Prison Break: Sequel – 01×08 – Progeny
| 25 Mai, 2017

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Quando Prison Break surgiu em 2005, semana após semana, quando o episódio terminava deixava-me sempre, sem exceção, ansioso pelo próximo. Este 8.º episódio da sequela foi o primeiro deste regresso que verdadeiramente me deixou com essa sensação. Ao contrário do que vinha a acontecer, foi um episódio mais lógico, que envolveu e deu protagonismo e sentido à ação dos personagens de quem nos habituámos a gostar. Tivemos um verdadeiro jogo de xadrez, com dois jogadores de alto nível a tentarem antecipar cada jogada do seu adversário, tivemos o conectar de algumas pontas soltas, revelações que nos recordam personagens de outros tempos e que dão propósito ao aparecimento de outras nesta continuação.

Depois de Michael, Lincoln, Whip e Sucre terem sido forçados a saltar do barco prestes a ser atingido por um míssil, aguardaram num bote por ajuda. E essa ajuda chegou com o nascer do sol e levou-os até Marselha, local de paragem para Michael respirar e planear os próximos passos.

Michael distribuiu os papéis para os vários elementos do seu plano: Whip, Sucre, Lincoln (como não poderia deixar de ser) e até mesmo T-Bag estavam incluídos e todos teriam um importante papel a desempenhar. Whip tinha uma viagem a fazer até ao centro do lago Michigan para resgatar uma prova importante e para se encontrar com o seu destino e as perguntas que a sua vida havia deixado sem resposta. Sucre seria o responsável por uma manobra de diversão que iludisse Poseidon, C-Note seria parte do plano para superar a primeira ameaça e Lincoln seguiria com o irmão rumo ao centro da ação.

No primeiro episódio vimos Lincoln em apuros, de volta à má vida, e com dívidas a criminosos sem grande vontade de o perdoar. Não foi um acontecimento isolado e caído do céu, essa ponta juntou-se ao primeiro objetivo da missão: chegar a Nova Iorque e com uma ligação curiosa a uma antiga relação dos irmãos em Fox River. O criminoso a quem Lincoln devia era nem mais nem menos que o filho de um personagem marcante da primeira temporada, John Abruzzi. Em troca do pagamento que aguardava, o filho de Abruzzi garantiu a passagem do grupo para Nova Iorque. E desde esse momento que o jogo do “gato” e do “rato” entre Scofield e Jacob e os seus capangas começou, com um sinal de GPS que Poseidon pensava que o levaria até Michael mas apenas o levou a Sucre, permitindo aos irmãos chegarem sem serem notados. O jovem Abruzzi herdou o sangue fervilhante do pai e vinha pronto para ficar com o produto, o dinheiro e a vingança, mas herdou também a irracionalidade do pai e um plano rudimentarmente arquitetado por Michael, envolvendo C-Note e Sheba e bonés de DEA (brigada anti-drogas) foi o suficiente para afugentar os mafiosos (contudo, o plano era mesmo demasiado rudimentar e horas mais tarde Luca Abruzzi percebeu que tinha sido enganado, o que só o deixou mais enfurecido com os irmãos).

Neste episódio foi levantado o véu sobre o significado das novas tatuagens de Michael, que escondem sites em árabe que conduzem ao vídeo do suposto assassinato que Jacob usa para manipular Scofield. Mas o vídeo parece conter pistas que software mais avançado poderá vir a identificar e quem sabe se não revelam o verdadeiro criminoso.

Cumprido que estava o importante papel que C-Note teve desde o início da fuga até à entrada de Nova Iorque, o grupo ficou reduzido a Michael, Lincoln e a sua nova amiga colorida, Sheba.

Foi um episódio onde Poseidon cresceu também enquanto vilão, equiparando-se a Michael no campo de batalha. E quanto aos seus capangas, parece que têm motivações um tanto ou quanto distintas entre si. Mas quanto a mim, o mais interessante foi mesmo ver Michael e Jacob comandarem as suas peças, tentando antecipar cada movimento e sobreporem-se um ao outro. E o domínio e superioridade nesta perseguição foi alternando entre os dois, com um suspense fluído que nos deixava na grande maioria do tempo na dúvida do que seria uma correta previsão da próxima jogada ou a oferta de pistas, que não eram mais que um “isco” para colocar o oponente no lugar desejado. E para Michael há ainda um fator com grande peso sobre o seu plano, as suas emoções, que deturpam o seu julgamento por ter o filho e a mulher que ama completamente envolvidos.

Em Chicago, com Whip, outra revelação que vem dar sentido à presença de T-Bag na trama (apesar de não explicar a sua saída super antecipada da prisão). Scofield não escolheu Whip por acaso para alinhar nos seus planos e missões de invasão de prisões. Whip é o filho de Theodore Bagwell e tanto a herança genética como a relação com o pai podem ser um forte trunfo para as pretensões de Michael.

E que melhor final para um episódio realmente bem escrito, de certo modo surpreendente e entusiasmante? Luca Abruzzi encontrou a sua presa e disparou sem piedade sobre Lincoln. Já Jacob atraiu Michael para uma armadilha, deixando-o à mercê de A&W (a capanga de Poseidon) que também abriu fogo (ou levou ela um tiro?). Não acredito que nenhum dos dois irmãos tenha morrido, mas o que é certo é que a série conseguiu dar uma reviravolta. O recurso à descendência de personagens marcantes, quanto a mim, foi uma excelente ideia e estão criadas as condições para um grande final. E que seja mesmo um grande final, que nos faça sentir que valeu a pena!

André Borrego

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