinho ao barulho, isto só podia dar confusão.
Não interessa pelo que é que cada uma passou; Sansa nunca sobreviveria no lugar de Arya e vice versa. E chega. Elas têm de se entender e de se juntar e voltarem a ser uma família. Isso se quiserem manter Winterfell.
Contudo, não sei se esta situação entre Arya e Sansa é assim tão preto no branco. Mindinho falou em manter Brienne por perto no caso de Arya recorrer à violência e Sansa despachou a guerreira para Porto Real para a reunião com Cersei. E a cara dela quando Brienne saiu indicou que algo mais se passa. Espero bem que sim. Mindinho pode ser dos homens mais inteligentes de Westeros, mas Arya e Sansa não sobreviveram estes anos todos sozinhas por serem desprovidas de massa cinzenta.
Pedra do Dragão
*Tenso*
É isto o resumo da relação entre Daenerys e Tyrion neste momento e desde que chegaram a Westeros, praticamente. É de mim ou ela está a ficar ligeiramente paranoica? Okay, eu entendo que esteja um bocado porque Tyrion é realmente irmão das duas pessoas que mandam em Westeros, mas… calma, flor.
Falar da sucessão é realmente um assunto importante, mas com esta desconfiança e com a impaciência e preocupação por Jorah e Jon, a Rainha dos Dragões queria tudo menos falar sobre a vida após a tomada do Trono de Ferro. Se calhar, Daenerys vê esse dia cada vez mais longe. Porque se Cersei já era um inimigo forte, os que vêm aí são mil vezes piores.
Será que Tyrion ainda não conhece Dany? Nunca na vida ela ia ficar parada em Pedra do Dragão quando havia um pedido de ajuda daqueles. Daenerys é, acima de tudo, uma salvadora, uma revolucionária. Ela falava que Drogo, Daario, Jorah e Jon armavam-se em heróis e morriam à custa dessa bravura desmesurada. Contudo, ela não fica muito atrás e há uma razão pela qual atrai esse tipo de homens. Ela sabe que é poderosa e praticamente intocável graças aos dragões, mas isso não quer dizer que não faça tudo pelos seus, pelo seu povo. Mesmo que seja insensato e pouco seguro.
Para lá da Muralha
Continuo fascinada com a grupeta que ali se formou para capturar um morto-vivo. Algumas vez imaginaram ver Jon Snow, Sandor Clegane, Gendry Waters, Tormund Giantsbane e Jorah Mormont na mesma cena e ainda por cima com um objetivo em comum? Pois, eu também não!
As conversas entre os vários personagens desdramatizaram um pouco o ambiente e resultaram bastante bem. Com Tormund a destilar a sua paixão por Brienne, a língua afiada do Cão de Caça, as conversas filosóficas entre Beric e Jon – visto que ambos tinham sido ressuscitados pelo Senhor da Luz… Foi uma lufada de ar fresco face ao que os aguardava.
Agora, claro que o plano deu para o torto. MAS CLARO! Mal o plano saiu da boca do Tyrion vi logo que era mesmo uma missão suicida e meio disparatada. Os mortos-vivos nunca fazem passeios a pé, vemo-los sempre juntos. Além disso… O Tyrion conhece muito bem a irmã, é verdade! E ela nunca na vida fez alguma coisa altruísta. Só pelos filhos, e esses foram-se! Por isso, provando que eles realmente existem, vai fazer com que ela veja a razão pela primeira vez na vida? Ela para não ir presa explodiu um septo cheip de pessoas. Hello, aquela mulher é maluca!!
Pelo menos uma coisa positiva tivemos… Vá, duas! A primeira é que descobrimos que matando um Caminhante Brancos, todos os zombies criados por si perecem também. Portanto isto é para pensar como Tywin Lannister pensou quando matou Robb Stark. Mata-se o líder e derruba-se uma causa. Tcha-nan! O problema é chegar-lhe… e depois da cena final ainda vai ser mais complicado. Pois, por isso os Caminhantes ficaram lá atrás desta vez. Não se podem arriscar a levar com uma espada de aço valiriano.
A segunda… Bom. Claro que depois o grupo ao ver-se preso numa ilha rodeado de zombies e sem hipótese de fuga só tinha uma hipótese: pedir auxílio a Daenerys. Óbvio! Quase que parece que isto foi só para mostrar aquilo que todos andamos há anos à espera. Ver finalmente o fogo contra o gelo. Os dragões contra os zombies. Quem não adorou ver Drogon, Rhaegal e Viserion a exterminá-los a todos? Ai, eu adorei! Adorei tudo, até me esqueci do que me tinha irritado antes. E depois veio a tragédia, se calhar a maior tragédia que aconteceu até hoje na série, pelas consequências que tem. O Rei da Noite mata Viserion em pleno voo e parece que a lança também me atingiu em mim. Confesso que doeu. Doeu muito. Ver o dragão a gritar e a cair, os gemidos dos irmãos e a cara de pleno horror de Daenerys. Esta hipótese já tinha sido levantada, mas era tão horrorosa, tão trágica! Daenerys ficou sem família, sem marido, sem bebé… e agora ficou sem um filho. Se fiquei furiosa quando Bronn tentou matar Drogon, imaginem como fiquei agora!!
A cena de batalha em si foi boa, mas não havia grande batalha ali. Eles nem eram uma mão cheia e os outros são aos milhares. Quanto tempo é que eles ficaram naquela ilhota? Com aquele briol, a água não deve ter demorado assim tanto tempo a congelar. Portanto, o Gendry é um Usain Bolt e os dragões tomaram speeds para tudo isto acontecer, no máximo, em duas noites. Certo?
Claro que Jon ficou para trás. Faz mesmo parte do feitio dele, ser o herói (como Dany muito bem disse) e ver sempre o “bem maior”. A prioridade era levar o morto-vivo para Porto Real. E Daenerys, com os outros já seguros em cima de Drogon, deixou-o de coração na mão. Okay, meninos, já podem parar. Já sabemos que aquilo vai rolar eventualmente e estão incestuosamente caídinhos um pelo outro. Podem acalmar a tensão sexual, credo! E esta não foi a parte mais melosa.
Tio Benjen? Hã? Hã? Será que o único objetivo de o terem deixado vivo foi para salvar Bran e Jon? E porque é que ele não fugiu com Jon? Cabiam perfeitamente os dois no cavalo. Se calhar foi para dar tempo a Jon para fugir e descansar o coraçãozinho de Daenerys, que ficou teimosamente à sua espera na Muralha. Terei visto uma pontada de desapontamento no olhar de Ser Jorah quando viu Jon chegar?
Fogo, Jon Snow consegue ser tolo de todo às vezes! Mas porquê, porque é que ele se ajoelhou perante Daenerys quando ela se voluntariou a juntar-se a ele no combate contra os mortos sem lhe pedir nada? Sim, sim, acredito que o pessoal no Norte vai adorar apoiar uma Targaryen, ainda por cima Dany, cujo pai matou o pai e o irmão de Ned. Se já estão pouco felizes com a ausência de Jon e a inclinar-se para Sansa, quando descobrirem o que ele fez é que vai ser bonito. Bom, mas com o que aconteceu a Viserion nem sei se vai haver tempo para este tipo de coisa.
A cena no navio foi pura e simplesmente sobre Jon e Daenerys a comerem-se com o olhar. Pronto, vá, estou a ser má! Ela tinha acabado de perder o ‘filho’ e quase vira Jon morrer também. Ver Jon Snow de tronco nu consola nem que seja só 0,1%. E “Dany”? A sério, “Dany”? Que tirada tão pouco à Jon. E credo, menos mel, por favor.
Oh, Viserion. Onde é que os mortos-vivos foram buscar aquelas correntes? Que cena pavorosa, ver o Rei da Noite tocar no dragão e ele abrir o olhito azul! Se Westeros já teria uma vida muito complicada, agora com um dragão do lado do inimigo, o que os vai impedir de destruir a Muralha e invadir o país? Que os Deuses os acudam!
Maria Sofia Santos