[Contém spoilers]
Pirilampo mágico
Finalmente Outcast recuperou aquele “je ne sais quoi” da 1.ª temporada. Foi um episódio de nos manter agarrados do princípio ao fim, chegar ao final e perguntar o porquê de ter acabado tão depressa e de nos deixar ansiosos para que a próxima semana chegue depressa. Sem dúvida o melhor episódio desta temporada!
O episódio passado acabou com Kyle em maus lençóis e neste as coisas têm de piorar antes de poderem melhorar. Para todos os efeitos, para a família e amigos, Kyle está morto. Imaginam o desespero de se sentir de repente perdidos na escuridão sem uma única luz? Para além da dor da perda, deve ter sido também isso que Maggie, Anderson e companhia sentiram ao perder a esperança que Kyle trazia. Neste seguimento, achei genial a metáfora de os outcasts serem como pirilampos, pequenas luzes no meio de uma escuridão imensa.
A alucinação de Kyle com a sua mãe foi bastante interessante. Não só pelo efeito surpreendente da mãe a exorcizar a luz de Kyle, mas também realçou a força interior de Sarah para conseguir resistir durante tanto tempo à possessão demoníaca. Agora que percebemos um bocadinho mais de demónios e já vimos tanta gente a ser possuída, percebemos que a maioria, como Giles, demora uma questão de minutos a ser possuída e em algumas horas já o demónio tomou controlo completo. Sarah resistiu por dias. A mensagem que ela deixa a Kyle também é importante, dizendo-lhe que a luta dele ainda agora começou e que se quer ter alguma hipótese de vencer tem que aprender a usar melhor os seus poderes. Apesar de a parte dos poderes ser verdade, garra não falta a Kyle que, mesmo ferido, consegue arranjar forças para lutar com Sidney e com todos os demónios que lhe aparecem à frente e o estavam a privar da sua liberdade.
A relação entre Maggie e Allison foi muito importante neste episódio, pois entre as duas conseguiram reunir a força necessária para dar os primeiros passos, entrando na Team Outcast. Depois do que viu na semana passada, era quase impossível para Maggie continuar a não acreditar no sobrenatural e esta recente crença foi essencial para acrescentar a dúvida de Allison que vendo toda a gente à sua volta dizer-lhe que os demónios são reais começa a ter dificuldades em negar a sua existência.
A coragem demonstrada por Amber foi incrível. Ela adaptou-se melhor que qualquer outro a esta realidade e sendo também uma outcast o peso colocado sobre ela podia sufocá-la, mas, pelo contrário, dá-lhe alento para seguir as pegadas do pai. Não só descobriu uma nova forma de usar estes poderes, sentindo a presença de outros outcasts, como o ataque desinibido ao Dr. Park lhe valeu o prémio de MVP do episódio.
Se Kyle é a peça central desta equipa, Anderson é a cola que junta toda a gente e neste episódio esse seu papel é bem realçado. Juntando as peças para perceber que Kyle ainda poderia estar vivo e prisioneiro de Park e Sydney, tomou a liderança para o resgate. Por outro lado, a sua visita a Giles foi um catalisador para levar a mulher, Rose, a tomar uma parte ativa na luta contra os demónios – alguém estava à espera daquele headshot à queima-roupa? Selvagem! Mais ainda, a tentativa de achar respostas com as pessoas do Lighthouse é um enredo que deverá dar frutos em breve. Todas aquelas pessoas estão a recuperar – e tendo passado pelo mesmo que Giles, que agora se encontra perdido e desmotivado, penso que a ajuda deles poderá ser importante para devolver a garra ao nosso ex-chefe da polícia, mas estas pessoas também parecem estar à espera de um “Messias” para as comandar nesta guerra santa contra os demónios. Será esse “Messias”, e a pessoa a quem Dakota enviou uma sms, o pai de Kyle? Estará ele para regressar a Rome em breve (apostaria talvez para o season finale)? Para além deste “Messias” com poderes para expulsar a escuridão, o que Lighthouse também precisa é de um pregador e quem melhor que Anderson para assumir este papel?
Do lado demoníaco, os desenvolvimentos foram surpreendentes e inesperados. Sydney é obcecado pela Fusão e o seu plano era usar os poderes dos outcasts de forma a acelerar bastante o processo, para além destes também lhe estenderem a longevidade da vida na Terra. Kyle, infelizmente, conseguiu fugir, mas Sydney ainda tinha o rapaz misterioso que antes estava no hospital psiquiátrico, por isso sem problemas. Qual o seu espanto quando chega a casa e se apercebe que Aaron matou o seu maior trunfo num ataque de ciúmes infantis. A perversidade de Aaron já tinha atingido níveis para os quais a redenção seria impossível e algo me dizia que ele não chegaria a demónio logo; sendo ainda um adolescente humano não poderia ser eliminado pelos nossos heróis, sobrando assim Sydney… Jantar à moda de Hannibal Lecter está servido. E ao som de The Skyliners, “Since I Don’t Have You” termina o nosso episódio.
No próximo episódio, “Alone When It Comes”, com o número de possuídos a aumentar descontroladamente, Kyle tem que tentar colocar a sua família em segurança. Enquanto isso, Giles vai-se aperceber que mulher tem andado a recorrer a medidas desesperadas. Será que isso o fará sair da sua dormência? Até lá, cuidado com os sítios escuros!
Emanuel Candeias