[Contém spoilers]
Survivor’s guilt
Arrow, a “série mãe” do famoso Arrowverse que põe o foco no sucesso da DC ao estabelecer um dos melhores e mais alargado Universo de comics na televisão, conquista o pódio com um perfeito season finale e um dos melhores episódios da série desde sempre. Obrigado, Arrow!
De entre tantos momentos épicos é difícil escolher os melhores, mas existem alguns que se destacam quer pela carga emocional, quer pela recompensa do fechar de um longo capítulo:
- O final de Prometheus: Adrian Chase foi o arqui-inimigo imbatível para Green Arrow. Apesar de em termos de luta ter sido quase sempre vencido por Oliver, Chase termina a sua saga a estar “10 steps ahead” como esteve desde o início. A “vitória” de Oliver foi segundo os termos do vilão, sendo por isso talvez mais amarga que doce e havendo sempre algo a perder. Oliver não podia matar Prometheus sem arruinarem completamente o sentido da temporada; ao contrário de Deathstroke, se Chase ficasse vivo iria claramente um dia voltar para atacar Oliver sem hipótese de redenção e depois de um arco tão magnifico esse regresso iria saber a pouco; outra pessoa matar Chase seria uma fuga fácil e deixar-nos-ia talvez a torcer um pouco o nariz. Será que havia alguma escolha boa? Claro que sim e os produtores mostram-na neste episódio: Chase torturou Oliver até ao final e mesmo quando este escolheu não o matar definitivamente e consegue recuperar o filho; mesmo assim, Chase não o deixa ganhar e, ao suicidar-se, rouba-lhe o resto da família. O Purgatório foi transformado em Inferno. Que terrífico vilão!
- A redenção de Deathstroke: “Hey, kid…”. Só estas palavras são suficientes para despertar tão boas memórias. Slade Wilson, em grande parte devido a Manu Bennett, é indiscutivelmente um dos melhores aspetos de toda a série. Como é que o vilão mais odiável da série poderia alguma vez ajudar Oliver de forma lógica era algo que muitos não achavam possível. Sem o mirakuru no sistema, mas com todas as memórias do que fez, Slade está perante o desafio mais difícil da sua vida: perdoar-se a si próprio e seguir em frente. O modo como os produtores brincaram com a possibilidade de ele trair Oliver foi genial, tivemos direito a cenas de ação memoráveis com a personagem e também a bons momentos dramáticos com o seu antigo amigo, Oliver. O que significa esta reviravolta de Slade no futuro da série é algo que ainda temos que descobrir. Terá ele sido uma das fatalidades da explosão?
- O sacrifício de Malcolm que poderá impulsionar Thea a resolver os seus problemas e a escolher um rumo certo. Malcolm Meryln é das personagens mais antigas da série e o vilão com mais twists em todo o Arrowverse. O seu amor por Thea apesar de verdadeiro sempre foi disfuncional e muito sufocante por Malcolm querer fazer tudo à sua maneira. Balançando algumas vezes no bem e muitas outras no mal, o sacrifício da sua vida pela da filha encaixa-se na perfeição do que conhecemos da personagem. John Barrowman confirmou que a sua personagem não aparecerá na próxima temporada, mas tendo a morte do Dark Archer ocorrido fora do ecrã será que o conhecido “The Magician” poderá ter mais uma vez iludido a morte? Quanto a Thea, já longe vai a hora para ela deixar de andar à deriva e voltar a ser uma heroína. Com a morte de um pai e a mensagem de outro para proteger o seu irmão, esperemos que a próxima temporada seja um renascer das cinzas para Speedy.
- A oportunidade dada a William para o enredo da próxima temporada num possível crescimento de pai e filho. Mais uma vez o círculo é fechado e o ciclo volta ao início. Robert Queen deu a partida para todo o desenvolver que levou Oliver a sobreviver em Lian Yu, correr o mundo, voltar a Lian Yu, tentar salvar Star City e mais uma vez regressar ao “Purgatório”. O sacrifício do pai salvou o filho e os seus pecados levaram-no a lutar por ser melhor. Pai e filho voltam a estar à deriva numa ilha perdida no oceano. Terá William também direito a uma transformação epopeica?
- O telefonema entre Moira e Oliver: Numa cena tão curta, Stephen Amell e Susanna Thompson trouxeram uma carga emocional extraordinária ao episódio com um momento de reencontro perdido entre mãe e filho tão carinhoso. É uma vitória e uma alegria cuja esperança é roubada por sabermos que o futuro aguarda finais trágicos, mas mesmo assim conseguiu ser a luz de felicidade mais brilhante do episódio.
- A lendária cena de Oliver a correr por Lian Yu até ao barco de resgaste que vimos no 1.º episódio da 1.ª temporada há tanto tempo atrás. Mais do que o enredo com Kovar (que também foi bom), os flashbacks brilharam por finalmente fecharem o círculo da jornada de 5 anos no inferno de Oliver Queen. No final voltamos ao princípio e num constante crescimento temos visto Oliver a evoluir para “someone else, something else” cada vez menos quebrado por dentro e transformando o monstro do The Hood no herói Green Arrow.
Muito mais a apontar de bom neste episódio, desde o cameo de Captain Boomerang ao enredo de Artemis que ficou em aberto (sem esquecer que ficámos sem saber quem é Vigilante, passa já a ser uma das grandes dúvidas da próxima temporada). Um dos receios que tinha era que com tanta personagem e tantos elementos na Team Arrow não houvesse oportunidade de equilibrar bem a sua participação. Porém. todos eles tiveram direito a pelo menos um momento de glória e se a luta entre Talia Al Ghul vs Nyssa Al Ghul foi fenomenal, não ficou atrás de Dinah (que finalmente assume o manto de Black Canary) vs Balck Siren. Somente pelas cenas de ação é um episódio digno de rever.
Um easter egg muito cool neste episódio e que ajudou ainda mais à ligação entre os eventos dos flashbacks com o que estava a acontecer no presente foi o facto da morte de Kovar ter sido anunciada 20 minutos antes de realmente acontecer no passado! No início do episódio, enquanto Oliver, Slade e Talia estão a explorar Lian Yu passam por um esqueleto que é nada mais nada menos que o cadáver de Konstantin Kovar identificado pelo seu característico blusão. O contraste entre a escolha da vida na luta contra Chase e a escolha da morte com Kovar realça o quanto Oliver mudou e parece que finalmente dominou os seus demónios interiores.
A maldição dos finais fracos que vimos na season 3 e 4 está quebrada e a season 5 estabelece-se com uma qualidade equiparável às duas primeiras temporadas e com um cliffhanger tão monumental de certeza que estes serão quatro meses penosos de passar. Irá toda a Team Arrow sobreviver ou haverão baixas? Até lá, salvem a vossa cidade!
Nota final da temporada: 8.5
P.S.: A Wonder Woman está mesmo aí a estrear, só espero que seja um ótimo filme!
Emanuel Candeias