[Séries Finale]
Chegou ao fim o mini-evento Prison Break. Passou literalmente “a correr” esta temporada. E agora já podemos fazer um balanço sem dúvidas ou esperanças de que o episódio da próxima semana nos traga ou nos leve algo mais.
Prison Break foi, provavelmente, a série que me tornou num verdadeiro seriólico. E não era pela qualidade técnica da produção. Aliás, quem critica esta temporada do ponto de vista técnico engana-se ou não está recordado se acha que as primeiras temporadas eram isentas de erros e incoerências. Não foi por aí que Prison Break convenceu. Prison Break convenceu sobretudo pelo carisma dos personagens que criou, pela relação fraternal entre os protagonistas e amigos que se foram juntando à causa, pelos sacrifícios a que os heróis da trama estavam dispostos para salvar aqueles que mais amavam. E não só de heróis viveu esta série: tivemos alguns dos melhores vilões, totalmente implacáveis e memoráveis. Seria pois natural que este revival deixasse os fãs entusiasmados. Ao contrário de muitos fãs – e não discordando que a 1.ª temporada foi sublime, a melhor de todas – eu até me coloco num restrito grupo de pessoas que gostaram da 4.ª temporada, por isso a ideia do regresso da série empolgava-me.
Por outro lado, tínhamos assistido a muitos remakes, reboots, sequelas fora de tempo e longe de ter sido bem sucedidos. E Prison Break merecia, e merece, continuar no estatuto de “série de culto”, uma série que marcou uma geração. Contudo, depois de assistir aos 9 episódios e depois de ler muitas críticas negativas, mas de notar também uma legião de antigos e novos fãs fiéis a vibrarem com este regresso, acho que esteve longe de ser a catástrofe que alguns pintam, mas não terá, com certeza, superado expectativas bem altas. Provavelmente cumpriu um propósito de deixar vontade para novos fãs de visitarem as temporadas passadas e para fãs antigos de as revisitarem. Na minha modesta opinião, este mini-evento Prison Break não beliscou em nada o que a história passada da série construiu.
Precisávamos mesmo desta temporada? Não.
Perde algo de extraordinário alguém que não assista a esta temporada? Não.
Ofereceu-nos um reencontro com personagens das quais já tínhamos saudades? Sim, ainda que algumas tenham sido algo maltratadas e tenham recebido um papel quase ridículo e pouco coerente (temos de admitir que sim!)
Conseguiu homenagear a trama inicial, mostrando, a espaços, os traços característicos de Prison Break? Sim.
Conseguiu entusiasmar-nos, por vezes, com os quebra-cabeças de Scofield e com a emoção da relação entre os irmãos? Sim.
Para mim, aquele final de 4.ª temporada, ao som da música “Lay it down slow” tinha uma carga emocional e simbolismo dramático perfeitos; era a concretização do sacrifício máximo a que Michael estava disposto e fazia todo o sentido na sequência de evolução da personagem. Elevava-o completamente a um patamar de herói, ainda que não deixasse de ser uma enorme injustiça para alguém que tinha lutado tanto. Confesso que sempre que revia aquele que para mim continua ser um dos melhores finais de séries de sempre me continuava a arrepiar. Se revir agora a cena da visita dos amigos e família à campa de Scofield e o seu discurso de despedida, talvez tenha perdido alguma da “magia” comovente que a cena tinha, mas convenhamos que Michael já merecia alguma sorte e felicidade na vida.
Deste final em concreto não há muito a dizer. Quanto a mim, teve uma primeira meia hora muito monótona, a contrastar com o episódio 8 que foi, porventura, o melhor da temporada, mas teve uns últimos 10 minutos muito bons. O significado das tatuagens de Michael… os olhos nas palmas como manobra de diversão para o verdadeiro propósito. Ter a imagem do seu opositor, a chave de acesso ao covil do inimigo gravado nas costas da mão foi a derradeira prova da genialidade de Scofield e terá sido um dos pormenores mais interessantes do episódio. Outro bom momento foi o concretizar do plano de Michael, recriando a cena que o incriminava da morte de um vice-diretor da CIA e virado as culpas para cima do verdadeiro criminoso, que foi completamente vencido neste jogo de xadrez. Xeque-mate para Michael, que mostrou ser o melhor jogador, o mais inteligente e meticuloso dos dois.
No confronto final, tivemos um novo sacrificado, desta feita o “chicote” de Michael, o seu fiel amigo Whip, que teve assim pouco tempo para partilhar com o seu pai. Escusado será dizer que esta morte, que teria o objetivo de dar alguma carga emocional ao final de temporada, não teve o impacto, nem de perto nem de longe, que a morte de Scofield teve há anos atrás, até porque não tivemos tempo suficiente para nos afeiçoarmos ao novo amigo de Michael.
A morte de Whip acendeu o desejo de vingança de T-Bag, que cumpriu assim a sua missão, a de carrasco, tendo morto a agente A&W; e já de regresso a Fox River (outra vez?… déjà vú), o palco onde tudo começou, assumiu as rédeas do descer do pano, protagonizando a última cena, a cena em que o o vilão atual é entregue às mãos do vilão de outros tempos para ele se “divertir” a acabar com a sua vida. Presumo que o tenha feito com prazer e lentamente, mas fica ao critério da nossa imaginação.
E desta vez Lincoln e Michael (Wentworth Miller e Domic Purcell, que foram o melhor deste revival) tiveram direito a final feliz!
Arrependo-me de ter assistido a estes 9 episódios? Nada. Continuo a ser um enorme fã de Prison Break? Sem dúvida!
Até sempre (parece-me que desta vez é definitivo)!
André Borrego