Clone Club, estamos de volta e a série parece estar a regressar aos seus momentos mais felizes. Susan e Ira definem um plano para derrubar Westmoreland, mas irão necessitar da ajuda de Mud e Cosima. Krystal aparece e, no seu tom adoravelmente cómico, conta a Art e a Sarah que a DYAD anda a interferir com uma empresa de cosméticos cujos produtos são perigosos para a saúde. Kira finge estar doente para se esquivar das visitas ao laboratório da “tia” Rachel. Westmoreland é desmascarado perante a sua comunidade protetora.
Confesso que a temporada final de Orphan Black me tem desiludido. Obviamente que como qualquer membro do Clone Club, a despedida de Alison foi recebida com lágrimas, mas as restantes vertentes de história andam a chatear-me seriamente. A ciência e o mistério em torno da ilha de P.T. Westmoreland começaram a atropelar-se e, para além de causarem algumas inconsistências, parecem não se equilibrar devidamente. Numa temporada final, o propósito de tudo o que envolve a produção de clones e de toda a ética frágil desse fenómeno devia estar a encontrar um fim e não a complicar ainda mais.
Em Manacled Slim Wrists recebemos algumas conclusões interessantes ainda que nem sempre correspondam às expectativas. Qual o propósito de Cosima na ilha? Se Cosima era tão essencial para a procura de uma cura para as doenças que afetam os clones, qual é o interesse em tê-la enjaulada mesmo sabendo da verdade que rodeia os malefícios da ilha e do seu suposto líder? De que serviu Kira ter-se “armado em adulta” e rejeitar o plano de fuga da mãe se agora se apercebe que Rachel não tem as melhores intenções com o seu “suposto tratamento”? Onde anda Ferdinand? Qual é o papel de Rachel no meio desta confusão? De que doença sofria Ira para estar constantemente a ter falhas cerebrais que mais se aproximam a um problema eletrónico de um robô? Quais são verdadeiramente as intenções de P.T. Westmoreland e Virginia Coady? São ainda muitas as questões que precisam de ser melhor exploradas. Sente-se que as razões que nos dão são pouco fundamentadas. Há claramente uma delicadeza a nível argumentativo que os guionistas da série não estão a conseguir superar. Os entraves da própria ciência complexa que abordam acabam por perder força à medida que chegam constantemente novas organizações atrás de novas organizações. É um defeito criativo que, ainda que não seja totalmente deplorável ou idiota, prejudica de alguma forma a natureza de Orphan Black.
Mas nem tudo é mau. Tatiana Maslany continua a brilhar e a assegurar o seu estatuto de melhor atriz de televisão. Vamos conversar sobre a deliciosa cena de Krystal. Sarah pretendia inicialmente fazer passar-se por Krystal para conseguir convencer o CEO da empresa de cosméticos pertencente à DYAD a contar-lhe tudo o que sabia. Mas Krystal é uma mulher com convicções fortes e apressa-se a sabotar estes planos. Assim, Art e Sarah tentam fazer com que Krystal consiga ser bem sucedida na sua difícil missão. Este momento da clone mais fútil da nossa “sestra family” é absolutamente magnífico. E porquê? Porque não só traz o lado mais divertido de Maslany como a forçou a contracenar com o seu namorado na vida real: Tom Cullen. A sua química é tão genuína que o espectador não consegue arranjar motivos para não se render a ela.
Ainda que necessite de algumas melhorias, Manacled Slim Wrists é empolgante e lança a temporada para os seus capítulos finais que, mesmo não estando totalmente no seu esplendor, não deixa de ser uma viagem emocionante.
Jorge Lestre