Contingency foi um episódio que em termos de ação teve muito a acontecer, mas que não se traduziu em grandes progressos. Não foi um episódio tão empolgante quanto o anterior, mas valeu sobretudo por algumas explicações sobre os motivos da simulação da morte de Michael que tantos fãs aguardavam e receavam que pudessem nunca ser dadas.
Sara é confrontada com as últimas descobertas de T-Bag e com provas que parecem indicar que o seu atual marido não é quem diz ser, mas sim o vilão Poseidon. Pois bem, este episódio desmonta essa teoria, ou pelo menos Jacob tenta desmontá-la com alguma consistência e evidências que o fazem recuperar a confiança de Sara. Mas ficaram convencidos? Alguém com tantos contactos e influência seria bem capaz de forjar provas e não teria problemas em colocar os seus lacaios atrás das grades. Até pode não ser o cabecilha, mas mantenho a ideia de que ele não está do lado da verdade.
E depois dos oito de Fox River, temos os cinco de Ogygia. E mais uma vez têm as suas caras expostas na televisão e uma elevada recompensa prometida a quem os entregar ao Daesh. Não podendo circular nas ruas, abrigam-se numa casa abandonada para planear os passos da fuga do país. É precisamente nesse abrigo que Lincoln faz o que todos gostaríamos: confrontar Scofield, pedir um porquê. E Michael tem uma razão bem válida para ter feito o que fez que até pode encaixar naquele que foi o final break, episódio extra lançado no final da 4.ª temporada. Não tinha explicação aparente na altura, o facto de um ex-criminoso (Kellerman), de repente ter poder para exonerar um grupo de condenados e conceder-lhes a tão desejada liberdade. E pelos vistos não passou de uma ilusão. Mas pouco tempo depois alguém com mais influência e poder contactou Michael e deu-lhe a oportunidade de oferecer liberdade àqueles que amava, tendo de abdicar da sua em contrapartida. Terem prendido Sara, de acordo com a nova explicação, devido ao facto de Scofield ter negado alinhar nesta proposta sustenta esta versão. Mas, a partir do momento em que Michael passou a alinhar na proposta, porque teve ainda de planear a fuga de Sara… ou tudo isso já fazia parte da simulação da morte? (que teria ocorrido nessa fuga na sequência de um curto circuito que Michael teve de provocar para abrir a porta para a liberdade da sua mulher). Apesar de tudo, as perguntas no ar continuam a ser muitas. E a doença terminal de Scofield: terá ficado curado depois da operação da Companhia e o resto terá sido parte da encenada morte? Talvez não cheguemos a saber. O que sabemos é que Scofield “teve de morrer” e dedicar-se a invadir e evadir prisões, concretizando a fuga de presos políticos (terroristas, no fundo), peões importantes no jogo de Poseidon. Esta explicação faz algum sentido para a personalidade de Scofield, um homem altruísta que estava disposto a sacrificar-se desde a primeira hora, por amor ao irmão, a Sara e ao filho. Ficaram convencidos?
E iniciava-se o plano rumo ao exterior do Iémen. Liderados por Michael, o plano passaria por invadirem o comboio, num momento em que as atenções se concentravam no aeroporto, aeroporto esse que Lincoln continuava a considerar a sua melhor hipótese, uma vez que tinha C-Note a tratar de arranjar um avião que os tirasse do cenário de guerra. Michael sempre procurou uma via alternativa que os afastasse dos lugares mais óbvios onde os esperariam encontrar. O plano do comboio teria pernas para andar, mas num momento em que tentavam passar como operários de carga, uma ordem de um terrorista seguida de uma típica reação “à Lincoln” deitou este plano por terra e armou um circo de pancadaria. Não tiveram opção senão fugir. E quando se atravessam à frente de um comboio a chegar à estação para ficarem separados dos seus perseguidores, quem não teve um déjà vu relativo à cena bem semelhante do início da 2.ª temporada? Lincoln e Scofield encontravam-se mais uma vez no grupo da fuga, mas no seu encalce tinham um bando de terroristas em vez do guarda Brad Bellick e do detective Mahone.
De seguida abrigaram-se num hospital, mas foram seguidos por um grupo pequeno de terroristas em busca de alguma glória pessoal. Neste cenário fomos brindados com uma série de diálogos que deram maior profundidade a algumas personagens que vão ganhando destaque como Whip e Ja, Ja que é responsável por safar o grupo desta vez, recorrendo ao seu fiel amigo álcool e ao som da sua banda de eleição, Queen. No entanto, esta cena não termina sem a primeira baixa no grupo, Sid é ferido mortalmente, depois de a sua coragem ter sido fundamental por várias vezes na salvação dos companheiros de fuga.
Face à extinção de alternativas, os fugitivos rumavam agora ao aeroporto onde C-Note, Sheba e companhia aguardavam no interior de uma aeronave. Mas o piloto não quis arriscar esperar mais e tivemos outra situação nada desconhecida para os irmãos: novamente um avião, crucial para a fuga, descola bem na sua frente, deixando-os à sua mercê e com a vida bem complicada.
Depois de termos um cheirinho de 1.ª temporada nos episódios anteriores, estamos agora na fase de cheirinho da 2.ª temporada de Prison Break. O facto de se tratar de uma temporada curta resulta em mini-eventos com ação e complexidade de temporadas inteiras condensadas num só ou em poucos episódios.
André Borrego